terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Centro de pesquisa da FAPESP com a Stellantis ajuda a orientar as decisões do grupo automotivo sobre etanol no Brasil,Agência Fapesp

 Elton Alisson  |  Agência FAPESP – A despeito de a eletrificação dos automóveis avançar no Brasil, seguindo a tendência mundial, o etanol continuará sendo uma solução barata e sustentável de combustível renovável no país. Por isso, a Stellantis tem reafirmado seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) sobre motores movidos a biocombustível, afirma Emmanuel Hédouin, gerente de pesquisa e engenharia avançada do quarto maior grupo automotivo, resultado da fusão da montadora francesa PSA com a Fiat Chrysler, no início de 2021.

“O Brasil será o país onde, provavelmente, terá mais aplicações, possibilidades técnicas e soluções para powertrain, porque o etanol vai ficar. Isso justifica a continuidade no trabalho [de pesquisa e desenvolvimento] sobre etanol”, disse Hédouin durante a Jornada de Estudos França-Brasil – Cooperação Científica no Estado de São Paulo, realizada no dia 10 de dezembro no auditório da FAPESP.

Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) Professor Urbano Ernesto Stumpf, lançado em 2014 pela FAPESP em parceria com a PSA, tem sido estratégico para orientar a pesquisa e desenvolvimento na área feita pela Stellantis, afirmou Hédouin.

“O papel do CPE é realmente ser referência e guiar as decisões sobre etanol no Brasil”, disse o executivo.

O centro reúne pesquisadores das universidades de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp) e dos institutos Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Mauá de Tecnologia (IMT), em parceria com os da empresa.

Alguns dos objetivos iniciais do CPE foram melhorar o conhecimento sobre a combustão a etanol e desenvolver competências para se tornar um polo local em ferramentas digitais e físicas para o estudo do biocombustível. Entre elas, simulações uni e tridimensionais de combustão com etanol e a utilização de motor transparente para visualizar a combustão.

“Outra expertise do centro é confirmar em um banco de testes com motores as orientações dadas pelos laboratórios, que são fundamentais”, disse Hédouin.

O centro é conectado à rede científica internacional de laboratórios do grupo, chamada StelLabs, cujo objetivo é buscar competências com universidades e gerar um fluxo de intercâmbio de conhecimento.

Os pesquisadores do CPE têm trabalhado mais estritamente em colaboração com um open lab da rede, localizado na França, especializado em estudos sobre combustíveis e powertrain.

“A rede de laboratórios está bastante centrada na Europa, mas se desenvolveu em várias regiões geográficas. Há laboratórios na China, África e nas Américas, entre outras regiões”, afirmou Hédouin.

Algumas das principais realizações do centro nestes últimos sete anos foram realizar testes coordenados empregando a última geração de motores criados pelo grupo e desenvolver um método de simulação tridimensional de dinâmica computacional de fluidos (CFD, na sigla em inglês) com etanol.

Além disso, os pesquisadores do CPE caracterizaram a combustão em motor óptico monocilíndrico com etanol e identificaram alguns fatores importantes para o surgimento de problemas de entupimento de injetores. “Os resultados têm sido muito interessantes”, avaliou Hédouin.

Alguns dos pontos positivos do projeto nestes anos destacados pelo executivo foram a oportunidade de estabelecer parcerias com universidades de excelência no Estado de São Paulo, além do alinhamento com a estratégia e a obtenção de apoio da empresa.

Outros fatores positivos foram a possibilidade de adaptar os objetivos principais no início de cada fase do projeto.

“Tudo mudou no mundo automotivo nestes sete anos de existência do centro, especialmente na parte de powertrain. Por isso, foi muito importante o apoio que tivemos da FAPESP para remanejar o escopo entre a primeira e a segunda fase do projeto”, disse Hédouin.

“Tivemos a oportunidade de adaptar a configuração do centro, mudando a coordenação para ter um lado mais aplicativo e também para deixar de lado alguns assuntos que já tinham sido tratados pela equipe de pesquisadores do grupo”, disse.

Já entre os pontos para melhorar está a necessidade de adaptar o ritmo de pesquisa das universidades com o da empresa, avaliou Hédouin.

“Teve uma agilidade às vezes não 100% suficiente das universidades, do nosso ponto de vista, mas, por outro lado, vimos que elas demonstram uma grande vontade em acompanhar o ritmo da indústria. Tem sido uma experiência muito interessante”, disse.

Responsabilidades compartilhadas

O centro foi o primeiro a ser lançado no âmbito do Programa FAPESP de Centros de Pesquisa em Engenharia/Centros de Pesquisa Aplicada, que oferece apoio para a criação em universidades ou institutos de pesquisa de centros de pesquisa em parceria com empresas.

Além dele, a FAPESP já implantou diversos CPEs em parceria com outras empresas, como Shell, Koppert, Equinor, GlaxoSmithKlein, Natura, Embrapa e IBM.

Uma das premissas dos CPEs é que a empresa participe com a FAPESP de todas as dimensões do centro, sublinhou Roberto Marcondes Cesar, coordenador do programa na FAPESP.

“A empresa parceira ajuda a definir quais são os temas de pesquisa, o financiamento e a seleção dos grupos de pesquisadores do centro. Depois, acompanha juntamente conosco o funcionamento e participa da governança e da pesquisa”, afirmou.

A FAPESP destinou até o momento R$ 237 milhões para o financiamento dos CPEs. Somado aos investimentos feitos pelas empresas e as universidades e instituições de pesquisa parceiras, o montante supera R$ 1 bilhão, estimou Cesar.


segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Como o bolsonarismo desumaniza seus seguidores, Nilton Tristão , in Diário do Litoral

 Quem não se lembra do famigerado cálculo matemático utilizado por seguidores de Jair no prelúdio da pandemia que comparava a quantidade de óbitos por Covid-19 com o total do universo populacional, justamente para minimizar a gravidade da doença? Posteriormente, o movimento adotou a tese da “gripezinha” insonsa; cerrou fileiras em objeção ao distanciamento social; relativizou as crises sanitárias em Manaus; ratificou o retardamento da aquisição de vacinas mediante a defesa de fármacos ineficazes; zombou do conhecimento científico, entre tantas outras atitudes obscurantistas, com o objetivo de respaldar a verborragia do Presidente da República. Nesse contexto, a lógica do bolsonarismo fundamenta-se na fanatização de seus membros, pela supressão do pensamento crítico e no aniquilamento do discernimento coeso. O adepto a permanecer nas fileiras do “conservadorismo messiânico” necessita romper com o mundo ilustrado e adentrar na bolha ficcional desenhada com contornos característicos da empunhadura de Josef Goebbels. São pessoas que apresentam a consciência em estado alterado, levadas ao limite de apoiar a realização de comício eleitoral improvisado na “região baiana onde inundações mataram 5 moradores e feriram 175, deixando 6.472 pessoas desalojadas e 3.744 desabrigadas”; de aplaudirem o aparelhamento e desmonte do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) - responsável por preservar e proteger as raízes da história brasileira; de legitimarem as tentativas de intimidação ao corpo técnico da agência reguladora (Anvisa) que autorizou a vacinação de crianças contra o Coronavírus. Em nome de combater a corrupção endêmica, defender a família tradicional e elevar os valores cristãos aos patamares de política governamental, se predispõem a reacender as chamas da intolerância. Uma abordagem perturbadora, oriunda de segmentos ressentidos e inaptos na compreensão do que está em jogo, uma vez que os sentimentos de empatia, generosidade, compaixão e solidariedade estão condicionados ao embate face ao diferente e canalizados ao extermínio do discordante. Assim, a dinâmica bolsonarista vem se transformando em manifestações continuadas de devoção cega, ou seja, a vontade do líder se sobrepõe a quaisquer divergências ou princípios. “Hitler acreditava mesmo em sua própria grandeza... desprezava os intelectuais, razão pela qual não atribuía sua infalibilidade ou onisciência a qualquer esforço intelectual de sua parte. A propósito, esbravejava coisas como: excessivamente instruídos, cheios de conhecimento e intelecto, mas vazios de instintos sólidos. Hitler achava que havia sido enviado para a Alemanha pela Divina Providência e que tinha uma missão a cumprir” (Walter C. Langer). Se considerarmos que Fernando Henrique Cardoso inaugurou a premissa de que a nação poderia ser gerida a partir de postulações racionais e humanizantes e visto que Lula representou a possibilidade do nordestino retirante ser alçado ao comando da pátria, Bolsonaro em 2018 significou a ascensão da precariedade cultural e sua consequente deturpação na visão relativa ao aparato burocrático. Portanto, essa doutrina consolida a categoria lastreada nos instintos primitivos em detrimento das conceituações validadas pela sapiência. Dessa maneira, a infantilização de seus discípulos através dos domínios regidos por gatilhos paranoicos equivale ao mecanismo de distorção que interfere diretamente na capacidade cognitiva, fazendo com que indivíduos outrora incorporados ao espaço das significâncias concretas sejam transmutados em seres delirantes e desprovidos de assimilação das resultâncias distópicas do guia. Esse tipo de modelo não cria monstros, apenas os desperta, tal como aconteceu com Amon Göth, o carniceiro de Plaszow, na Cracóvia.

Nilton C. Tristão
Cientista Político

Banda podre da polícia quer a cabeça de coronel; e o bolsonarismo apoia, OESP

 

Marcelo Godoy, O Estado de S.Paulo

20 de dezembro de 2021 | 10h04
Atualizado 20 de dezembro de 2021 | 10h04

Caro leitor, 

 

Era 26 de fevereiro de 2021 quando um informante do 1.º Batalhão de Ações Especiais da Polícia (Baep), de Campinas, participou de uma ação dos PMs que terminou na morte de um empresário e na tortura da mulher da vítima. Os policiais procuravam drogas. Suspeitavam que eles fossem traficantes. Diante da confusão que se seguiu, o informante se tornou uma testemunha incômoda. Temendo ser morto, procurou a Corregedoria da PM e fez um acordo de delação premiada. 

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A deputada estadual Adriana Borgo (Pros) em pronunciamento em que criticou coronel Nery na Assembleia Legislativa e disse que todo batalhão tinha seu 'p4', armas para serem usadas em ocorrências Foto: Reprodução / Alesp

Começava assim a investigação do maior escândalo da história da PM na região de Campinas, expondo a banda podre responsável por assassinatos até mesmo de inocentes, confundidos com ladrões. O informante Artur Donizetti Devecchi Junior contou que recebia dinheiro dos policiais para denunciar bandidos a dois batalhões; o 1.º Baep e o 35.º BPM/I. Diz o Ministério Público: "Durante as investigações, descobriu-se que Policiais Militares atuaram de forma organizada, com o intuito de cometerem homicídios, de forma reiterada, de civis supostamente criminosos, simulando confrontos armados". 

Uma das vítimas teve o veículo roubado, foi feita refém por bandidos e obrigada, sob ameaça, a dirigir para os criminosos enquanto praticavam roubos. O motorista de aplicativo Luciano Gomes Calonga, de 26 anos, foi sequestrado por dois ladrões. Os PMs perseguiram seu carro e, após ele bater o veículo, executaram-no com um tiro no peito pensando se tratar de um assaltante. E, depois, plantaram uma arma em suas mãos. Tudo registrado pelas interceptações telefônicas da Corregedoria. Queriam transformar o inocente em bandido e assim "salvar a situação".

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Viaturas da Polícia Militar de São Paulo; Corregedoria da PM concluiu inquérito e pediu a prisão de acusados Foto: PM-SP

Os PMs sabiam quem eram os ladrões. Eles usavam programas para invadir os telefones celulares dos criminosos e, assim, conseguiam localizá-los. Controlavam até as câmeras dos aparelhos celulares, vendo ao vivo o que estava acontecendo para montar armadilhas e matá-los. Diz o Ministério Público:  "(Nas interceptações telefônicas) os policiais comemoravam o resultado de suas ilícitas condutas, se autointitulando como 'assassinos'".

Não só.  Os policiais exigiriam propinas de traficantes, desviaram dinheiro apreendido e transportavam armas frias nos carros para fraudar ocorrências. Ao descobrirem a delação do informante, abordaram Devecchi. O Ministério Público assim descreve o que houve: "Um dos policiais alertou para o fato de ter 'caguetado' os policiais do Baep, afirmando que iria morrer como 'cagueta', na cadeia. O policial disse ao informante que ia 'entregá-lo para os irmão do Partido (PCC)' e que, se o próprio policial não o matasse, os 'irmãos do Partido' iriam matá-lo".

Quando soube do caso, o coronel Renato Nery Machado, do Comando de Policiamento do Interior-2 (Campinas),  ficou indignado. Ele, que assumira o comando em março, reuniu seus oficiais: "Eu entrei na polícia pra ser polícia não pra ser bandido (...) Vou passar a régua nos dois batalhões  (35.º Batalhão e Baep). Vou propor ao subcomandante a movimentação de vários de vocês. (...) Isso aqui não é um grupo de oficiais, é um bando. E se alguém estiver gravando, pode gravar. Manda pra deputado, pra advogado manda pra p... q... p... Isso é um bando; e esse bando criou uma quadrilha". 

Dezesseis PMs foram denunciados pela promotoria militar no dia 15 de dezembro. A lista de acusações é extensa: fraude processual, grampo clandestino, invasão telemática, porte ilegal de arma, peculato, ameaça e formação de bando armado – os homicídios ficaram com a Justiça Comum. Onze dos réus tiveram suas prisões preventivas decretadas pelo juiz Ronaldo João Roth, da Justiça Militar. E o coronel cumpriu sua promessa: afastou 52 policiais dos batalhões. 

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Imagem de vídeo da gravação do coronel Renato Nery Machado, do Comando de Policiamento do Interior-2 (Campinas), que transferiu policiais de dois batalhões após a descoberta de grupo que matava e fraudava ocorrências na região Foto: Reprodução / WhatsApp

A bronca do coronel foi gravada e um vídeo editado e com legendas se tornou alvo de políticos bolsonaristas e de parte da bancada da bala, que, em vez de elogiar o oficial, passou a defender a banda podre e os oficiais dos batalhões. Começava a guerra nas redes sociais. Bolsonaristas chamaram a bronca do coronel de "repugnante", disseram que ele estava "desgraçando a vida dos guerreiros verdadeiros". "Você (Nery) é falso moralista. Quero ver se você é 'bravão' assim com ladrão. Aliás, já matou um ladrãozinho nesses 30 anos de merda de serviço?"

O caso chegou ao plenário da Assembleia Legislativa no dia 16. Foi a deputada estadual Adriana Borgo (Pros), integrante da bancada da bala e apoiadora de Jair Bolsonaro (PL), quem subiu à tribuna para atacar o coronel. "Hoje eu não podia deixar de expressar minha indignação ao coronel Nery, que teve um problema lá na unidade com alguns policiais, que não se sabe quais, uma caguetagem de um sem-vergonha, de um porcaria de um mala (malandro), e começou o inferno astral na vida dos policiais." 

O "mala", o "sem-vergonha", nas palavras da deputada, era o colaborador da Justiça ameaçado de morte pelos PMs que querem entregá-lo ao PCC. E os homens que vivem um "inferno astral", os policiais denunciados pela promotoria com prisão decretada pela Justiça Militar. A deputada não se limitou em pôr a vítima no papel de acusado e vice-versa. "Não seja covarde (coronel) e transfira quem o senhor acha que tem relação com isso. São famílias que o senhor está punindo para dar uma resposta a essa imprensa imunda que nunca fala a verdade." 

Adriana foi mais longe. Ao defender os oficiais afastados porque não fiscalizaram seus subordinados, afirmou: "E digo mais: isso é muito comum em todas as unidades. Qual é o comandante de verdade que foi da rua que não tem um 'p4' guardado? Vai me dizer que a Rota não tem um 'p4', que o Choque não tem? Que os batalhões não têm 'p4'? Pra quem não sabe o que é 'p4', são armamentos apreendidos, que na hora certa são apresentados. É muito comandante atrás de mesinha e não sabe nada de rua. Então quando acontece uma ocorrência vai pro lado da mídia, quer se respaldar para garantir suas estrelas e não presta atenção na polícia. Roupa suja se lava em casa. Vou divulgar o seu áudio (coronel)". 

Para a deputada, que já pediu a Bolsonaro que decretasse intervenção federal em São Paulo contra o governador João Doria (PSDB), todo batalhão da PM guarda armas ilícitas para fraudar ocorrências, e o coronel seria um hipócrita e injusto por cobrar seus subordinados. A reação judicial e na PM foi imediata. "Na Justiça Militar, há várias condenações criminais de policiais militares surpreendidos com armas e ou drogas depositadas nos armários individuais nos quartéis, ou até mesmo transportadas ilegalmente em viaturas policiais", afirmou à coluna o juiz Roth. 

A associação Defenda PM soltou uma nota de repúdio ao pronunciamento da deputada. "É lamentável, mas compreensível que haja candidatos que fazem o diabo para ganhar eleições com ilações e narrativas que destroem reputações, distorcem realidades, ocultam verdades, enganam, difamam, caluniam ou fazem generalizações abjetas", escreveu o presidente da associação, coronel Luiz Gustavo Toaldo Pistori. O coronel sabe o que diz. Este é o segundo caso em que a delinquência fardada flagrada pela Corregedoria da PM e pelo Comando da PM é alvo da defesa de bolsonaristas.

O coronel Nery mostrou à tropa que o "bumbo bate no pé direito". E, se ela espelha o seu comandante, é melhor para a população que esse espelho tenha a voz e o rosto de coronéis como o de Campinas, pois o oficial de um batalhão é responsável por tudo o que acontece em seu quartel. Pelo que sabe e pelo que não sabe. Ele é responsável pela higidez moral e física de seus homens. Ninguém deseja a indolência e a anomia que tornam natural esconder armas e drogas nas unidades da PM para arredondar ocorrências. O que dizer da entrega de colaboradores da Justiça aos "irmãos" do PCC? Matar inocentes e assassinar a reputação da vítima – fazer do motorista de Uber um criminoso – não é um problema de inferno astral. Nem a opção de ser bandido está escrito nas estrelas. 

Marcelo Godoy

Marcelo Godoy

Repórter especial

Jornalista formado em 1991, está no Estadão desde 1998. As relações entre o poder Civil e o poder Militar estão na ordem do dia desse repórter, desde que escreveu o livro A Casa da Vovó, prêmios Jabuti (2015) e Sérgio Buarque de Holanda, da Biblioteca Nacional (2015).