terça-feira, 14 de março de 2017

gene dos políticos, por Luiz Carlos Azedo (definitivo)




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A política é velha no Brasil não somente pelos costumes, mas também pela falta de renovação de suas lideranças
O gene egoísta, de Richard Dalkin, publicado em 1976, é uma síntese dos estudos sobre o surgimento e a diversidade das espécies, cujo ponto alto é análise do comportamento dos indivíduos. A tese central é de que somos uma máquina de sobrevivência de um gene egoísta perpetuador da espécie. Apesar da importância dos grupos e organismos (arranjos biológicos), o gene é que comanda. O altruísmo é apenas uma estratégia de sobrevivência: os organismos interagem entre si e com o mundo inanimado, e assim alteram seu ambiente e promovem a propagação de genes presentes em outros corpos.
As delações premiadas da Odebrecht revelaram no Congresso o gene egoísta de deputados e senadores. O melhor exemplo de gene egoísta é o comportamento do cuco, que não faz ninho nem toma conta das crias. Em vez disso, procura o ninho de outra ave. O cuco espera que esta se afaste do ninho. Quando tal acontece, retira um dos ovos e coloca o seu. O ovo é semelhante aos outros em cor e tamanho, para que o truque não seja percebido. A cria do cuco é a primeira a nascer; a ave enganada não nota a diferença e alimenta-a como se fosse sua. É aí que o filhote de cuco mostra sua genética: lança os ovos da outra espécie para fora do ninho para se livrar da concorrência e ser o único a receber comida.
É mais ou menos essa a operação em curso no Congresso. Parlamentares de todos os partidos discutem uma estratégia comum de salvação dos mandatos. Há um consenso de que as delações premiadas, diante do número de políticos envolvidos com o caixa dois da Odebrecht, ameaçam a sobrevivência da elite política do Congresso e podem implodir o sistema partidário. Não se trata apenas da criminalização do caixa dois. O desgaste político que pode inviabilizar a sobrevivência eleitoral dos citados, ainda que consigam se safar ou empurrar com a barriga os processos da Lava-Jato. Trata-se, isso sim, de garantir a própria sobrevivência eleitoral.
Por uma dessas ironias da política, o relator da comissão especial da reforma política na Câmara é o deputado Vicente Cândido (PT-SP). Sua indicação é resultado de um acordo feito entre a bancada do PT e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por ocasião de sua primeira eleição. Para os deputados enrolados na Operação Lava-Jato, o petista é o cara certo, no lugar certo e na hora certa. Por uma simples razão, o PT sempre defendeu o financiamento público de campanha e o voto em lista. Ninguém poderá acusá-lo de adotar um expediente para se safar das delações premiadas.
Mas é disso que se trata, quando os demais partidos começam a aceitar a proposta. Diante do tremendo desgaste causado pela Lava-Jato, o voto em lista é como o ninho invadido pelo cuco. Essa pode ser a única possibilidade de os políticos que controlam os grandes partidos assegurarem a sobrevivência eleitoral. O eleitor vota numa lista, na qual são eleitos os primeiros da fila, na proporção da votação de cada partido. Atualmente, são eleitos os mais votados de cada chapa, embora a proporcionalidade também exista. Assim, seria possível o político queimado viabilizar sua eleição com base na votação da sua lista partidária, dependendo da posição que nela ocupe e do número de vagas conquistadas pela legenda. Com certeza, vai tomar o lugar de alguém com a ficha limpa, como aquele filhote de cuco que não admite concorrência no ninho.
Reforma política
O presidente Michel Temer entrou de cabeça na operação para salvar a elite do Congresso. Amanhã, vai discutir a reforma política e o financiamento de campanhas eleitorais com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia; do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE); e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, de quem partiu a iniciativa. O financiamento público de campanha, testado nas eleições municipais, impediu o financiamento de empresas, mas não a existência de caixa dois; além disso, criou uma situação que favorece candidatos apoiados por organizações religiosas e meios de comunicação. O ministro Gilmar é a favor do financiamento privado, votou contra o financiamento público no Supremo Tribunal Federal (STF).
O fato concreto, porém, é que a discussão não ocorre motivada pela necessidade de renovação política. Pelo contrário, a articulação tem um caráter regressivo. Seu objetivo é exatamente o contrário: bloquear o surgimento de uma nova elite parlamentar. A política é velha no Brasil não somente pelos costumes, mas também pela falta de renovação de suas lideranças. Talvez a reeleição tenha empurrado a fila para trás. Uma simples comparação com os principais líderes mundiais torna evidente a necessidade do surgimento de uma nova geração de políticos. Há muitos jovens parlamentares no Congresso, mas a maioria foi catapultada pelas respectivas oligarquias, basta conferir os sobrenomes.

13.03.17 | Um terço da produção mundial de alimentos vai para o lixo - Procel




Fonte: Procel Info - 13.03.2017

São Paulo - “É preciso deixar de ser energívoro”, alertou José Rogelio Medela, diretor adjunto do Departamento de Meio Ambiente (DMA) da Fiesp. A afirmação foi feita na abertura do I Simpósio Nacional de Eficiência Energética e Sustentabilidade para Conservação de Alimentos, realizado no último dia 8 de março, e voltado especificamente ao setor alimentício com ênfase para a eficiência energética e sustentabilidade, fundamentais para as boas práticas na conservação de alimentos. Esses pilares na área supermercadista, e também nos locais que ofertam alimentação fora do lar, são essenciais para a redução do custo e preservação do meio ambiente.

Para Mario Hirose, também diretor adjunto do DMA, os temas tratados no Simpósio são transversais, envolvendo inclusive logística, quando se trata do desperdício ocorrido desde a produção até o transporte do alimento pela percepção que se tem de abundância. “Por isso, devemos perseguir a eficiência. Pois quem paga a conta somos todos nós”, disse.

O primeiro painel ficou a cargo de Rodolfo Pinheiro da Silva, engenheiro e professor Escola Senai Jorge Mahfuz, cuja unidade é vocacionada ao tema com três núcleos, um de energia, outro de eficiência energética e um terceiro dedicado a energias renováveis. “A eficiência energética está baseada no tripé custo de energia (estou contratado energia da forma correta?), consumo (o equipamento utilizado é o mais eficiente?) e uso (o equipamento só funciona realmente quando é preciso?). “De 2013 a 2016 houve acréscimo de 59% no valor da energia com impacto nos negócios”, afirmou.

Ao detalhar a composição de uma conta de luz e as bandeiras tarifárias que são estipuladas pelo governo, Silva explicou como se dão acréscimos pontuais elevando o valor a ser pago. Com programação racional de algumas tarefas industriais, que podem ser realizadas fora do horário de pico, é possível obter economia. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) define que durante três horas consecutivas diárias, a energia será mais cara em função da demanda, o chamado horário de ponta que, pela AES Eletropaulo é das 17h30 às 20h30. Outro ponto assinalado é a demanda contratada, por exemplo, se o contratado foi 100 kW e o limite for ultrapassado, a diferença será cobrada em dobro. “Às vezes se paga por uma demanda que não se utilizou e aí é preciso avaliar a demanda contratada versus a utilizada”, explicou.

Nas gôndolas 

Portanto, para o setor alimentício, há diversas formas de economia, desde se utilizar a climatização apenas no momento necessário, o que pode ser resolvido com uma programação mais eficiente de uso e o auxílio de um temporizador. A mesma atenção se deve dar a um projeto de adequação de iluminação de gôndolas e demais prateleiras, pois há lâmpadas mais caras e que consomem menos energia, mas que distorcem a cor do produto, dando-lhe uma aparência envelhecida. Portanto, “se não for atacado o tripé citado, custo de energia, uso e consumo, não se está sendo eficiente”, concluiu.

Na sequência, o foco do debate foi a tendência para a conservação de alimentos com qualidade e redução de custos – Panorama Europeu e Americano com Sandra Mian, doutora em engenharia de alimentos, especialista na conservação de alimentos no que diz respeito à tecnologia do frio, autora de estudos sobre tendências mundiais – Canadá, Europa, Brasil –, e há mais de 20 anos estudando mercados internacionais.

O primeiro alerta da especialista foi sobre o impacto causado ao planeta pela alimentação e o paradoxo registrado: 868 milhões de pessoas estão desnutridas, no mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), e 1,5 bilhão sofre com excesso de peso. Por ano, morrem 36 milhões por falta de comida e 29 milhões por excesso. E “e se hoje estamos consumindo 1,5 planeta Terra, em 2050 deveremos consumir três”, afirmou.

Segundo a especialista, “há um forte custo ambiental, além do humanitário. O que se desperdiça por dia é 2 mil kilocalorias/dia, ou seja, o que daria para se alimentar outra pessoa. Em termos de desperdício, a perda de alimentos também envolve o desperdício de 60 m3 de água e 832m2 de terra arável. Ou seja, 1/3 da produção vai para o lixo: 45% das raízes, tubérculos, legumes, frutas e verduras se perdem, 35% dos pescados e frutos do mar, 20% de todas as carnes, 30% dos cereais, 20% dos grãos e lácteos. Os grandes problemas? Transporte, distribuição e processamento, etapas que envolvem fortemente refrigeração, em sua avaliação.

Novos comportamentos

Mian também sinalizou questões comportamentais. Há uma tendência positiva protagonizada pelas novas gerações. Em termos históricos, temos a geração silenciosa, nascida entre a I e II Guerras Mundiais; os baby boomers (1946-1964), pós-guerra; X ou yuppies (1965-1976); geração Y ou millennials (1980-1990), sendo sucedida pela geração Z.

Os millennials têm preocupação com o desperdício relacionado aos alimentos e à água. São influenciados e influenciam família e amigos quanto aos hábitos de consumo, buscando opções mais saudáveis, atentos às informações nutricionais, pois querem saber a origem e o processamento do alimento e muitos deles se referem a si mesmos como foodies. São multiculturais e globais, ativos nas redes sociais para compartilhar histórias sobre alimentação, e preferem comidas feitas em casa, não são fãs de micro-ondas, e quanto mais fresco o alimento, melhor. Esse comportamento levou ao aumento do consumo de frutas, verduras e legumes no Canadá, por exemplo.

Essa geração está mais predisposta a pagar a mais por uma comida mais natural e orgânica, minimamente processada e bem fresca, o que leva mais uma vez à importância da refrigeração. Nesse sentido, comida também é experiência, o que gera impacto no marketing experiencial. E crescem muitos hábitos vegetarianos e veganos para essa geração millennials. O maior crescimento se dá no Brasil de acordo com Mian, porque a alimentação precisa ser saudável não somente para si, mas para todo o planeta e, em termos éticos, inclusive para os animais.

Para finalizar, Mian sinalizou a importância de uma etiqueta “limpa”, em função da presença de aditivos e conservantes, e de se manter o foco em tecnologia de ponta. Uma das saídas encontradas no Canadá foi o contrato estabelecido entre consumidores e produtores, uma cadeia curta que permite a quem produz trabalhar com qualidade e, quem recebe a produção, ter a certeza de estar adquirindo um produto saudável.

Um terceiro painel tratou da automação em supermercados com Felipe Assumpção (engenheiro da Full Galge Control). E, para encerrar, como gerenciar a energia na conservação de alimentos por Alexander Dabkiewicz (gerente da ACS) com foco nos processos e sistemas, além da apresentação de cases de supermercados.

* Com informações da Fiesp

segunda-feira, 13 de março de 2017

Emílio diz a Moro que Odebrecht paga caixa 2 desde a época de seu pai, OESP


Emílio Odebrecht prestou depoimento a Moro, juiz da Lava Jato. Foto: Paulo Giandalia/Estadão
O empresário Emílio Odebrecht, patriarca do grupo, afirmou nesta segunda-feira, 13, ao juiz federal Sérgio Moro, dos processos da Operação Lava Jato, em Curitiba, que os pagamentos não contabilizados, o caixa 2, existem e reinaram desde seu antepassado no Brasil. Ele depôs como testemunha de defesa do filho Marcelo Bahia Odebrecht, que está preso desde 19 de junho de 2015.
“Isso (caixa 2) sempre foi o modelo reinante no País e que veio até recentemente. Porque houve o impedimento e foi a partir de 2014 e 2015. Mas até então, sempre existiu, desde a minha época, da época do meu pai, da minha época e também de Marcelo, de todos aqueles que foram executivos do grupo”, afirmou Emílio.
Os depoimentos de Emílio Odebrecht e do ex-executivo do grupo Márcio Faria, que fizeram delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR), foram colocados sob sigilo, por Moro, a pedido da defesa. O Estadão teve acesso aos vídeos.
Emílio falou a Moro por videoconferência, da Justiça Federal, em São Paulo. Ele negou corrupção na Petrobrás e argumentou que não foi o filho, Marcelo, o responsável pelos pagamentos não contabilizados da empresa.
“O senhor tinha conhecimentos de pagamentos não contabilizados pela Norberto Odebrecht?”, questionou a defesa de Marcelo.
“Sim. Sabia que existia, exatamente uso de recursos não contabilizados”, respondeu Emílio.
O advogado questionou se a “sistemática de pagamentos de recursos não contabilizados” da Odebrecht foi criada pelo presidente afastado do grupo Marcelo Odebrecht, que é réu no processo.
“Não, em hipótese nenhuma.”
Nessa ação penal, o herdeiro do grupo é réu por pagar propinas para o PT via ex-ministro Antonio Palocci.
Emílio lembrou que em sua época à frente do comando da Odebrecht, antes de Marcelo, já se pagava caixa 2 e que dois executivos do grupo eram os homens de sua confiança responsáveis por esses pagamentos. “Um falecido e outro com alzheimer.”


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