terça-feira, 7 de março de 2017

Com dois anos de recessão, PIB brasileiro encolhe 7,2%, OESP




Economia recuou 3,6% no ano passado, completando a maior recessão desde 1930, e PIB do País voltou ao mesmo nível de 2010


O Estado de S.Paulo
07 Março 2017 | 09h01

Foto: Estadão
PIB
Economia cai pelo segundo ano
A economia brasileira encolheu pelo segundo ano consecutivo em 2016, confirmando a pior recessão desde 1930. O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas, caiu 3,6% no ano passado, segundo divulgou o IBGE nesta terça-feira, 7. Com dois anos de recessão, o PIB brasileiro acumula retração de 7,2%.
Pelos dados do IBGE, é a maior retração desde 1948, mas séries históricas mais antigas, como as do Ipea, apontam para a maior recessão desde 1930, quando o mundo vivia a Grande Depressão, provocada pela quebra da Bolsa da Nova York.
O resultado veio um pouco abaixo do recuo de 2015, de 3,8%, e dentro das expectativas dos analistas. O tombo foi generalizado entre todas as atividades econômicas, com a agropecuária liderando os recuos (-6,6%), seguida pela indústria (-3,8%) e serviços (-2,7%).
A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, relutou em afirmar que se trata da pior recessão da história, por causa da falta de dados sobre antes de 1948. Ainda conforme os cálculos do IBGE, o PIB encerrou 2016 no mesmo nível do terceiro trimestre de 2010. "É meio como se estivesse anulando 2011, 2012, 2013, 2014, que tinham sido positivos", afirmou Rebeca.

PIB 2016: Sete atividades registraram queda e apenas uma teve alta


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Empobrecimento. "A população empobreceu", afirmou Rebeca ao analisar a divisão do PIB pelo número de habitantes, o PIB per capita. De 2014 a 2016, o PIB per capita caiu 9,1%. No mesmo período, a população cresceu 0,9% ao ano. A queda de 9,1% é "bastante relevante", de acordo com a pesquisadora. "Nos três últimos anos, como a população continua crescendo, a queda do PIB per capita amplificou. O bolo encolheu e a quantidade de pessoas aumentou. Tem que colocar muita água no feijão."
No quarto trimestre, a queda do PIB foi de 0,9% em relação aos três meses anteriores, a oitava nesta comparação. Nesta análise, a agropecuária cresceu 1%, enquanto a indústria (-0,7%) e os serviços (-0,8%) recuaram.



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Brasil tem segundo ano consecutivo de recessão
Depois de dois anos de contração do PIB, os analistas afirmam que já há sinais de melhora, como a queda da inflação e juros, e o crescimento da confiança de consumidores e empresários. Mas a indicação é que a recuperação ainda será frágil diante da alta taxa de desemprego, que compromete  a retomada do consumo, um dos motores do crescimento nos últimos anos.
Pelos dados do PIB, o consumo das famílias caiu 4,2% em relação a 2015, enquanto a despesa do governo caiu 0,6%. 

PIB
Infográficos/Estadão
Os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), caíram 10,2%, o terceiro recuo seguido. O dado é olhado pelos economistas para medir a capacidade da economia de crescer.
Apesar do tombo generalizado entre todas as atividades, as exportações mostraram alta de 1,9%, impedindo um declínio maior do PIB.
O governo tem adotado o discurso de que o PIB vai mostrar crescimento já no primeiro trimestre deste ano. De acordo com as projeções dos analistas ouvido pelo Banco Central, a economia deve ter alta de 0,49% em 2017 e de 2,39% em 2018.
Em 2015, o quadro já fora ruim, quando houve declínio de 3,8%. Em 2014, o PIB cresceu apenas 0,5% - dado revisado após taxa positiva original de 0,10%.

PIB
Infográficos/Estadão
(Daniela Amorim, Fernanda Nunes, Mariana Sallowicz, Vinicius Neder, André Ítalo Rocha, Lorenna Rodrigues e Fernando Nakagawa)

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Codesp altera modo de cobrança da energia elétrica no cais santista, A Tribuna

Novos valores serão definidos em 90 dias. Docas irá instalar medidores nos terminais

15/12/2016 - 15:49 - Atualizado em 15/12/2016 - 16:25
As tarifas de energia elétrica no Porto de Santos foram alteradas e os novos valores serão definidos em 90 dias. O prazo foi estabelecido pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária). Nesse período, haverá a troca de medidores das instalações. 
Dos 23 mil kW consumidos em média pelo Porto, a Usina Hidrelétrica de Itatinga, de propriedade da Docas e que fica em Bertioga, é responsável por 15 mil kW. Os outros 8 mil kW são obtidos junto às concessionárias de energia. Na Margem Direita (Santos), o complemento vem da CPFL, enquanto na Margem Esquerda (Guarujá e Área Continental de Santos), da CPFL e da Elektro.
De propriedade da Codesp, Usina de Itatinga fornece 15 mil Kw dos 23 mil Kw consumidos pelo Porto
(Foto: Rogério Soares)
Antes, a Docas cobrava uma tarifa de R$ 0,33 para alta tensão e R$ 0,49 para baixa tensão por kW/hora dos terminais. Segundo a estatal, estes recursos são insuficientes para bancar os custos de energia. 
A companhia ainda argumenta que os valores pagos pelos terminais são fixos e não levam em conta a estrutura tarifária do setor elétrico, que varia de acordo com a demanda contratada. As tarifas também mudam sazonalmente, conforme o clima. Essa variação dá origem às bandeiras verde, amarela e vermelha. 
No período de transição, iniciado no último dia 1º e que vai durar 90 dias, a Codesp cobrará uma média de R$ 0,40 por kW/hora (impostos já incluídos). Nesta fase, serão instalados, pela Docas, os medidores capazes de aferir o consumo de energia. 
Nesses 90 dias, os terminais estarão isentos de cobranças por consumo excessivo de energia reativa e pela ultrapassagem de demanda, itens cobrados pelas concessionárias. No fim desse prazo, eles passarão a pagar R$ 0,08 por kW/hora à Codesp, além dos valores integrais cobrados pelas concessionárias - cifras que serão definidas. 
Para o diretor-presidente da Docas, José Alex Oliva, a cobrança será equilibrada. “A tarifa de energia elétrica do Porto de Santos está congelada há duas décadas. A Codesp estava entregando a energia com subsídio, o que gerou somente neste ano, até setembro, um déficit de quase R$ 30 milhões”, afirmou. 

Ciro vê junho como mês-chave para definir chances de vitória, FSP (2002)

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CONVENÇÃO FRENTE TRABALHISTA

Preocupado com estigma de outsider, presidenciável aposta na exposição de TV para superar quarto lugar


DA REPORTAGEM LOCAL 

Mais do que o mês da oficialização da candidatura de Ciro Gomes (PPS) à Presidência da República, junho representa um marco nas pretensões do ex-ministro de ocupar a cadeira de Fernando Henrique Cardoso.
Após o final da Copa do Mundo e, sobretudo, depois de os horários partidários do PPS, PDT e PTB irem ao ar, acabam as desculpas sobre desvios provocados no nível de atenção do eleitor e sobre a falta de tempo na televisão.
Por essas razões, ""E se não crescer?" é agora a pergunta que mais incomoda integrantes da Frente Trabalhista que apóia a candidatura do ex-ministro da Fazenda.
Hoje com 11% das intenções de voto, conforme o Datafolha, Ciro tem dito que precisa chegar ao horário eleitoral com 15% nas pesquisas para manter a competitividade de sua candidatura. Avalia também que, se conseguir atingir os 23%, será o adversário de Lula no segundo turno.
Na tentativa de contornar a pouca visibilidade, adotou uma "tática de guerrilha", dividindo-se entre palestras para estudantes e empresários por todo o país. Fez o possível para conquistar a confiança do "establishment" e superar o estigma de "outsider" e de ser uma espécie de ""novo Collor", como detesta ser chamado.
Enquanto esperam por uma posição menos incômoda que o atual quarto lugar, seus partidários tentam manter o otimismo, listando dificuldades já superadas. Hoje os partidos festejam a candidatura que será homologada amanhã, na cidade natal de Ciro, Pindamonhangaba (SP). A escolha visa reforçar a origem paulista do presidenciável. Cerca de 8.000 pessoas são esperadas.
Determinado a suceder FHC, Ciro condicionou sua permanência na disputa à conquista de apoios que lhe garantissem estrutura partidária, mas, mais do que isso, aparições na TV superiores aos cerca de 30 segundos a que teria direito se permanecesse apenas com o nanico PPS.
Com esse objetivo, em 1999, foram iniciadas as conversas com o PTB. O passado recente da sigla, de imagem associada ao adesismo incondicional ao governo, provocou dúvidas sobre a durabilidade de uma eventual aliança.

Flerte
"Terrorismo", sentenciava Ciro sobre as previsões pessimistas. E foram não só ofertas de cargos por parte do governo federal, como também flertes intermináveis com Fernando Henrique, a quem a legenda chegou a oferecer um jantar no ano passado.
Uma reunião para desarmar espíritos e abrir caminhos para ""negociações" no Congresso, segundo definição dada à época pelo presidente da legenda, o deputado federal José Carlos Martinez.
Além de mais espaço na mídia, o partido deu ao ex-ministro os recursos financeiros que lhe faltavam. Pesquisas, alguns gastos com viagens e até a disponibilidade do jatinho de Martinez passaram a ser oferecidos pelo PTB.
Às negociações com o partido de Martinez, somou-se, no final de 2000, a aproximação com o PDT do ex-governador Leonel Brizola. Era o início da idéia de uma frente que daria à candidatura Ciro o verniz ideológico do trabalhismo de Getúlio Vargas, um dos ídolos do presidenciável.
Brizola, no entanto, acabou assumindo o papel do imponderável nos primeiros tempos de vida da aliança. Prometeu ficar, foi embora, ameaçou voltar, namorou Itamar Franco (PMDB), retornou cabisbaixo, mas não deixou nunca de criar problemas.

Rio Grande do Sul
O último deles, o lançamento da pré-candidatura de seu maior inimigo, o ex-governador Antônio Britto (PPS), ao governo do Rio Grande do Sul. Protestou, voltou a falar em ruptura, e por fim acabou mesmo ficando, até por não ter mais para onde ir. Mas problemática mesmo foi a atuação do PPS de Ciro e do senador Roberto Freire, maior desarticulador da aliança que pretende pela primeira vez levar o antigo PCB (Partido Comunista Brasileiro) ao poder.
Amigo de FHC a ponto de despertar uma espécie de ciúmes até no PTB, Freire contestou a aproximação entre a frente e o PFL em um momento em que até uma coligação formal entre as duas legendas chegou a ser cogitada.
Contrariando promessas feitas aos colegas de aliança, reclamou em público dos pefelistas e teve sua permanência no comando da campanha ameaçada. Também acabou permanecendo em seu posto, mas hoje, depois de tantos desencontros, foi isolado pelos demais partidos da coligação. E, embora controle sua legenda, quase não comparece mais às reuniões entre os coordenadores.
(PATRICIA ZORZAN)


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