segunda-feira, 25 de julho de 2016

ENTREVISTA: Felix Martin, economista ENTREVISTA TONY BLAIR 'Bancos deveriam ter uma função limitada’ OESP

Foto: Vice.com
Felix Martin, economista
‘Minha geração acreditava que o mercado ia se encarregar das coisas’, diz Martin
A economia sempre ocupa lugar de destaque na campanha presidencial norte-americana. Mas, em 2016, foi o dinheiro que ocupou esse lugar. A surpreendente campanha do senador democrata Bernie Sanders foi apoiada no papel do dinheiro na política. E a campanha de Donald Trump, cuja plataforma aparenta ser mistério para o próprio candidato, fez farto uso de referências ao poder do dinheiro. Com a escolha do Senador Tim Kaine, do Estado da Virginia, para vice de Hillary Clinton, a discussão continua. Kaine, um centrista, é defensor do relaxamento da regulação de bancos, um assunto tabu para a esquerda nesta campanha presidencial incomum que, é, em parte, consequência do crash de 2008.
Um best-seller britânico chega ao Brasil em boa hora:Dinheiro, Uma Biografia Não Autorizada, publicado pela Companhia das Letras,retraça a cronologia da invenção do dinheiro com elegância narrativa e fartura de história cultural. O autor, o economista Felix Martin, é um gestor de fundos, graduado em estudos clássicos e ex-funcionário do Banco Mundial. Martin argumenta que a compreensão equivocada sobre o que é o dinheiro e seu papel social impede os países de enfrentar crises como a do crash de 2008. O livro abre com a crônica da visita do aventureiro norte-americano William Furness à pequena ilha Yap, na Micronésia, em 1903. Furness descobriu que a moeda local – Fei – consistia em blocos de pedra gigantes. O enorme Fei de uma família tinha caído no mar durante uma viagem de navio e, anos depois, continuava a ser usado para trocas sem comprometer a confiança no crédito da família.
Publicidade
O relato de Furness foi publicado em 1910 e um jovem economista foi encarregado de fazer a resenha no então prestigiado Economic Journal. O nome dele era John Maynard Keynes. O economista que tanto influenciou a teoria monetária no último século ficou fascinado com a ideia de um povo isolado ter uma compreensão tão sofisticada da abstração representada pelo dinheiro.
Martin conversou com o Estado de sua casa em Londres.
Por que o sr. escolheu a história da ilha da Micronésia para ilustrar o engano sobre o que é o dinheiro?
A narrativa dominante ocidental entende que o dinheiro é uma commodity. No começo, havia só escambo. Eu lhe entrego peixe, você me entrega pão. Depois, decidiu-se que era melhor haver um meio de troca que não fosse o objeto desejado, o dinheiro. Com o começo de empréstimos, inventou-se o crédito. Mais tarde, vieram os bancos, instituições baseadas em construir a superestrutura para a ideia do dinheiro. Essa é a história convencional, é como a maioria, inclusive economistas, pensa no dinheiro – como se ter dinheiro na carteira fosse o mesmo que possuir um carro. A outra tradição é quase o oposto: considera que a característica determinante é a relação de crédito, como na ilha da Micronésia. O dinheiro não é uma coisa, e sim um relacionamento entre pessoas e instituições. O que importa, nesta versão, é qual a unidade de valor e quem a decide.
Tomando o real como exemplo, qual a diferença entre essas duas versões?
Na primeira versão, se você pergunta o que é um real, não faz muito sentido. Mas se você considera o real um incremento arbitrário de uma escala de valor arbitrária, quem decide, quem regula? A questão é importante hoje em sociedades financeiramente complexas, com relações de crédito em grande escala entre instituições e países. Se o dinheiro é só crédito, temos de determinar quanto crédito pode ser criado. Os sistemas monetários modernos são híbridos, parcialmente alimentados pelo governo ou um banco central, com metas de inflação e suprimento de moeda. Mas a vasta maioria do dinheiro circulando está em contas de bancos comerciais que são a outra parte do sistema híbrido, é onde a maior parte do dinheiro é criada numa economia. Uma das grandes tensões do sistema monetário moderno é sobre o quanto o controle indireto do governo funciona. Assim, temos ciclos de booms e crashes.
Parte da sua investigação no livro não é sobre o crescimento da desigualdade?
Apenas uma parte. Hoje há uma suspeita crescente de que o sistema monetário conduz à distribuição desigual de riqueza. Uma resposta é que o sistema monetário pesa na redistribuição desigual ao tirar ênfase da atividade produtiva. Na ciência econômica convencional, um papel do sistema bancário não é criar dinheiro, mas selecionar investimentos pelo mérito produtivo e usar o suprimento de dinheiro existente.
Por que o sr. defende uma repartição do sistema bancário?
A ideia não é original. Foi defendida em Chicago, nos anos 30, e depois ressuscitada por Milton Friedman nos anos 1960. Bancos são instituições difíceis de regular. Os críticos dos crashes como o de 2008 argumentam que é preciso regular ainda mais. Como aconteceu na lei norte-americana Dodd-Frank, uma reação a 2008, as leis vão ficando mais longas e complicadas e a indústria, em seguida, inventa outro produto financeiro para escapar ao regulamento novo. Sou a favor de mudar a estrutura da indústria, regular o mínimo – o conceito de banco limitado forneceria serviços de pagamentos e os ativos teriam de ficar confinados a mecanismos sem risco e letras de curto prazo. A ideia desse tipo de banco é eliminar os problemas criados por uma mesma instituição - comportar ativos líquidos de um lado, com ativos ilíquidos em outras atividades. O que proponho oferece plena oportunidade de ganhar dinheiro com instituições que vendam outros produtos. Só defendo que o risco seja assumido por quem quer explorar outros produtos financeiros.
O livro cita o movimento Occupy. O que restou, a seu ver, daqueles protestos?
Agora a situação está ainda mais interessante, com o Brexit, e com o referendo sobre a Constituição em outubro, na Itália. Creio que o Brexit teve menos a ver com questões explícitas da União Europeia. Foi um voto de protesto contra a perda de dignidade, uma chance de dizer à elite: ‘vão para o inferno’. Após 2008, houve um foco intenso no sistema financeiro. Agora, acho que há um movimento mais amplo. Mas é uma pena a perda de foco em finanças porque a questão não foi resolvida e é fundamental para a democracia. O grande desafio do sistema financeiro é a abstração numérica.
Qual a importância do dinheiro?
Vamos perguntar, qual é o limite desejável para o papel do dinheiro e do sistema financeiro em regular a sociedade? Há 30, 40 anos, a noção dominante tem sido: quanto mais mercado, melhor. Fomos longe demais? Não tenho resposta e sei que não se elimina ideologia e política da vida das pessoas. Uma das minhas motivações neste livro é apontar a culpa da minha geração. Cheguei à universidade quando a União Soviética desmoronou. Fazíamos piada sobre a geração de 1968. Cometemos um erro tremendo. Nós nem nos preocupávamos com filiação partidária. Olhávamos para Tony Blair, para sua versão de social democracia e dizíamos, complacentes: o mercado vai se encarregar das coisas. O mercado, por si só, não realiza nada. A geração de 20 a 30 anos está hoje mais alerta. Não acredita na conversa de Francis Fukuyama sobre o fim da história.
O sr. está iniciando um novo fundo de investimentos no fim do ano?
Sim, vai se chamar 1167, que é a data em que a república de Veneza se tornou o primeiro Estado moderno a tomar dinheiro emprestado de seus cidadãos, em outras palavras, quando inventaram o mercado de títulos do Tesouro. Sei que estou remando contra a corrente. A questão hoje é que os juros negativos são insustentáveis, são uma farsa. É absurdo operar fundos de pensão com juros negativos. O problema é estrutural e nossa solução é simples: os fundos de pensão de economias avançadas continuam a investir em letras do tesouro mas dos países emergentes como o Brasil ou o México. As economias que estão envelhecendo precisam investir nesses países. A alternativa ao que está aí, a meu ver, é a revolução.
0 Comentários

Platão revive na Terra do Gelo: o que o Brasil pode aprender com a Islândia, OESP

Quando a Islândia quase foi à bancarrota na crise econômica de 2008, muitos disseram: “Acabou”. Mas a ilha nórdica, primeiro país a sofrer as consequências da derrocada do banco de investimentos Lehman Brothers, não só não acabou como ensinou o mundo inteiro a retomar o caminho da prosperidade sem seguir as receitas de rígida austeridade aviadas para Grécia, Itália e Península Ibérica.
Foto: BARA KRISTINSDOTTIR | NYT
 


Quando a Islândia foi à França disputar a Eurocopa com uma seleção formada por jogadores amadores e treinada por um dentista, muitos disseram: “Não passa da primeira fase”. Mas o time islandês, que jamais se qualificou para uma Copa do Mundo, não só passou da primeira fase do torneio da Uefa, desclassificando Hungria, Áustria e Inglaterra, como já ultrapassou a Holanda e Rússia no ranking da Fifa.
A Islândia é um fenômeno. Sua capital, Reykjavik, é a mais descolada do norte da Europa, “uma Brooklyn com fiordes”, na definição de um fã nova-iorquino. A última (ou penúltima) façanha islandesa foi alçar um intelectual à presidência da República. Muitos diziam: “Não se elege”. Mas, em 25 de junho, o historiador Gudni Jóhannesson se elegeu, e daqui a 15 dias toma posse. Com 48 anos, será o presidente mais jovem da história dessa república parlamentarista, que é – outra façanha notável – a mais antiga democracia europeia. Em funcionamento há 1017 anos, seu parlamento (Althing) também é o mais antigo do planeta.
Com 103 mil km², a Islândia cabe inteira no estado de Pernambuco. Sem analfabetos, nem forças armadas (uma guarda costeira dá para o gasto), com um padrão de bem-estar social escandinavo, impostos baixos e uma inabalável fé no uso de energia renovável, seria um paraíso cercado de água por todos os lados. Pena que ela seja tão gelada.
Sua população é comparável à de Blumenau – o que explica porque bateu aquele vazio na ilha, notadamente na capital Reykjavik, durante a disputa da Eurocopa, pois, ao que consta, 10% dos seus 332.529 habitantes foram acompanhar in loco os últimos jogos da seleção nacional. O Brasil supera a Islândia em território, índice demográfico e (por enquanto) futebol, mas como tamanho não é documento nem corrupção algo que conte a favor, perdemos para ela em todos os quesitos que definem uma nação civilizada, igualitária e progressista.
“Ilha laboratório”, assim João Moreira Salles a definiu depois de visitá-la para duas esplêndidas reportagens para a revista piauí. Queria verificar in loco os estragos da primeira vítima do crash do milênio, e teve várias surpresas. Em pânico com a crise (não há viquingue que aguente dez semestres sucessivos de queda do PIB), 5 mil islandeses emigraram para outros países da Europa em 2009. Mas, sem que fosse necessário montar uma “Operação Iceberg”, banqueiros irresponsáveis foram presos ou se autoexilaram, e os de maior notoriedade tiveram suas fotos afixadas num mictório público de Reykjavik, para as irrigações cabíveis.
Graças a uma série de astuciosas medidas econômicas – destaque para o uso de reservas do país para socorrer os islandeses, não os bancos falidos – , o tsunami financeiro acabou virando uma marolinha. A pesca industrializada reaprumou, assim como a agricultura e o ecoturismo, os três pilares da economia local, o PIB voltou a crescer, o desemprego despencou, o estado de bem-estar social pôde ser mantido. A ilha recebe por ano 1,1 milhão de visitantes, o triplo de sua população. Imagine o Brasil recebendo 600 milhões de turistas por ano. Só imagine.
Até a crise de 2008, a Islândia era um vago ponto no planisfério mental dos brasileiros, muitos dos quais, na sua santa ignorância, a confundiam com Irlanda e Finlândia. Hoje, graças à projeção de Björk, da banda pós-rock Sigur Rós, do vulcão Eyjafjallajökull, da recém-finda Eurocopa e do noticiário em torno de Game of Thrones (em parte filmado nos arredores do lago Mývatn), já a conhecem ao menos precariamente por aqui.
Mas ainda falta em nossas livrarias uma boa tradução de Hálldor Laxness, o Nobel de Literatura de 1955, um escritor dos mais originais e engraçados do século passado. Seu maior êxito internacional, Sob a Geleira (traduzo literalmente a versão em inglês, Under the Glacier), é uma retomada às avessas das aventuras do geólogo alemão Lidenbrock de Viagem ao Centro da Terra, de Jules Verne, o primeiro estrangeiro a descer pela cratera de um vulcão islandês, numa obra de ficção.
A ilha laboratório desponta agora como uma ilha platônica. Foi Platão quem inventou o conceito de filósofo-rei, ao entronizar em sua República os mais sábios da pólis grega. Nela, o mando político era (ou seria) exercido pelos mais capazes intelectualmente, não pelos mais fortes e poderosos. O exemplo máximo dessa utópica e elitista concepção de “inteligência no poder” continua sendo o imperador-filósofo Marco Aurélio (121-180 d.C.), que se recolheu a uma aldeia na fronteira com a Gália para de lá, vivendo modestamente, mandar em todas as terras subjugadas pelo império romano e escrever suas Meditações, belo e melancólico receituário sobre as virtudes da austeridade, da honestidade e da primazia do bem comum.
Outros líderes políticos intelectuais o mundo conheceu. De Thomas Jefferson e Abraham Lincoln a Gandhi e alguns rajás da Índia, nenhum com poder comparável ao de Marco Aurélio, nem a mesma influência no plano das ideias. Lenin, Mao e o aiatolá Khomeini também eram intelectuais. E o mesmo se diga do escritor e filósofo checo Vaclav Havel, que talvez tenha sido o mais bem-sucedido Ersatz moderno de Marco Aurélio.
Até nós tivemos um indiscutível intelectual no comando de nossa nada platônica República, Fernando Henrique Cardoso, o presidente-sociólogo. Chegou a vez da Islândia.

Na última edição da revista The New Yorker, Adam Gopnik faz um perfil de Gudni Jóhannesson, o futuro presidente-historiador, que conheceu em abril do ano passado num seminário para escritores em Reykjavik, organizado pela romancista canadense Eliza Reid, a futura primeira-dama. Melhor guia do país, de seu passado e de seu presente, Gopnik não podia ter tido – sem precisar sair do ônibus em que todos os dias percorria a ilha, com o historiador ao lado do motorista, a empunhar um microfone e desfiar histórias e mais histórias do país, com simpatia, erudição e bom humor. Vez por outra, uma pausa para o futebol, seu esporte favorito. Jóhannesson pode até ter simpatias pelo KR ou pelo Valur, os dois clubes que mais vezes conquistaram o campeonato islandês, mas seu coração só bate mais forte quando entra em campo o Manchester United.

Encarar a tarefa - MÍRIAM LEITÃO

O Globo - 22/07

A previdência dos funcionários do Rio teve um déficit de R$ 12 bilhões; a de São Paulo, R$ 18 bi; a do Rio Grande do Sul, R$ 8 bi; e a do Espírito Santo, R$ 1,4 bi. Esses números mostram, segundo o governador Paulo Hartung, que é fundamental fazer a reforma dos sistemas estaduais de previdência. Hartung, que foi contra o acordo da dívida com a União, acha que agora é hora das contrapartidas.

Ele diz que o acordo da dívida só beneficiou os grandes estados, que eram mais endividados, o que ele acha uma injustiça e uma “pedagogia nada bacana”:

— É insignificante a economia que vamos fazer em relação às despesas que eu administro. O que resta de positivo no acordo da dívida são as contrapartidas, por isso precisamos que o Congresso as aprove. No fundo, esse acordo não deveria ter sido reaberto, porque foi feito no governo Fernando Henrique em condições vantajosas para os estados. Alguns usam a palavra agiotagem. Não é verdade. O que acontece é que os juros são altos no país pela desordem nas contas públicas. No dia em que tivermos equilíbrio nas contas, teremos juros baixos e sustentáveis.

O governador capixaba disse, na entrevista que me concedeu na Globonews, que o problema principal dos estados é a folha de pagamento crescendo em descompasso com a arrecadação. E dentro da folha, o maior problema é dos inativos:

— Precisamos encarar esse problema. Nesse momento de dificuldade, de crise, em que o país está na beirada do barranco, literalmente, precisamos de um diálogo franco com a população para explicar que o problema que aconteceu na Grécia não está distante de nós. O Rio está vivendo isso: de aposentados não receberem. Não adianta apenas ter direitos e ficar na porta do banco sem recebê-los. Por isso, precisamos reformar a previdência. O Brasil está numa situação delicadíssima e não podemos esconder isso da população. E nesta hora difícil é o momento de fazer as coisas. Eu aprendi que com vento favorável as mudanças necessárias não são implementadas.

Ele acha que o país precisa de uma agenda que comece com a reorganização das contas públicas nacionais, geração de emprego, educação básica de qualidade para os jovens:

— As reformas não são impopulares, porque vão melhorar a vida do povo.

Ele disse que é preciso aprender que o intervencionismo do governo sempre dará errado:

— Quando o governo tenta fazer o PIB andar com intervencionismo, no momento seguinte o país quebra e gera essa tristeza que estamos vivendo. Já experimentamos isso na ditadura e agora na democracia. Que fique como aprendizagem para o país: governo não faz PIB, faz ambiente de negócios.

Paulo Hartung é elogiado como exemplo de gestor. E tem um currículo que mostra isso. Antes da entrevista, contudo, recebi uma nota técnica do ex-governador Renato Casagrande dizendo que Hartung elevou mais a folha salarial, nos dois mandatos, do que ele, Casagrande, fez no governo passado.

Hartung explicou que quando assumiu, no primeiro mandato, encontrou uma máquina desestruturada. Um dos trabalhos foi contratar mais funcionários:

— Havia setores que não pagavam impostos, como o de combustíveis e lubrificantes. Ao reorganizar a máquina fazendária do estado, a receita cresceu muito. Contratei porque o estado estava sucateado. Aumentei o gasto com a folha de acordo com o aumento da receita e sem contar a arrecadação do petróleo. Quando entreguei o governo, o estado estava numa posição invejável. Tínhamos uma capacidade de investimento com recursos próprios de 16% da receita, a maior do Brasil. Tínhamos poupança de mais de R$ 1 bilhão em caixa, livre das despesas correntes.

Segundo ele, quando voltou ao governo a capacidade de investimento havia desaparecido e os investimentos eram feitos com operação de crédito. Ele pediu o Orçamento de volta e negociou com todos os poderes uma redução da receita e das despesas:

— A receita orçada bateu com a receita arrecadada, pagamos todas as contas de 2015 em dia e viramos o ano com superávit.

Admite que neste ano está tão difícil, pela queda da arrecadação, que só cabe a ele “trabalhar e rezar”.