sexta-feira, 15 de julho de 2022

Gabriela Manssur deixa o MP após decisão de Gilmar: 'Fiz o impossível com suor, sangue e lágrimas', FSP

 A promotora Gabriela Manssur, conhecida por atuar em casos como o do médium João de Deus e do empresário Samuel Klein, pediu exoneração do Ministério Público de São Paulo para concorrer a deputada federal pelo estado paulista.

Como mostrou a Folha nesta quinta (14), ela também é um dos nomes cotados para disputar o pleito deste ano como vice do governador e pré-candidato Rodrigo Garcia (PSDB).

A promotora Gabriela Manssur - Iara Morselli/Divulgação

A decisão pela exoneração ocorre após Manssur ter sua licença remunerada cassada pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e encerra uma trajetória de 19 anos no órgão.

A licença havia sido concedida pelo procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubbo. De acordo com a decisão, ela poderia continuar recebendo os salários durante a campanha eleitoral.

Segundo o ministro do STF, a proibição de concorrer a cargos políticos se aplica a quem ingressou na instituição a partir da Constituição de 1988, como é o caso de Manssur. "Nem mesmo obtenção de licença ou afastamento seria suficiente para legitimar o exercício de atividade político-partidária por membros da instituição", diz a decisão.

PUBLICIDADE

Gilmar Mendes afirmou ter chamado atenção a informação de que, embora tenha sido alertado por membros do Conselho Superior do Ministério Público sobre a ilegalidade do afastamento, Sarrubbo insistiu que o benefício deveria ser concedido em nome de uma "estratégia nacional" para aumentar a representação do órgão junto ao Congresso.

Manssur diz que respeita a decisão da corte, embora não concorde. "Eu tenho o meu ponto de vista da garantia dos meus direitos como cidadã brasileira, mas eu respeito a decisão judicial e cumpro, como eu sempre fiz na minha vida, nunca afrontando o sistema de Justiça", afirma.

"Estou saindo de cabeça erguida com a sensação de que fiz o impossível pelo Ministério Público com suor, sangue e lágrimas porque eu abdiquei de muitas coisas pessoais pela minha instituição", segue ela.

Ela vai tentar uma vaga na Câmara dos Deputados pelo MDB-SP para defender pautas relacionadas aos direitos das mulheres. O convite, diz, veio do ex-presidente Michel Temer (MDB) e do presidente nacional da legenda, Baleia Rossi.

Manssur diz que o Brasil está vivendo "um abate feminino". "Nós somos vistas como pedaços de carne. Se o coletivo feminino não tiver liberdade para pautar e aprovar as suas próprias políticas públicas, nós não vamos avançar e vamos continuar sendo tratadas como minorias", afirma.

A pré-candidata defende penas mais duras de crimes contra a mulher, além da criação de secretarias municipais e estaduais da mulher, incluindo um ministério próprio.

Nenhum comentário: