Além do orçamento secreto, Arthur Lira criou uma sala idem para atender apaniguados do centrão. Com sessões de mentirinha, que duram um minuto, a Câmara dos Deputados virou um mocó, um valhacouto, uma caverna oculta.
Nos últimos dias, correndo para escapar às restrições do período eleitoral, foram liberados R$ 6,1 bilhões da burra secreta, objeto mágico que ao mesmo tempo sustenta o governo e potencializa a corrupção. Um dos absurdos foi descoberto pelo repórter Breno Pires: em Pedreiras, cidade do Maranhão com 39 mil habitantes, a prefeitura afirma que fez 540,6 mil extrações dentárias. Quer dizer, arrancaram 14 dentes de cada morador. Com ou sem anestesia?
A derrama de dinheiro garante a aprovação da proposta de emenda à Constituição que entra para a história como a mais apelidada de todas. É a PEC das Eleições, mas também a PEC Kamikaze, a da Pedalada Fiscal, a dos Bilhões, a do Vale-Tudo, a da Bomba Fiscal, a dos Combustíveis, a das Bondades, a do Desespero, a do Medo do Lula. Tenha o nome que tenha, é uma fraude, que trata o eleitor como otário. A bondade tem prazo de validade até o fim do ano. A maldade de jogar o país no abismo, essa fica para depois.
No Senado a votação foi esmagadora. Não surpreende diante da revelação de que a eleição do presidente da casa, Rodrigo Pacheco, desfalcou a burra em R$ 2,3 bilhões. Pacheco escanteou a CPI do MEC —que implica a chapa Bolsonaro-Braga —Netto para Deus sabe quando.
Em sua cruzada para superar as façanhas de Eduardo Cunha, Arthur Lira age para assegurar que o depois será como o agora. Move-se para que o STF limpe sua ficha suja e, antes mesmo de reeleito para o comando da Câmara, articula uma manobra para manter o controle do orçamento secreto, independentemente do resultado das urnas e de quem será o próximo ocupante do Palácio do Planalto. O abracadabra há de ser um privilégio só dele.
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