terça-feira, 12 de julho de 2022

Alvaro Costa e Silva Na caverna mágica de Arthur Lira, FSP

 Além do orçamento secreto, Arthur Lira criou uma sala idem para atender apaniguados do centrão. Com sessões de mentirinha, que duram um minuto, a Câmara dos Deputados virou um mocó, um valhacouto, uma caverna oculta.

Nos últimos dias, correndo para escapar às restrições do período eleitoral, foram liberados R$ 6,1 bilhões da burra secreta, objeto mágico que ao mesmo tempo sustenta o governo e potencializa a corrupção. Um dos absurdos foi descoberto pelo repórter Breno Pires: em Pedreiras, cidade do Maranhão com 39 mil habitantes, a prefeitura afirma que fez 540,6 mil extrações dentárias. Quer dizer, arrancaram 14 dentes de cada morador. Com ou sem anestesia?

A derrama de dinheiro garante a aprovação da proposta de emenda à Constituição que entra para a história como a mais apelidada de todas. É a PEC das Eleições, mas também a PEC Kamikaze, a da Pedalada Fiscal, a dos Bilhões, a do Vale-Tudo, a da Bomba Fiscal, a dos Combustíveis, a das Bondades, a do Desespero, a do Medo do Lula. Tenha o nome que tenha, é uma fraude, que trata o eleitor como otário. A bondade tem prazo de validade até o fim do ano. A maldade de jogar o país no abismo, essa fica para depois.

No Senado a votação foi esmagadora. Não surpreende diante da revelação de que a eleição do presidente da casa, Rodrigo Pacheco, desfalcou a burra em R$ 2,3 bilhões. Pacheco escanteou a CPI do MEC —que implica a chapa Bolsonaro-Braga —Netto para Deus sabe quando.

Em sua cruzada para superar as façanhas de Eduardo Cunha, Arthur Lira age para assegurar que o depois será como o agora. Move-se para que o STF limpe sua ficha suja e, antes mesmo de reeleito para o comando da Câmara, articula uma manobra para manter o controle do orçamento secreto, independentemente do resultado das urnas e de quem será o próximo ocupante do Palácio do Planalto. O abracadabra há de ser um privilégio só dele.

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