Há 522 anos, o interesse dos europeus por metais e plantações brasileiras ditam os rumos da nossa economia.
"Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro [...]. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem", relata, por sinal, o primeiro documento escrito da história do Brasil, a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei d. Manuel 1º, de Portugal.
A carta, datada de 1.500, parece ter selado nosso destino. O petróleo só foi descoberto em 1859. Não fosse isso, posso apostar que constaria na correspondência lusitana.
Você deve ter aprendido, talvez no ensino médio: O Brasil exporta matéria-prima e importa bens manufaturados. E foram essas commodities que seguraram as pontas no mercado financeiro nos últimos meses. Até agora.
Digo até agora porque uma sirene soou no mercado, e é hora de definir os próximos passos com cautela.
Um relatório do Bank of America (BofA) divulgado na semana passada aponta que grandes fundos europeus estão se desfazendo de suas posições em aço, mineração e celulose brasileiros. Os metais e as plantações, almejados, justamente, pelos primeiros europeus a pisar em solo nacional.
Em 20 reuniões com grandes investidores, dizem os analistas do banco, poucos disseram manter o interesse em empresas que até então estavam na "crista da onda", como Suzano, Klabin, Gerdau, Usiminas e Vale.
Não se trata de uma impressão isolada. O índice de preços de commodities da Bloomberg (BCOM) caiu 18% entre 9 de junho e 6 de julho. O preço do barril de petróleo tipo Brent, referência para o brasileiro, despencou 18,7% no período analisado.
E aí fica cristalino o problema da concentração do nosso mercado em commodities. O Ibovespa, principal indicador da Bolsa brasileira, caiu 7,8% no mesmo período. O S&P 500, principal indicador das ações negociadas nos EUA, caiu 4,3%.
Como deve ser um mantra na cabeça de quem opera na Bolsa de Valores: os preços são definidos pelos grandes players internacionais. E, se eles estão saindo das commodities, em um período no qual o crescimento da economia (traduzido pelo PIB) deverá ser mínimo, é melhor apertar os cintos, para mais turbulência.
A crise dos insumos desabasteceu grande parte do mundo. E a produção brasileira está batendo recorde. Mas os preços do setor estão sofrendo com a migração do dinheiro para ativos com menos risco. São os ciclos dos investimentos.
Para quem investe pensando no crescimento das empresas e de seus mercados, analistas enxergam um bom momento de compras à frente, pelo barateamento das ações. Para quem quer ganhar a curto prazo, algumas apostas nas quedas, como operações de venda a descoberto (short selling), devem se tornar cada vez mais comuns.
Nessa estratégia, você aluga uma ação por um período e a vende para outra pessoa. Se o preço do papel cai, você compra ele de novo e "devolve" para as pessoas de quem você alugou. Assim, embolsa a diferença entre o preço pelo qual vendeu e aquele pelo qual comprou de volta, descontando o preço que pagou pelo aluguel. Se eu vender por R$ 10 e recomprar por R$ 8, ganho R$ 2 por ação. Se o aluguel custar R$ 1, sobrará outro R$ 1 de lucro.
Trata-se de algo de alto risco, mas com boas possibilidades de ganho e que tende a conquistar mais espaço com o mercado em queda. Quem quiser conhecer mais detalhes dessas operações para ganhar nas quedas da Bolsa pode baixar este ebook gratuito do Monitor do Mercado.
A mudança de tendência é algo corriqueiro para quem investe em renda variável. O mais importante é ter uma estratégia que te permita bons rendimentos e proteção nas altas e nas quedas.
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