quarta-feira, 21 de abril de 2021

CCR leva primeiras concessões da CPTM e vai administrar linhas 8 e 9 em SP, FSP

 20.abr.2021 às 16h56

SÃO PAULO

A CCR e o Grupo Ruas venceram nesta terça-feira (20) o leilão da concessão das linhas 8-diamante e 9-esmeralda da CPTM (trens metropolitanos) e vai administrar as vias pelos próximos 30 anos.

A oferta mínima estipulada pelo governo João Doria (PSDB) era de R$ 324 milhões, e o consórcio ViaMobilidade, formado pelas empresas vencedoras, ofereceu R$ 980 milhões.

Assim, a CCR se consolida como principal operadora privada do transporte público em São Paulo. A empresa já opera as linhas 4-amarela e 5-lilás, ambas privatizadas, e vai administrar o monotrilho da linha 17-ouro (que ligará o Aeroporto de Congonhas ao sistema de trilhos) quando entrar em operação.

Passageiros aguardam chegada de trem na estação Santo Amaro da linha 9-esmeralda da CPTM - Robson Ventura - 26.nov.2018/Folhapress

A concorrência, que aconteceu nesta tarde na B3 (operadora da Bolsa de Valores), prevê investimentos de pelo menos R$ 3,2 bilhões em até seis anos, entre modernização de estações, aquisição de novos trens e melhoria nos serviços. Segundo o governador João Doria, o governo paulista vai economizar R$ 600 milhões por ano com a concessão das linhas.

Além do Consórcio ViaMobilidade, mais três grupos participaram do leilão, com lances menores: Consórcio Integração (formado por Ibérica Holding e Metra), que deu um lance de R$ 519,5 milhões; Mobitrens (formado por Comporte Participações, Consbem Construções e Comércio e Caf Investment Projects), que ofereceu R$ 787,8 milhões; e Itapemirim/Encalso, que deu um lance de R4 400 milhões.

A concessão é a primeira de linhas da CPTM. A empresa foi fortemente impactada pela crise da Covid-19 e terminou 2020 com R$ 964 milhões em prejuízo, frente a um déficit de R$ 237 milhões no ano anterior, segundo demonstração contábil publicada no Diário Oficial no sábado (17).

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Isso se deu pela enorme queda na demanda provocada pelas medidas de distanciamento social, como fechamento de comércios e incentivo ao home office: enquanto em 2019 a CPTM transportou 868 milhões de passageiros, esse número despencou para 505 milhões em 2020, segundo o mais recente relatório administrativo do Metrô.

O governo Doria também prevê conceder a linha 7-rubi (Brás a Jundiaí) dentro do pacote do Trem Intercidades, que ligará Campinas à capital paulista. Segundo o secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, a concessão está sendo modelada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e será apresentada nos próximos meses.

A linha 8-diamante tem hoje 41,6 quilômetros de extensão e 22 estações. Ela liga a estação Júlio Prestes, no centro de São Paulo, a Itapevi, na Grande SP, passando por cidades como Osasco, Carapicuíba e Barueri.

Em novembro de 2019, portanto antes das medidas de distanciamento social exigidas pela pandemia de Covid-19, passaram por ela em média 523,9 mil passageiros por dia útil. O edital prevê que a concessionária vencedora reconstrua uma estação, a Ambuitá, em Itapevi, que foi desativada em 2010.

Já a linha 9-esmeralda tem 32,5 quilômetros e 18 estações. Ela liga Osasco ao Grajaú, no extremo sul de São Paulo. Com média de 628,4 mil passageiros nos dias úteis antes da pandemia, ela é considerada uma linha nobre da CPTM, por passar em bairros ricos da zona oeste de São Paulo, como a Vila Olímpia, e pela ligação com as linhas 4-amarela e 5-lilás do metrô.

A linha ganhará três novas estações, Mendes-Vila Natal, Varginha e João Dias, essas construídas pelo Governo de SP, segundo o edital.

Além de ser a primeira vez que o governo paulista passa linhas da CPTM para a iniciativa privada, é também a primeira concessão de linhas que já estão em operação e que têm uma demanda consolidade —levavam juntas antes da pandemia mais de 1,1 milhão de passageiros por dia—, ao contrário das linhas 4-amarela, 5-lilás e até da linha 6-laranja (cuja construção está paralisada) do metrô, por exemplo, que eram estruturas novas.

A concessionária vencedora deverá fazer obras de reforma ou ampliação em 35 estações (incluindo a Júlio Prestes, no centro de São Paulo, que é tombada), além de construir passagens e passarelas para pedestres e comprar 34 novos trens.

A ViaMobilidade será remunerada pela receita da tarifa das linhas, além de um valor variável que levará em conta o desempenho da empresa, com critérios que incluem a qualidade da operação e a satisfação dos usuários.

Além disso, poderá explorar publicidade nas linhas e alugar espaços comerciais.

Inicialmente, o leilão desta terça estava previso para ocorrer em 2 de março, mas a concessão foi suspensa provisoriamente no fim de fevereiro pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) após questionamentos de inconsistências no edital. Em 17 de março, no entanto, o tribunal liberou o andamento da concorrência, que foi retomada agora.

O governador João Doria anunciou ainda novas privatizações no setor dos transportes. Em 15 de julho, haverá o leilão de 22 aeroportos regionais. No segundo semestre haverá a concessão de todas as travessias marítimas e fluviais em SP, no litoral norte, Baixada Santista e litoral sul. Também no segundo semestre haverá uma concessão rodoviária, ainda não anunciada.​

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