25.mar.2021 às 23h15
Adoraria estar errado, mas creio que, com Jair Bolsonaro na Presidência, não há muita chance de que venhamos a ter um plano nacional de enfrentamento da Covid-19 minimamente coerente e eficaz.
O problema é que não dá para conciliar a personalidade do presidente, em particular as ideias em relação à Covid-19 de que ele não abre mão, como a fantasia do tratamento precoce e a resistência às medidas de isolamento social, com o que precisa ser feito. Não são comitês de emergência nem o novo ministro que irão demovê-lo de suas obstinações ou impedi-lo de interferir nas políticas de saúde.
É claro que é melhor ter um Bolsonaro pressionado, pelo centrão, por Lula, pelo PIB, pelas pesquisas de popularidade, do que um Bolsonaro solto para perseguir seus apetites naturais. Quando acuado, o presidente tende a fazer menos besteiras. Bônus extra: é divertido vê-lo contradizer-se tão flagrantemente como o fez em relação às vacinas.
Em termos de resultados, porém, não devemos esperar nenhuma grande mudança. São os governadores e prefeitos que, de forma pouco coordenada e às vezes até mal informada, seguirão determinando os rumos do combate à epidemia.
E a situação é bem pior do que parece. Já contamos mais de 300 mil mortos, e essa cifra ainda vai subir bastante. Com os hospitais em colapso, a mortalidade, tanto pelo vírus como por outras moléstias e acidentes, também tende a aumentar.
A tragédia não se mede só em cadáveres. Com as escolas funcionando precariamente há mais de um ano, é certeza que teremos coortes de alunos com sérias deficiências de conhecimento que carregarão por toda a vida.
Na economia, a situação difícil que já vivíamos antes da chegada do vírus se agravou sobremaneira. Estamos agora com uma dívida bem maior e com piores condições de geri-la.
A epidemia deixa rastros de destruição na sociedade brasileira que ainda sentiremos por vários anos.
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