Os documentos usados por um empresário investigado por tentar vender 250 milhões de doses de vacinas de Covid-19 para o Ministério da Saúde estão cheios de erros de português, problemas de formatação e, o que é incomum em papéis do tipo, às vezes utilizam linguagem informal e comentam o contexto político do país.
O homem apresentava um contrato falso de exclusividade com a AstraZeneca para tentar vender. Ele foi alvo de operação da Polícia Federal nesta quinta (25), revelada pelo Painel.
Mesmo com esse formato de abordagem, Christian Faria conseguiu uma reunião no Ministério da Saúde. Ele enviou email em janeiro, mensagem ao celular de Élcio Franco (secretário-executivo da Saúde) e, então, teve um encontro com a pasta no final de fevereiro.
Nos documentos, até o nome do então ministro, Eduardo Pazuello, está escrito errado ("Pazuelo"). Depois de checar com a AstraZeneca que o contrato de exclusividade com a suposta empresa não existia, o ministério enviou o caso para a polícia.
Faria escreve em um deles que o modo de operação do Ministério da Saúde "faz o presidente levar porrada das pessoas que não entendem" e que "a mídia coloca os desavisados como se fosse o presidente que não quer comprar a vacina (sic)". Além do governo federal, o grupo buscou governadores e prefeitos.
De acordo com a PF, há duas possibilidades: ou a vacina a ser vendida não era da AstraZeneca, sendo uma possível substância falsificada, ou o produto sequer existia.
A PF diz nos documentos que os crimes investigados são: estelionato, falsificação de documento particular, bem como de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, previstos no Código Penal.
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