Beatriz Bulla / Correspondente, O Estado de S.Paulo
26 de março de 2021 | 17h52
WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, oficializou nesta sexta-feira, 26, o convite a 40 líderes internacionais, entre eles o presidente Jair Bolsonaro, para participar de um encontro que irá debater a pauta climática. Os EUA já haviam avisado o governo brasileiro em outras ocasiões que Biden iria convidar Bolsonaro.
Nesta sexta-feira, a Casa Branca anunciou os nomes dos países, entre eles Rússia e China, convidados para o evento, que será realizado virtualmente em razão da pandemia de coronavírus (veja lista abaixo). Líderes empresariais e da sociedade civil também estarão presentes.
A reunião será transmitida pela internet e acontecerá nos dias 22 e 23 de abril. Será a primeira vez que Biden e Bolsonaro irão conversar. Até agora, os dois presidentes trocaram apenas cartas, desde que o americano tomou posse, em 20 de janeiro. Bolsonaro declarou publicamente torcida pela eleição de Donald Trump, no ano passado, e foi o último líder do G-20 a parabenizar Biden pela vitória.
Biden colocou a questão climática no centro de sua política externa e promete usar a reunião de abril para pavimentar o caminho para que os países cheguem a acordos na Cúpula do Clima organizada pela ONU, que acontecerá em Novembro, em Glasgow.
"A Cúpula dos Líderes sobre o Clima enfatizará a urgência - e os benefícios econômicos - de uma ação climática mais forte", informou a Casa Branca nesta sexta-feira.
O convite a Bolsonaro foi encaminhado por via diplomática. Desde que Biden tomou posse, o governo brasileiro tem sido pressionado a assumir compromissos concretos para proteção da Floresta Amazônica. Biden falou no assunto durante a campanha eleitoral e em três conversas por telefone do alto escalão dos dois governos o tema foi trazido à tona pelos americanos.
Primeiro, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, conversou com o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, abrindo caminho para uma ligação, na sequência, entre o enviado Especial do Clima do governo Biden, John Kerry; o ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles; e o chanceler brasileiro. Os times de Kerry e de Salles têm mantido contato desde então e os americanos esperam ver metas mais ambiciosas apresentadas pelo Brasil.
No início do mês, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, falou com o ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, sobre a ideia do governo americano de trabalhar em uma "agenda produtiva para proteger a Amazônia" e "assegurar meios de subsistência sustentáveis para as comunidades locais".
Os EUA anunciarão na reunião de abril o que a Casa Branca classifica como "uma ambiciosa meta de emissões" de gás carbônico para 2030. "Em seu convite, o presidente estimulou os líderes a usarem a Cúpula como uma oportunidade para delinear como seus países também contribuirão para uma maior ambição climática", diz a Casa Branca.
Além dos esforços das principais economias do mundo para reduzir as emissões durante esta década, a Casa Branca quer tratar do financiamento dos setores público e privado para ajudar países vulneráveis a lidar com os impactos climáticos. O governo Biden também pretende tratar dos benefícios econômicos da ação climática, "com forte ênfase na criação de empregos", discutir tecnologias para reduzir as emissões e construir "as indústrias do futuro", e debater os "desafios de segurança global" causados pela mudança climática.
Países convidados:
Antígua e Barbuda, Argentina, Austrália, Bangladesh, Butão, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, República Democrática do Congo, Dinamarca, França, Gabão, Alemanha, Índia, Indonésia, Israel, Itália, Jamaica, Japão, Quênia, Ilhas Marshall, México, Nova Zelândia, Nigéria, Noruega, Polônia, Coreia do Sul, Rússia, Arábia Saudita, Cingapura, África do Sul, Espanha, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Vietnã, além dos presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu.
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