quinta-feira, 19 de março de 2020

Democracia e o ambiente de negócios, João Miranda Diretor-presidente da Votorantim S.A., FSP

Chamamento para entrar no jogo também inclui a iniciativa privada

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É seguro afirmar que São Paulo é o centro financeiro do Brasil. Contudo, no palco de cultura democrática, o desenvolvimento local apresenta um longo caminho a ser trilhado.
Segundo o Índice de Democracia Local (IDL)*, elaborado pelo Instituto Sivis, a capital paulista atingiu a nota 5,67 no quesito entendimento democrático, em uma escala de zero a dez. Além disso, três em cada quatro moradores da cidade não confiam em instituições da democracia representativa, como Câmara, prefeitura ou partidos políticos. E só 37,5% dos entrevistados concordam que a democracia é a forma de governo preferível independentemente das circunstâncias.
João Miranda Diretor-presidente da Votorantim S.A.
O empresário João Miranda, diretor-presidente da Votorantim S.A. - Divulgação
Em meio a dados que trazem preocupação, o estudo indica um caminho para mudar o quadro de pouca estima aos processos democráticos: os entrevistados que têm maior grau de conhecimento político e que se informam por fontes plurais tendem a ser mais participativos e a cultivar maior apreço pelo nosso sistema político.
Considerando a representatividade de São Paulo, os resultados do estudo exigem reflexão. Afinal, o tipo de ambiente público que temos está diretamente ligado ao progresso individual e coletivo e à melhoria do ambiente de negócios e do aumento da competitividade do país.
Optar por desenvolver a nossa cultura democrática adotando caráter mais inclusivo e focado na conscientização é tarefa única e árdua. É um chamamento para que a sociedade civil, incluindo a iniciativa privada, entre no jogo. Parafraseando Ilona Szabó, em artigo publicado em 1º de janeiro de 2020 nesta Folha, “a maioria silenciosa precisa vencer a inação. Precisamos, enquanto sociedade, ser capazes de quebrar a paralisia e a manipulação causada pelo medo e pelas incertezas que nos cercam”.
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O ato de participar da democracia não pode ser reduzido ao processo eleitoral. Mais do que exigir ensino de qualidade e saúde pública acessíveis, segurança para toda a população, empatia e confiança e igualdade de oportunidades, cabe à sociedade cumprir seu papel cidadão. A inquietação cidadã é de responsabilidade compartilhada por todos os agentes, públicos e privados, particulares e coletivos. E, se as empresas são parte desta sociedade, precisam encontrar uma forma de atuar na melhoria do processo democrático.
Um passo para o meio privado reforçar o comprometimento com a cultura democrática do Brasil é adotar um programa de cidadania, visando a democratização da informação e a construção de um movimento para fazer valer o desejo de um país economicamente e socialmente pleno. Assim, convido todos os grupos empresariais a ter a democracia como propósito maior. Do contrário, as ações individuais não terão o eco necessário para gerar o impacto que precisamos.
* Índice desenvolvido e aplicado em 2019 pelo Instituto Sivis, com apoio da Votorantim S.A., para medir o nível de saúde democrática de São Paulo. Mais informações em http://sivis.org.br/idlsp/
João Miranda
Diretor-presidente da Votorantim S.A.

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