Para presidentes de Bradesco, Itaú e Santander, texto fomenta "desentendimento e animosidade em relação às instituições financeiras"
SÃO PAULO
Os presidentes dos três maiores bancos privados do país enviaram nesta sexta-feira (27) uma carta endereçada ao comando da Folha em que questionam as informações da reportagem "Bancos elevam juros e restringem negociação com a crise do vírus", publicada pelo jornal nesta sexta-feira (27).
O texto mostrou a dificuldade de pequenos e grandes empresários em conseguir crédito e o aumento de taxas de juros nas novas contratações após o surto de coronavírus. O anúncio feito pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) de que clientes poderiam suspender por dois meses pagamentos de parcelas de contratos em dia também não estaria sendo cumprido, segundo relatos.
Octavio de Lazari, do Bradesco; Candido Bracher, do Itaú-Unibanco; e Sérgio Rial, do Santander, afirmam que leram o texto publicado pelo jornal com "profunda consternação e uma dose de decepção". Os banqueiros afirmam que a reportagem tem viés, é parcial e contém erros de apuração.
Para os executivos, o título e o texto "desmerecem o rigor jornalístico que tem marcado, até aqui, a atuação da Folha de S.Paulo, digna de reconhecimento por informar e alertar a população sobre os riscos, impactos e ações preventivas contra a pandemia de Covid-19."
"Nenhum dos casos específicos apresentados na reportagem foi alvo de consulta prévia aos bancos mencionados. Hoje, ao fazermos nossa lição de casa, que incluiu uma profunda checagem da situação de cada cliente mencionado, descobrimos que nenhuma das histórias apresentadas condiz com a realidade. A reportagem é, portanto, um exemplo de mau jornalismo", diz a carta.
Para Lazari, Bracher e Rial, o texto da Folha se baseia em casos isolados e fomenta "desentendimento e animosidade em relação às instituições financeiras, que têm agido como aliadas de primeira hora da sociedade na busca incessante por instrumentos capazes de mitigar os impactos da pandemia no país."
Segundo a carta, a reportagem "desinforma o leitor, por exemplo, ao apontar como elevação de juros o aumento de valor em parcelas de dívidas postergadas, um erro primário."
Os executivos dos bancos afirmam que a interrupção por 60 dias no pagamento de dívidas está sendo cumprida pelas instituições, mas afirmam que "o objetivo da medida foi dar ao tomador de crédito mais prazo e, principalmente, fôlego financeiro neste momento mais crítico. Ou seja, nunca se tratou de uma medida de perdão de dívida, seja do principal ou dos juros, e não foi apresentada desta forma."
A carta afirma que "em um momento excepcional como o atual, erros podem ser -e serão- cometidos, mas esperamos que sejam rapidamente corrigidos."
O texto assinado pelos presidentes dos bancos termina com a afirmação de que as instituições financeiras trabalham para que "a atividade econômica do país sofra menos danos e seja capaz de emergir mais rapidamente desta crise. E esse trabalho merece respeito."
Nenhum comentário:
Postar um comentário