Craque não reclamou, não simulou e conseguiu ser o melhor na partida contra o México
SAMARA
Tostão mandou, e Neymar obedeceu: pegou a bola que o melhor colunista de futebol do país disse que era dele e fez o excelente goleiro Ochoa trabalhar seriamente duas vezes no primeiro tempo. Depois, no segundo, fez um gol e participou do outro.
De cabelo normal, apanhou feito boi ladrão, levou um pisão que deveria ter terminado em expulsão do agressor e não reclamou, não simulou, não nada, ou melhor, sim tudo, o melhor em campo.
Tostão não apenas teve razão ao dizer que a bola era de Neymar como, ainda por cima, nos aliviou a todos, pretensos entendedores de futebol, ao declarar que não entende nada do assunto, perplexo, como o mundo, diante da eliminação da Espanha pela, tecnicamente, fragílima Rússia, embora capaz de levar o Kremlin para o gramado. Se Tostão não entende de futebol, permita a rara leitora e raro leitor uma explicação: quem é corintiano não sofreu nem quando o México esteve melhor em campo até a metade do primeiro tempo.
E por quê? Porque você notou que, embora sob pressão, Alisson não fez nenhuma defesa? Sim, Miranda e Casemiro foram cirúrgicos ao evitar que duas bolas eventualmente exigissem o trabalho do goleiro, mas foi só.
Enquanto o México se cansava, num calor infernal em Samara, a seleção brasileira crescia lentamente e, a partir do momento em que Neymar exigiu a segunda defesa de Ochoa, o jogo mudou. Os mexicanos se assustaram e só foram vontade no segundo tempo.
Os corintianos cansaram de ver o time deles aparentar estar em inferioridade para ganhar jogos com absoluta autoridade. Ou alguém negará que o 2 a 0 poderia ser o dobro caso Ochoa não fosse Ochoa? Há quem queira que Tite mexa no time, troque A por B e C por D, onde A é Gabriel Jesus e B é Roberto Firmino e C é Willian e o D varia.
Só que o técnico sabe mais que nós o que fazer com cada jogador que tem sob seu comando. O que Willian jogou no segundo tempo foi coisa de louco, como Douglas Costa havia feito ao substituí-lo contra a Costa Rica.
Ao México restou o consolo de não ter jogado como nunca, apenas perdido como sempre.
Como se esperava, a Bélgica será a próxima barreira.
Mas como não se esperava, porque ninguém entende nada mesmo de futebol, a duras penas para bater o Japão.
Juca Kfouri
Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário