Daqui a exato um mês o logotipo do Metrô e seus funcionários começarão a sair de cena na Linha 5-Lilás, na Zona Sul de São Paulo. O ramal, aberto em 2002, passará então a ser operado pela Via Mobilidade no dia 4 de agosto, concessionária que venceu o leilão em janeiro e que é formada pelas empresas CCR e RUASinvest – as duas também controlam a ViaQuatro em conjunto com a Mitsui.
As semelhanças não devem parar por aí. Embora perante a lei precisem ser empresas separadas, as chamadas Sociedades de Propósito Específico, na prática os passageiros deverão notar muitas coisas em comum. Uma delas já é perceptível, a presença de funcionários da empresa com uniforme semelhante ao da Via Quatro. Eles já estão presentes nas estações e trens da linha, reduzindo inclusive o comércio ilegal, antes mais comum.
O pessoal da Via Mobilidade, cujo logo se assemelha ao da Via Quatro, também ajudam nos embarques e desembarques nos horários de pico, controlando o fluxo para evitar atrasos. E também já são vistos na cabine de comando das composições, em treinamento para assumir essa função no dia 4 próximo.
Em relação à Linha 4, no entanto, a Via Mobilidade encontrará algumas novidades. Uma delas é assumir uma frota mista de trens escolhida pelo Metrô – na linha Amarela ela mesmo comprou os trens da coreana Rotem. As frotas F e P têm alguns padrões diferentes além de idade avançada no caso da primeira. A empresa também gerenciará dois pátios de manutenção, o Capão Redondo e o novo Guido Caloi, ainda não operacional.
Embora o sistema CBTC seja semelhante ao que ela utiliza na Linha 4, o fabricante é diferente, o que significa um novo aprendizado. Enquanto na Linha 4 ele é fornecido pela Siemens na Linha 5 ele é projetado pela Bombardier. Além disso, a Via Mobilidade terá a incumbência de inaugurar o segundo monotrilho da cidade, da Linha 17-Ouro, mas isso em 2020 na melhor das hipóteses. E lá a situação é a mesma: trens, sistemas e até modal inédito.
Aroma de pão de queijo
Uma coisa é certa: o panorama das estações da Linha 5 irá mudar. Em vez de um ambiente vazio nas novas estações deveremos encontrar vários quiosques de venda de produtos e alimentos conferindo ao ambiente o conhecido aroma de pão de queijo das estações da Linha 4. Mas na nova concessão haverá bem mais espaço para isso já que as estações têm um projeto mais amplo que as da linha Amarela.
Por outro lado, a empresa também ganhará duas novas integrações sobrecarregadas. Na futura estação Santa Cruz, que tem concepção semelhante à Pinheiros, o desafio será controlar o imenso fluxo entre a Linha 5 e Linha 1 embora o Metrô tenha desenhado a ligação entre elas com túneis separados. Já em Santo Amaro, a Via Mobilidade terá de agir: hoje a ligação com a Linha 9-Esmeralda da CPTM é bastante ruim por conta do caminho estreito para os passageiros.
Segundo o edital, a concessionária precisará ampliar a estação Santo Amaro e modernizar a homônima da CPTM para melhorar a experiência do usuário.
Outro ‘abacaxi’ deixado pelo Metrô será a instalação das portas de plataforma (PSD). Elas deveriam ter sido concluídas juntamente com a expansão da linha, mas apenas duas estações possuem o equipamento, Adolfo Pinheiro e Brooklin, nesta última ainda sem funcionar. Ou seja, será preciso fazer esse serviço durante a operação normal, causando algum incômodo aos passageiros.
Sem nada a declarar
Por fim, a Via Mobilidade ganhará quatro novas estações para operar logo de início. As paradas AACD-Servidor, Hospital São Paulo, Santa Cruz e Chácara Klabin estão na reta final de acabamento e devem ficar prontas apenas quando a Linha 5 mudar de mãos – o Metrô precisaria ter de deslocar mão de obra para abri-las e operá-las apenas por algumas semanas caso resolvesse inaugurá-las neste mês como previsto.
O site tentou contato com a Via Mobilidade para saber um pouco mais sobre seus planos e estratégias, porém, a empresa se limitou a responder que “destaca a importância da parceria entre a iniciativa privada e o Estado para o desenvolvimento do setor de infraestrutura do País, sobretudo no segmento de mobilidade urbana. A concessionária aposta na atividade empresarial de vanguarda, sustentada na ousadia da proatividade, na segurança da previsibilidade, na confiabilidade das informações e na seriedade das negociações. Além disso, a empresa destaca que tem como premissa a prestação de serviços públicos de excelência, voltados para as necessidades dos cidadãos, como fundamento da perpetuidade do negócio. Junta-se a isso, a busca pela capacidade criativa, realizadora e transformadora do ser humano, no trabalho em equipe com mentalidade empresarial, para levar a organização a superar desafios e limites“.
Em suma, seus dirigentes, embora à frente de uma concessão pública, preferem manter uma postura de silêncio, algo que o site já notou também em relação à Via Quatro. Uma pergunta sobre a quantidade de funcionários da empresa feita no ano passado até hoje não foi respondida. É uma pena porque a empresa tem em geral causado uma boa impressão em muitos passageiros com seu foco em inovações tecnológicas como o aviso de tempo de chegada do próximo trem, a lotação dos vagões e seu sistema de operação sem condutor presente no trem que encanta adultos e crianças até hoje. Esperemos que sob esse aspecto a concessão da Linha 5 e 17 siga pelo mesmo caminho.
Atualizado às 19h36: a assessoria de imprensa da ViaMobilidade contatou o site para corrigir um dado da matéria e informar que responderá a questionamentos sobre a concessão a partir de agosto quando assumir a linha de fato.
Fonte: Metrô CPTM
Data: 04/07/2018
Data: 04/07/2018
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