terça-feira, 1 de julho de 2025

Prefeitura de Niterói (RJ) quer criar pomar gigante com 5.000 mudas, FSP

 

Rio de Janeiro

A prefeitura de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, iniciou a implantação do que pode se tornar um dos maiores pomares urbanos do país.

O projeto "Fruta no Pé" prevê o plantio de mais de 5.000 mudas frutíferas e nativas ao longo dos 11 quilômetros do Parque Orla de Piratininga, na região oceânica da cidade.

A proposta integra o plano de recuperação ambiental da orla e busca transformar a área em um corredor verde e produtivo. A ação é parte dos Jardins Filtrantes do Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis, sistema de drenagem sustentável reconhecido internacionalmente como o maior da América Latina.

A imagem mostra um pomar em crescimento, com várias mudas de plantas dispostas em fileiras. As plantas têm folhas verdes e estão em um solo seco, com algumas áreas de terra exposta. Ao fundo, há montanhas e um céu azul com algumas nuvens. A perspectiva da foto é ampla, capturando a extensão do pomar.
Projeto "Fruta no Pé", com plantio de 5.000 mudas; prefeitura de Niterói (RJ) quer inaugurar um dos maiores pomares do Brasil - Claudio Fernandes/Divulgação

Espécies como pitanga, grumixama, amora, araçá, jamelão, jenipapo, uvaia, cereja-do-mato, cajá e pimenta-branca estão entre as plantadas. O projeto também inclui palmeiras jerivás, que atraem aves nativas e contribuem para o equilíbrio ecológico.

Cerca de 900 mudas já foram plantadas e a meta é concluir os plantios em sete meses. Os moradores poderão colher livremente as frutas.

Segundo a prefeitura, a ideia do pomar urbano surgiu para associar sustentabilidade, alimentação saudável e resgate cultural em áreas antes degradadas.

Para a analista de importação e exportação Rosane Ribeiro, 46, e moradora há 33 anos do bairro de Piratininga, o projeto é uma boa iniciativa e pode trazer benefícios duradouros para a região.

"Eu vejo a possibilidade de melhora, de sustentabilidade, e também de envolvimento das comunidades na manutenção e na colheita. É positivo que esse projeto incentive uma alimentação saudável e leve informação para as comunidades. Espero que ele possa se expandir para outros bairros", diz.

Apesar dos pontos favoráveis, ela cobra mais transparência sobre a gestão. "Me preocupa a falta de informações claras sobre quem vai gerir isso, como será feita a colheita e, principalmente, como o projeto vai continuar se houver mudança de governo. Isso precisa estar documentado, acessível, e não apenas em postagens de redes sociais", afirma.

O prefeito Rodrigo Neves (PDT) defende que o projeto representa uma estratégia concreta de segurança alimentar e biodiversidade, além de criar vínculos com a infância.

"O ‘Fruta no Pé’ vai além do paisagismo. É um convite à memória afetiva e à nossa cultura alimentar", disse. Segundo ele, o plano é aberto ao uso livre da população, sem regras rígidas de acesso às frutas.

A imagem mostra um grupo de pessoas trabalhando em uma área de mangue. Elas estão plantando mudas em um solo preparado, com estacas de madeira ao redor das plantas. Ao fundo, há vegetação densa e um corpo d'água. O céu está claro e ensolarado, e as pessoas estão vestidas com roupas de trabalho, algumas usando botas e outras com camisas de manga longa.
Cerca de 900 mudas já foram plantadas; moradores poderão colher livremente as frutas - Claudio Fernandes/Divulgação

Outra moradora da região, a pedagoga Poliana Santos, 46, destaca as mudanças no entorno da lagoa de Piratininga.

"A revitalização daquele espaço foi muito importante para a comunidade. A orla estava abandonada. Hoje temos museu, ciclovia, decks e restaurantes. Com o pomar, podemos imaginar piqueniques, um espaço mais arborizado, bonito e tranquilo. Urbanização e natureza juntas sempre são um bom investimento", destaca.

Segundo a prefeitura, a recuperação do entorno envolveu também a limpeza de áreas antes ocupadas por lixo. Em comunidades como Jacaré e Ciclovia, cerca de 25 toneladas de resíduos —incluindo móveis e pneus— foram retiradas por meio do programa chamado "Bota Fora". A remoção permitiu a preparação do solo para o plantio.

A cidade afirma ter 56% do território protegido por legislação ambiental e já recebeu por quatro anos consecutivos o selo "Cidade Árvore do Mundo", da Arbor Day Foundation. Mais de 60 mil árvores estão catalogadas e outras 150 mil mudas foram plantadas em anos recentes.

O acompanhamento técnico do projeto envolve biólogos e especialistas que cuidam do manejo das espécies e da adaptação ao ambiente urbano. A prefeitura também prevê a ampliação do modelo para outras regiões da cidade.

A proposta é que o pomar seja um espaço de convívio e educação ambiental. O prefeito afirma ainda que a experiência busca resgatar a vivência em áreas verdes e o contato direto com os alimentos naturais. "Algumas frutas não se compram no mercado. Elas se encontram no afeto, no cheiro, no sabor e no tempo compartilhado em comunidade", conclui Neves.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login


Gestão Tarcísio aposta em app que monitora faltas para conter evasão escolar, FSp

 Para ampliar a frequência escolar e reduzir a evasão escolar, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem apostado em um aplicativo que permite aos responsáveis acompanharem as faltas dos alunos nas escolas.

0
Renato Feder, secretário de Educação em São Paulo - Mathilde Missioneiro - 3.jan.2023/Folhapress

Com monitoramento em tempo real, o Sala do Futuro, lançado em 2023, ajuda a direção da escola a detectar alunos faltosos. De acordo com o secretário de Educação, Renato Feder, a busca ativa também minimiza os riscos de evasão escolar.

Em 2025, a Secretaria de Educação diz ter registrado diariamente 105 mil estudantes a mais em sala de aula, elevando o índice de frequência na rede para 84% —em 2023, era de 81%.

A ferramenta contempla quase 3 milhões de alunos de toda a rede estadual.

"Nós percebemos um engajamento de toda a rede em atingir a frequência mínima. Até o ano passado, a regra era que as escolas que atendem a estudantes no período diurno alcançassem 80% de presença e escolas que atendem também em período noturno, 75% de presença. A partir deste ano subimos a expectativa pela média para 82% e 77%", diz Feder.

PUBLICIDADE

Inutilidade da CPI do INSS?, Rômula Saraiva - FSP

 Ao longo da história, diversas Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito foram instauradas no Brasil para investigar fatos de grande repercussão. Na Previdência Social, de 1947 para cá somam mais de 20. A fraude dos descontos indevidos no INSS não poderia ficar de fora. Se encaixa perfeitamente no escopo de repercussão nacional, apta portanto a ter sua própria CPMI ou CPI. Aliás, falta pouco para o presidente da Câmara, Hugo Motta, nomear o relator da CPI do INSS –ao que tudo indica do centrão– para ela sair do papel.

A imagem mostra o plenário da Câmara dos Deputados do Brasil, com várias pessoas em pé e sentadas. No fundo, há uma mesa com deputados e bandeiras do Brasil. Telas digitais exibem informações sobre votações. O ambiente é bem iluminado e moderno, com um design arquitetônico contemporâneo.
Presidente do Senado Davi Alcolumbre confirma leitura do requerimento da CPMI do INSS - Ton Molina - 17.jun.2025/Foto Arena/Folhapress

Quem é governo foge da CPI como o diabo da cruz. Já a oposição, que tem menos a perder, estimula sua criação. O centrão segue alheio.

Em entrevista à imprensa, o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, arriscou um argumento lacônico para sua resistência à CPI: "Eu tenho medo que ela atrapalhe o trabalho de ressarcimento, porque a gente não sabe o rumo que a CPMI vai tomar, ela pode ir para um caminho que monopolize o tempo do governo."

Embora o assunto seja previdenciário, a fraude se instala no Poder Executivo, que custou a queda do ministro da Previdência Social e do presidente do INSS, mas se irradiou no Legislativo. Nomes de ilustres deputados federais e de senadores começam a ser apontados na investigação policial como partícipes do esquema bilionário.

Se realmente tem tanto parlamentar envolvido, é crível que a gestação da CPI dentro do Congresso terá a imparcialidade necessária de implantar medidas rigorosas contra seus pares? Terá resultados eficazes ou servirá para fomentar negociatas e palanque político?

PUBLICIDADE

No campo teórico, a CPI pode tomar diversas ações investigativas, a exemplo de convocar testemunhas, quebrar sigilos bancário, fiscal e telefônico (com autorização judicial), realizar diligências e requisitar documentos e informações a órgãos públicos. Além disso, a CPI pode tomar depoimentos e determinar a busca e apreensão de documentos. No seu relatório final, pode sugerir propostas legislativas e indiciamentos de pessoas, que são submetidos ao crivo do Ministério Público ou da Polícia Federal.

Na prática, as CPIs brasileiras costumam terminar em pizza. Recentemente, depois de vários meses, o relatório da CPI das Bets foi rejeitado e não teve nenhuma medida adotada. Em 2017, a última CPI do INSS sobre o déficit apurou uma série de verdades e indicou providências a serem tomadas para preservar o equilíbrio do sistema previdenciário, a exemplo de mecanismos de combate às fraudes –por ironia assunto da próxima CPI previdenciária.

Espera-se que a CPI agregue ao trabalho desenvolvido pela Polícia Federal. Que a lavagem de roupa-suja televisionada resulte em achados objetivos que facilitem a responsabilização de quem desviou o dinheiro dos aposentados.

No entanto, a expectativa é de que a abertura dos trabalhos da CPI ocupe em vão o precioso tempo parlamentar, agrave a fila do INSS e gere a espetacularização política, bem como seja o terreno fértil para iniciar a temporada de negociatas. Com medo de que os segredos sejam revelados, muitos parlamentares e partidos políticos devem se valer de propinas ou emendas parlamentares para abafá-los. Se ocorrer, teremos o debate da corrupção alimentando mais corrupção.