terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Com gás natural, usina atende 100% de Coari e reduz emissões,

 13 de mar. de 2020



Com gás natural, usina atende 100% de Coari e reduz emissões

O município de Coari (a 363 quilômetros a oeste de Manaus) deixou de receber e queimar aproximadamente 2.500 toneladas de combustível líquido por mês para dar lugar ao consumo de gás natural via gasoduto a uma usina termoelétrica. A mudança foi consolidada a partir do dia 5 de janeiro, início da operação comercial do empreendimento que gera energia para 100% da população do município.


Interligada à rede de distribuição de gás natural em fevereiro de 2019 para o comissionamento e testes das unidades geradoras, a Usina Termelétrica de Coari possui potência instalada de 38.772 quilowatts (kW) e contrato de fornecimento de energia elétrica até 30 de novembro de 2030. De acordo com a Eletrobras Amazonas Geração e Transmissão, a demanda média atual da cidade é de 12.000 Kw e a potência instalada é suficiente para atender os mais de 85.000 habitantes do município até o término do contrato.


Foi quase um ano de funcionamento em regime de comissionamento e testes. Em janeiro de 2020, a usina consumiu 2.070.579 metros cúbicos de gás natural, tornando Coari a principal beneficiada pelo combustível no interior do Amazonas. Também possuem usinas abastecidas pelo gás natural canalizado os municípios de Anori, Anamã, Caapiranga e Codajás, além da capital Manaus.


O diretor-presidente da Cigás, René Levy Aguiar destaca o fornecimento de gás natural para o município de Coari como mais um progresso do Estado, que conta com um combustível limpo e econômico, sem maiores riscos de escassez, diante da larga escala de reservas naturais e da potencialidade da produção regional. “Manaus já possui mais de 65% da energia elétrica gerada a partir do gás natural. Agora, esse combustível reduz a poluição e dá segurança energética a um dos maiores municípios do Estado”, comentou.


Atualmente, o gás natural é comercializado no Amazonas para cinco segmentos: termoelétrico, industrial, veicular, comercial e residencial. Pela alta demanda para geração de energia elétrica, o segmento termoelétrico apresenta o maior consumo de gás natural. Em janeiro de 2020, por exemplo, o volume total comercializado no Estado foi de 5.292.355 metros cúbicos por dia, sendo que 5.143.464 metros cúbicos foram destinados às termelétricas.

Conclusão de ligação nacional do sistema elétrico é prevista para setembro, FSP

 André Borges

Brasília

Passados 14 anos desde que foi leiloado, um dos projetos mais atrasados de todo o setor elétrico deve entrar em operação comercial neste ano. Em reunião realizada em novembro do ano passado entre a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e a diretoria da Transnorte Energia, formada pela Alupar (51%) e Eletronorte (49%), a concessionária afirmou que tudo caminha para concluir e acionar o traçado do "Linhão de Tucuruí " em setembro deste ano.

A linha de transmissão de 721 km de extensão, que liga Manaus (AM) a Boa Vista (RR), foi leiloada em setembro de 2011. A obra previa, já naquela época, fazer a interligação elétrica da capital de Roraima, a única que ainda estava desplugada do SIN (Sistema Interligado Nacional).

A previsão contratual era de executar a obra em apenas três anos, mas o projeto acabou mergulhado, nos anos seguintes, em um imbróglio socioambiental sem fim, devido aos impactos que seriam causados à terra indígena Waimiri Atroari, que é cortada por 144,7 km da linha de transmissão.

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Uma das aldeias do povo Waimiri Atroari, em Presidente Figueiredo (AM), onde indígenas já foram impactados pela construção do reservatório da hidrelétrica de Balbina e da BR-174 - Lalo de Almeida 17.set.2022/Folhapress

Conforme informações levantadas pela Folha, das 1.390 torres de transmissão do projeto, 237 passam dentro da terra indígena, em uma área paralela ao traçado da BR-174, rodovia que leva até Boa Vista. Cerca de 2.300 indígenas vivem na região.

No processo de licenciamento da obra, a Transnorte Energia passou anos em negociação com a ACWA (Associação do povo Kinja), até chegar a uma proposta final de indenização. O acordo incluiu exigências como a construção do Centro de Gestão Ambiental Kinja-CGAK, já entregue, além do fornecimento e instalação de sistema de rádio comunicação e internet para as aldeias.

Segundo o governo de Roraima, o acordo judicial para compensação ambiental do projeto soma cerca de R$ 90 milhões.

Ao detalhar o andamento da obra, a concessionária chama a atenção para as "limitação da quantidade de frentes de trabalho" nos canteiros que ficam na terra indígena, além da "adequação à rotina dos povos originários".

Entre os sete lotes de obras do projeto, aquele que passa pela terra demarcada é o que segue em marcha mais lenta.

Os indígenas, conforme previamente acordado, controlam os acessos, horários e monitoram cada uma das etapas de construção, exigindo limitações de cortes de vegetação e retirada de materiais usados nas obras, entre outras determinações.

O acompanhamento da obra é feito com lupa pelos técnicos da agência reguladora, devido à sucessão de prazos e atrasos que marcam o histórico de um dos projetos mais polêmicos do setor elétrico nos últimos anos.

Neste caminho, a Transnorte chegou a apresentar, inclusive, um pedido de desistência de tocar o projeto, pedindo uma indenização bilionária à União.

A Funai (Fundação Nacional do Índio), durante o governo do então presidente Jair Bolsonaro, chegou a autorizar o avanço da obra mesmo sem o entendimento prévio com os indígenas. O caso, porém, foi travado na Justiça. Em 2021, houve, finalmente, a assinatura de um termo aditivo, prevendo um acordo com os Waimiri Atroari e a entrega da linha em setembro de 2024.

Esse novo prazo, porém, seria mais uma vez frustrado, segundo a empresa, devido à dificuldade de execução de obras dentro do canteiro localizado no território indígena. Por isso, foi solicitado mais um ano para entregar a obra, em setembro de 2025.

A Transnorte Energia tenta se livrar de eventuais punições pelo mais recente atraso e argumenta que não pode ser responsabilizada por situações que não teria dado causa. Seu pedido ainda é analisado pela agência reguladora.

"A data prevista para setembro de 2025 considera a impossibilidade de início das obras até setembro de 2022 (um ano de atraso em relação ao aditivo contratual) e as condicionantes definidas a partir da consulta aos Waimiri Atroari, ressaltada a maior lentidão da evolução das obras na terra indígena", afirma a concessionária.

No fim do ano passado, o MME (Ministério de Minas e Energia) informou que o sistema nacional elétrico chegou a 187,8 mil quilômetros de linhas de transmissão. Em 2024, 2.600 quilômetros de novas linhas entraram em operação. Para 2025, a pasta projeta a implantação de mais 1.500 km de redes.

A preocupação em interligar Roraima à malha nacional passa pela possibilidade de enviar energia de outras regiões para o estado e, assim, reduzir o consumo de óleo diesel, que hoje é a principal fonte de produção de energia na região. Ao todo, cerca de 1.000 litros de óleo são queimados todos os dias para garantir o abastecimento de Boa Vista.