segunda-feira, 16 de setembro de 2024

PIB do 2º trimestre revela jeito petista de governar, Samuel Pessôa, FSP

 A economia surpreendeu muito no segundo trimestre. Cresceu 1,4% ante o primeiro e 3,3% ante o segundo trimestre de 2023 após os efeitos sazonais. Eu prefiro olhar as taxas interanuais. Parte da surpresa foi devido a um dia útil a mais no segundo trimestre de 2024. Tiradentes, feriado, caiu no domingo em 2024 e na sexta-feira em 2023.

Parte do crescimento do investimento —surpresa positiva da divulgação— foi a normalização de ônibus e caminhões após o recuo em 2023. O ano passado foi o primeiro de vigência das novas normas de eficiência energética Euro 6 para os caminhões. Em 2022, houve antecipação de compras de caminhões e ônibus com as normas Euro 5. Investimentos em ônibus e caminhões explicam um ponto percentual dos 5,7% de crescimento interanual do investimento.

Dois homens sentados em cadeiras, conversando de forma animada. Um deles, com cabelo grisalho e barba, usa um terno escuro e gesticula com a mão. O outro, com cabelo escuro e terno claro, escuta atentamente. Ao fundo, uma parede verde e pessoas em pé.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante reunião no Palácio do Planalto, em Brasília - Andressa Anholete/3.jul.24/Reuters

Independentemente desses ajustes, a grande surpresa foi no consumo e, consequentemente, nos serviços. Sempre que o consumo vai bem, os serviços vão também; sempre que os investimentos vão bem, as importações e a indústria manufatureira vão bem.

Para termos uma ideia da surpresa da divulgação, o FGV Ibre esperava que a economia crescesse 2,6% ante o segundo trimestre do ano anterior. O número divulgado foi 3,3%, uma surpresa positiva de 0,7 ponto percentual (3,3-2,6). A surpresa no consumo das famílias e do governo explica 0,8 ponto percentual a mais de crescimento da economia.

Apesar do bom desempenho do investimento, 5,7% ante o mesmo trimestre de 2023, o FGV Ibre esperava 7%. Já se sabia, por exemplo, que o investimento em caminhões seria forte.

Mas o resultado mais saliente e que, para mim, caracteriza melhor o que podemos chamar de "jeito petista de governar" foi o crescimento de 4,7% da demanda doméstica, bem acima dos 3,3% de crescimento da economia.

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Se a economia cresceu 3,3% e a demanda cresceu 4,7%, sempre ante o mesmo trimestre do ano anterior, a diferença vazou para as importações. Estas cresceram 14,8%.

A grande dificuldade é que só parte dos bens pode ser importada. Há parte dos bens e serviços que é consumida, mas não pode ser importada. São os bens e serviços não comercializáveis internacionalmente. O excesso de demanda sobre a oferta, para esses bens, desaguará em pressão inflacionária.

A taxa de desemprego encontra-se no menor valor desde o segundo trimestre de 2014, e o nível de utilização da capacidade instalada, no menor valor desde o primeiro trimestre de 2014. A economia claramente opera a plena carga.

O "jeito petista de governar" é empregar a elevação do gasto público para fazer a economia testar seus limites. A roda da economia precisa girar. Uma hora será necessário colocar mais juros na economia.

Soube pela imprensa que o manto tupinambá foi devolvido pela Dinamarca para o Brasil. Há algum tempo o Museu Nacional ardeu em chamas. Em 2024, a amazônia arde. O atual grupo político no governo lidera o Palácio do Planalto em 75% do tempo dos últimos 22 anos. Não fiquei feliz com a vinda do manto. Acho que estava em mãos melhores na Dinamarca.

Viver como os bonobos seria a única forma de ser darwinista e progressista, Pondé, FSP

 Somos chimpanzés, mas alguns de nós querem nos transformar em bonobos hippies e feministas. Claro que essa frase é retórica. Primeiro, somos homo sapiens e não somos nossos parentes muito próximos, os chimpanzés e bonobos. Segundo que é falsa a ideia de que esses animais seriam um grupo pacífico porque as fêmeas mandariam. Sinto muito pelos bonobistas.

Há muitos casos observados em que as bonobos fêmeas, mais poderosas politicamente do que as primas chimpanzés dentro de suas comunidades, são também muito mais agressivas. Logo, há uma enorme chance de que o caráter pacífico das fêmeas chimpanzés seja apenas consequência da falta de poder que elas têm em relação aos machos. Trocando em miúdo: teve poder, ficou agressiva.

Título: Nossa alma ancestral

  A ilustração de Ricardo Cammarota foi executada em técnica manual com lápis grafite sobre papel craft. 
Na horizontal, proporção 13,9cm x 9,1cm, a ilustração apresenta uma composição, estilo esboço, em traços soltos e rabiscados, de figuras de rostos das espécies: lêmure, macaco velho mundo, gibão, orangutango, gorila, chimpanzé e hominídeo
Ricardo Cammarota

A esquerda está errada em relação à natureza dos nossos primos, como quase sempre está, inclusive em relação a natureza do homo sapiens.

Quase tudo de importante que sabemos sobre nossos primos devemos aos trabalhos iniciados pela primatologista Jane Goodall, no sudeste da África, na década de 1960. Claro, outros estudos se seguiram.

Para quem ainda não percebeu, estamos aqui no universo darwinista, onde me sinto bem a vontade —sempre achei muito interessante nossa ancestralidade ser próxima aos chimpanzés. O darwinismo é uma teoria que apanha muito desde o início. Por um lado, os criacionistas e sua teoria do design inteligente, segundo a qual fomos planejados por Deus. Por outro lado, a turma das ciências sociais considera o darwinismo "de direita".

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Por isso, muitos querem dizer que podemos ser hippies, polissexuais —transam com todo mundo o tempo todo– e feministas, como a lenda afirma acerca dos bonobos. Seria a única forma de ser darwinista e progressista.

Entre vários títulos na área, indico "Demonic Males" de Richard Wrangham e Dale Peterson. O livro é de 1996, mas continua atual. Wrangham foi aluno de Goodall e iniciou sua pesquisa na Tanzânia.. Wrangham, em 2019, lançou "The Paradox of Goodness", um estudo evolucionário acerca de como uma espécie violenta como a nossa pode desenvolver virtudes.

Não vou perder tempo aqui sustentando a proximidade chocante, do ponto de vista genético, entre nós e os chimpanzés. Remeto o leitor aos títulos acima citados, além de uma enormidade de outros existentes.

Os autores do "Demonic Males" mostram como olhar o comportamento de um chimpanzé –espécie conservadora em termos evolucionários, que não sofreu muita mudança nos últimos cinco milhões de anos, nem se mexeu além da linha equatorial africana, diferente de nós, que mudamos e viajamos muito– é como entrar numa "máquina do tempo", como dizem os autores, que nos leva ao nosso ancestral comum que não devia ser muito diferente do chimpanzé atual. Ancestral este, pai e mãe, tanto dos chimpanzés e bonobos, quanto dos sapiens.

Chimpanzés machos se unem para invadir territórios vizinhos de outras comunidades de chimpanzés para matar os machos –que podem ter sido seus "amigos" antes de as duas comunidades se separarem e ocuparem espaços contíguos–, ocupar o território e roubar as fêmeas, que passam a reconhecer a nova comunidade como sua e entram no ciclo do sexo reprodutivo com os machos responsáveis por aniquilar a sua antiga comunidade.

Um detalhe interessante é que as fêmeas que não reproduzem podem atacar e ir à caça junto com os machos. Fêmeas "emancipadas da maternidade", diríamos nós hoje.

Outro fator observado é que machos mais violentos e bem-sucedidos na matança e na caça reproduzem mais. Entre os chimpanzés, presentes dados às fêmeas abrem as portas para o seus corações.

Nada disso quer dizer que ser violento é bonito. Apenas demonstra que a violência humana não é fruto da cultura sapiens, nem do capitalismo, nem do patriarcalismo –lembramos acima que fêmeas bonobos podem ser bem violentas.

Os mesmos chimpanzés que brincam, trocam carícias, choram seus mortos e cuidam de seus doentes também matam seus semelhantes pelos mais variados motivos. A natureza é amoral. Eis nossa alma ancestral.

Nada disso justifica moralmente a violência, como muitos já quiseram dizer. A natureza nunca serviu para uma fundamentação transcendental da moral. Nossa herança evolucionária deve ser um alerta contra delírios metafísicos e morais.

Está cada vez mais difícil se hospedar em um hotel de luxo, The News

 


(Imagem: Pinterest)

Se você cresceu pensando que dava pra ser igual o Zack e Cody do “Gêmeos em Ação”, saiba que o sonho de morar em um hotel de luxo está cada vez mais difícil de ser alcançado.

À medida que mais viajantes ricos estão bem em pagar taxas exorbitantes, o número de quartos de hotel caros aumentou consideravelmente — e em todas as partes do mundo.

🇺🇸 Só pra ter ideia, nos Estados Unidos, o número de hotéis com uma diária média acima de US$ 1.000 no primeiro semestre deste ano foi de 80, em comparação com 22 em 2019.

🇪🇺 Na Europa, o número de lugares triplicou, para 183. Os aumentos ultrapassaram em muito a abertura de novos hotéis.

E como algumas redes de luxo não compartilham esses dados, estima-se que o total seja bem maior. A pesquisa também não contabilizou hospedagens que ultrapassam o valor em períodos de pico.

E aqui no Brasil? 🇧🇷

Por aqui, as diárias médias subiram 18% em relação a 2022, alcançando R$ 368 nas 10 principais capitais. Agora, pra quem tem curiosidade em saber, aqui estão as 5 diárias mais caras do Brasil:

  1. Tivoli Mofarrej, em São Paulo, com diárias de até 30 mil;

  2. Hotel Renaissance, em Jardins, São Paulo, com diárias até 26 mil;

  3. Hotel Unique, também em Jardins, com diárias de até 24 mil;

  4. Royal Tulip Brasília Alvorada, em Brasília, com diárias até 10 mil;

  5. Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, com diárias até 5 mil.