segunda-feira, 8 de abril de 2024

Vice evangélico pode ser bala de prata do PT para 2026, Juliano Spyer - FSP

 Vamos traçar uma linha imaginária de hoje até o segundo turno da eleição presidencial de 2026.

A menos que algum evento extraordinário aconteça, estarão no segundo turno o presidente Lula como candidato do governo e o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, representando a oposição.


Esse cenário lembra o da eleição de 2018, quando Lula estava preso e indicou o hoje ministro Fernando Haddad para concorrer representando-o. Na próxima disputa, o ex-presidente Bolsonaro poderá estar preso, disputando o pleito indiretamente apoiando Tarcísio.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad - Pedro Ladeira/Folhapress

Mas Tarcísio será mais competitivo do que Haddad foi; talvez mais competitivo do que o próprio Bolsonaro seria em 2026, por conta dos escândalos que vieram à tona e que a Polícia Federal investiga. Tarcísio terá o apoio de bolsonaristas, mas, por ter uma postura moderada, mobilizará também conservadores que, por motivos variados, se distanciaram do ex-capitão.

PT escolheu lidar com evangélicos como um problema no campo da comunicação. É uma atitude preguiçosa: enterrar a cabeça no chão torcendo para o problema desaparecer. O que, então, restará na mesa como fichas de jogo, para o presidente e para seu partido, caso essa estratégia falhe nas eleições municipais deste ano e evangélicos continuem rejeitando o governo?

Em 2001, Lula enfrentava uma situação parecida à que hoje vive com o campo evangélico. Na época era o segmento empresarial que estava receoso. Eles tinham medo do que um militante do movimento sindical faria caso se tornasse presidente do país. E eles foram positivamente surpreendidos pela escolha de José Alencar, empresário de sucesso, sem experiência prévia na política, para o posto de vice-presidente da candidatura do PT.

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Lula não precisa ter a maioria dos votos de evangélicos, mas precisa defender aqueles que já conquistou em eleições passadas e manter moderados em dúvida, sabendo que há mais de uma alternativa na mesa para eles. Eleitores evangélicos precisam continuar acreditando, ao contrário do que o bolsonarismo prega, que é compatível ser de esquerda e ser evangélico.

Interlocutores evangélicos com quem conversei —conservadores nos costumes— concordaram que um candidato a vice evangélico pode funcionar como uma bala de prata para o governo. Demonstra a disposição de Lula de governar o país junto com esse grupo.

Para a estratégia funcionar, o presidente deve primeiro identificar lideranças conservadoras, mas democratas, amplamente respeitadas dentro de um campo muito diverso. Há nomes com esse perfil. O maior desafio do PT será convencer um deles a aceitar o convite.

spyer@uol.com.br

Mudança da sede do governo é projeto de gentrificação, FSP

 

SÃO PAULO

O projeto da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) de levar a sede do governo para o Palácio dos Campos Elíseos, na avenida Rio Branco, e criar um complexo administrativo com todas as secretarias estaduais ao redor visa tirar pobres e sem-teto do centro da cidade e deslocá-los para regiões distantes de seus trabalhos.

Trata-se de uma decisão sumária que não mede as consequências para a comunidade local. Por trás dela há um objetivo claro de gentrificação, processo que leva ao encarecimento do custo de vida na região afetada e aumenta a segregação social. Em vez de incluir a população existente, o governo quer exclui-la da paisagem sem qualquer debate público.

A mudança da sede do governo do Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, para o Centro é uma das promessas de campanha de Tarcísio, que pretende desapropriar cerca de 230 imóveis. Uma declaração de utilidade pública com validade de cinco anos foi assinada para acelerar esse processo.

O governador paulista, Tarcisio Freitas, após reunião com o ministro da economia, Fernando Haddad - Gabriela Biló/Folhapress

O plano foi lançado no dia 27 de março quando se anunciou um concurso público organizado pelo IAB-SP (Instituto dos Arquitetos do Brasil em São Paulo) para escolher o projeto arquitetônico do novo complexo. O resultado da concorrência sairá no dia 2 de agosto.

Segundo nota técnica publicada no site do Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (LabCidade FAU/USP), o projeto do governo "pressupõe demolir ao menos cinco quadras, ocupadas atualmente por cerca de 800 pessoas, segundo os dados do Censo populacional do IBGE de 2022, parte das quais morando em regiões encortiçadas".

Ainda segundo a nota técnica, são áreas demarcadas parcialmente como Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) 3 e 5 pelo Plano Diretor de 2014. "Não há no projeto e nem no edital do concurso nenhuma menção a respeito do destino destes moradores, além do descumprimento da legislação urbanística em relação aos usos e destinação das ZEIS", informa.

Também subscrevem a nota, que exige a suspensão imediata do projeto, visto como uma "violência", o Observatório de Remoções, o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, o Laboratório Justiça Territorial da Universidade Federal do ABC e a União dos Movimentos de Moradia de São Paulo.

Fachada do Palácio dos Campos Elíseos, sede do novo Museu das Favelas, em São Paulo
Fachada do Palácio dos Campos Elíseos, futura sede do governo estadual - Black Pipe/Divulgação

O governo declarou que pretende gastar R$ 415 milhões nas desapropriações para erguer seu complexo administrativo. Apenas um imóvel será mantido na área afetada: o conjunto Carlos Marighella, com 131 unidades habitacionais.

Uma das estruturas que serão eliminadas da região é o Terminal Princesa Isabel, que recebe 18 linhas de ônibus e atende milhares de pessoas diariamente. Não se sabe o novo destino do terminal e nem foi analisado o impacto que sua mudança terá na rotina dos usuários.

Outro alvo prioritário e declarado da iniciativa do governo é combater a concentração de dependentes químicos na região conhecida como cracolândia nas imediações da avenida Rio Branco.

Um dos objetivos do governo é afastar o fluxo da cracolândia da avenida Rio Branco - Felipe Iruatã / Folhapress

O governo vai levar seu projeto adiante por meio de uma PPP (Parceria Público Privado). O objetivo é iniciar a construção já no ano que vem. As obras devem se prolongar durante três ou quatro anos. Hoje a administração estadual está dividida em 60 prédios. Vinte e dois mil servidores, atualmente espalhados pela cidade, estarão concentrados no novo local. Tarcísio diz que a iniciativa vai reduzir custos administrativos.

O investimento estimado no complexo, que terá 12 ou 13 torres de 90 metros de altura, é de R$ 3,9 bilhões, incluído o custo das desapropriações. O valor será pago, ao longo de 30 anos, ao concessionário da PPP vencedor da licitação para edificá-lo, administrá-lo e explorá-lo comercialmente.

A iniciativa tem apoio do prefeito Ricardo Nunes (MDB) que transferiu a posse do parque Princesa Isabel para o governo do Estado. O parque será reconvertido em praça e anexará a área hoje ocupada pelo Terminal Princesa Isabel.

O Palácio dos Bandeirantes não será desativado e continuará sendo a residência oficial do governador. O Palácio dos Campos Elíseos foi sede do governo de 1935 a 1965.


Crise de moradia, The News

 

(Imagem: Euronews | Reprodução)

Com quase 1 milhão de pessoas em situação de rua, os países da Europa tentam lidar com uma crise de moradias.

Pra se ter uma ideia, comparando os números de 2010 até 2023, os preços das casas na UE aumentaram 48%, enquanto as rendas tiveram aumento de 22%.

Explicando… Com os preços das casas subindo — consequência da pandemia e aumento da inflação — aumenta o número de desabrigados que não tem condição de ter onde morar.

  • 🇫🇷 Um exemplo é o número de pessoas sem casa na França, que mais que dobrou na última década, passando de 133 mil para 330 mil.

  • 🇪🇸 🇮🇪 Na Espanha, esse mesmo número aumentou 24% em 10 anos e, na Irlanda, os centros de acolhimento registraram um aumento de 40% na procura.

Por outro lado, teve um país que “fugiu” de toda essa situação… 🇫🇮

“O jeito finlandês”. A Finlândia não é só o lugar mais feliz do mundo, como também é o único pais da UE que tirou quase todas as pessoas em situação de rua… das ruas.

Um projeto cedeu apartamentos para 60% dos desabrigados. Em números, a quantidade caiu de 20 mil nos anos 80 para 3.600 hoje.

O objetivo do Sr. Alexander Stubb — o presida finlandês — a ideia é zerar esse número até 2027.