terça-feira, 1 de agosto de 2023

PF e Exército em choque pelo 8/1, MEIO

 


A tentativa de golpe de 8 de janeiro botou de lados opostos os militares e a Polícia Federal. Ontem, o Exército apresentou as conclusões de seu inquérito sobre os distúrbios, isentando a tropa e apontando “indícios de responsabilidade” da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, que integra o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Segundo o inquérito militar, devido à falta de planejamento, os militares em campo não tinham condições de reagir à investida golpista e, se houvesse planejamento “adequado” no início do governo Lula, seria possível evitar a invasão ou minimizado os estragos. (Folha)

Em resposta, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues afirmou que os atos golpistas deveriam ter sido evitados já em dezembro, mas os militares não permitiram a remoção dos acampamentos em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. Em 8 de janeiro, quando a PF voltou ao local, havia tanque no meio da rua, impedindo a entrada dos policiais. Ele também afirmou ontem que outras ações serão realizadas contra envolvidos nos ataques golpistas. “Já fizemos 14 ou 15 fases da operação Lesa Pátria, e outras ações virão”, disse durante evento pelos dez anos da Lei Anticorrupção em São Paulo. Em 7 de janeiro, Andrei alertou sobre a movimentação golpista em ofício ao ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, que teria comunicado o governo do DF. (Folha)

Investigado e preso algumas vezes por envolvimento em atos antidemocráticos, o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio será incluído na lista da Interpol de procurados para extradição. A determinação foi dada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes à PF. A prisão do blogueiro foi determinada por Moraes em dezembro por descumprimento de medidas cautelares de uma detenção anterior por participação em protestos pró-intervenção militar, mas ele havia deixado o país após as eleições de 2022. (g1)

Meio em vídeo. Artigo de general, inquérito militar fajuto, começou a operação abafa, começou a pressão por uma lei da anistia 2.0 para livrar os militares de sua responsabilidade por uma tentativa de golpe de Estado. Não dá. Não mais. Veja o que pensa Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

A imagem do jornalista negro Luan Araújo sendo perseguido pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) com uma arma em punho marcou a véspera do segundo turno presidencial. Na última sexta-feira, o juiz Fabricio Reali Zia, do Juizado Especial Criminal de SP, discordou do entendimento do Ministério Público de rejeitar a ação de difamação movida pela parlamentar contra o jornalista, pediu a realização de uma audiência preliminar sobre o caso e determinou a remoção do texto em que Luan critica a bolsonarista no Diário do Centro do Mundo. O juiz afirma que há um “excesso de linguagem na matéria jornalística”. (UOL)

facebooktwitterwhatsapp

Cerca de 1.500 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deixaram ontem área da Embrapa Semiárido, em Petrolina (PE), após ocuparem o local na tarde de domingo. Segundo o MST, a invasão ocorreu porque o governo não assentou as famílias acampadas na região, conforme combinado para encerrar a onda de invasões de abril passado. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, disse que haverá uma reunião hoje para tratar das demandas que, segundo o movimento, ainda não foram atendidas. A Embrapa repudiou o ato e afirmou que o Semiárido Show, um dos eventos mais importantes da região, para repasse de tecnologias a pequenos, começará hoje no local, como previsto. (CNN Brasil)

Roseann Kennedy: “A cúpula da CPI do MST já havia prometido um agosto tenso para o governo Lula, e a ideia ganhou ainda mais combustível após a invasão de uma área da Embrapa, no último domingo. A primeira reunião da comissão, marcada para hoje, prevê a votação de 11 requerimentos, sendo três deles para convocação do ministro Paulo Teixeira”. (Estadão)

facebooktwitterwhatsapp

Durante a visita de uma comitiva saudita ao Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recebeu ontem do ministro de Investimentos do país árabe, Khalid Al-Falih, uma onça de ouro, de valor não divulgado, enquanto o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ganhou uma estátua de camelo com pedras preciosas. Mas, por orientação da Receita Federal, as peças foram devolvidas à Embaixada da Arábia Saudita, em Brasília. Se o governo saudita quiser reenviar os presentes, terá de cumprir os trâmites da lei brasileira. (g1 e Poder360)

Enquanto isso... A Comissão de Ética Pública (CEP) da presidência abriu processo contra três envolvidos no caso das joias sauditas enviadas para o ex-presidente Jair Bolsonaro: o ex-secretário da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes, o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque e o ex-chefe de gabinete adjunto de Documentação Histórica Marcelo da Silva Vieira. A CEP também enviou a documentação ao Exército para avaliar um processo ético contra o tenente-coronel Mauro Cid, antigo ajudante de ordens de Bolsonaro. (Globo)

facebooktwitterwhatsapp

Avanço do crime organizado na Baixada Santista e disputa de território aumentam violência no Guarujá, OESP

 A cidade do Guarujá está sob clima de tensão e violência, que já resultou em dez mortes desde a noite de quinta-feira, 27, quando um policial das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) foi assassinado e a Polícia Militar reagiu com uma operação de caçada aos responsáveis. Mais conhecida pelas praias que atraem paulistanos nos fins de semana, a Baixada Santista tem visto recentemente o avanço do crime organizado.

A região concentra um dos maiores números de comunidades espalhadas pelos morros e manguezais do Estado. São ao menos 40, cinco delas no Guarujá.

Nesta geografia, locais de difícil acesso para o policiamento motorizado ajudam na expansão das facções, que disputam entre si o controle do território. A proximidade com o Porto de Santos, usado para o escoamento de drogas para o exterior, atrai grupos que desejam aumentar seu poder no tráfico. Somente nos três primeiros meses do ano, equipes da Receita Federal interceptaram dez partidas de cocaína - totalizando 2.686 quilos - no porto de Santos.

Movimentação de policiais militares no distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá; PM faz operação na cidade
Movimentação de policiais militares no distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá; PM faz operação na cidade Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

A investigação policial aponta que o suspeito de ter disparado contra os policiais da Rota, Erickson David da Silva, de 28 anos, cresceu no Primeiro Comando da Capital (PCC) na Baixada Santista. ‘Deivinho’ conheceu a facção há sete anos e teria recebido lições de tiro em uma das células do grupo criminoso instaladas nos morros existentes na região.

O promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), Silvio de Cillo Loubeh, que atuou na investigação e repressão a saques de trens na Baixada Santista, acredita que os traficantes atiraram contra a polícia para proteger o ponto de tráfico. “Infelizmente, é a realidade da Baixada Santista. Nesses lugares a polícia é sempre recebida a tiros.” Segundo ele, o atirador fazia parte da chamada “contenção” – grupos armados que protegem o ponto de venda de drogas.

Continua após a publicidade

“Isso acontece em Santos, no Rádio Clube; em Cubatão, na Vila Esperança e na Vila dos Pescadores; em São Vicente, em Fazendinha, Dique do Piçarro, Dique da Caixeta e Sambaiatuba; e no Guarujá, na Vila Zilda. Se a polícia intensificar as operações, vamos ter mais confrontos”, afirma Loubeh.

Investigações conduzidas em 2020 pelo MP-SP mostraram a ação da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) na Baixada Santista. Na ocasião, foi identificado que o traficante Frank Cavalcante Nobre, além de exercer a função de “cadastro final” na região do litoral paulista, coordenava o tráfico de rua do PCC no Amazonas. Frank foi preso em agosto daquele ano, em Cubatão, mas outras lideranças ocuparam seu posto rapidamente.

Alguns chefes do PCC são oriundos da Baixada Santista, como é o caso de André Oliveira Macedo, o André do Rap, um dos criminosos mais procurados do Estado. Também está foragido, mas sem abandonar a região, o traficante André Luiz dos Santos, o Keko, uma das pontes do PCC com o tráfico internacional.

David Marques, coordenador de Projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, lembra que o Porto de Santos “é um equipamento que tem grande atratividade pela capacidade de trânsito de mercadorias para o PCC fazer circular suas mercadorias, sobretudo drogas.”

Nos últimos anos, a facção fortaleceu suas conexões com grupos criminosos no exterior, com rotas de envio de cocaína para Europa e África. Como o Estadão revelou, o PCC recebia até armas do Paquistão em troca do pó enviado para a ‘Ndrangheta, a máfia da Calábria, sul da Itália.

Clarissa Borges, mestre em psicologia social do Instituto Elos, organização de direitos humanos que atua há quase 25 anos na Baixada Santista, destaca a vulnerabilidade na região, em meio à disputa de territórios pelo tráfico. Tem uma vulnerabilidade sistêmica, ligada às condições de vida nesse território. As pessoas não têm trabalho nem renda e às vezes buscar uma alternativa que pode ser perigosa. Há territórios em que a insegurança alimentar é muito impactante”, afirma.

Continua após a publicidade

Disputa de territórios

Um policial militar lotado no Guarujá, e que falou ao Estadão sob a condição de não ser identificado, contou as dificuldades que os policiais de fora, enviados para reforçar o policiamento na região, estão enfrentando.

“O pessoal aqui é mais fechado, mais desconfiado e solidário entre eles. Tem morro, mangue, muita ‘quebrada’. Quem não conhece fica exposto”, disse ele. Segundo o agente, o PM da Rota morto não teve tempo de conhecer a região. “Nesse aspecto, estava vulnerável”, disse.

Em nota, a SSP informou que as polícias Civil e Militar estão unindo esforços para realizar ações integradas em toda a Baixada Santista, incluindo o Guarujá. Foram realizadas 5.156 prisões e 435 apreensões de armas de fogo apenas neste semestre. Ainda de acordo com a pasta, neste ano cinco policiais da reserva e um em serviço morreram na Baixada Santista.

As prisões efetuadas no Guarujá apresentaram um aumento de 22% em comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação aos crimes contra cargas e patrimônio, a PM realiza patrulhamento ostensivo e preventivo, sendo reforçada pela “Operação Impacto - Modal Ferroviário Litoral Sul”.

Rosana Hermann - Xuxa é a nossa Barbie e eu posso provar - FSP

 Nunca tive Barbie, nunca brinquei com uma dessas bonecas nem curto nada cor-de-rosa. E, no entanto, eu amei o filme. Ri, chorei, refleti, me surpreendi e, sobretudo, me envolvi totalmente na história. E ainda tive um insight: a nossa Barbie sempre foi Xuxa.

Primeiro porque, como a própria artista disse em seu documentário, ela se vestia e se apresentava como se fosse uma boneca. E mais: Barbie quebrou o paradigma da boneca com corpo de bebê que transformava a criança em mamãezinha para ser uma inspiração para as meninas, um "ideal" de mulher.

Xuxa também fez isso. Surgiu como uma jovem linda e sexy numa época em que apresentadores de programas infantis eram artistas-mirins, palhaços ou bonecos. E se tornou a garota que todos queriam ser e copiar.

O planeta Xuxa era a própria Barbielândia, um universo de fantasias coloridas, que encantava as meninas e as adultas, cheio de música, brincadeiras e alegrias, que permitia que muitas crianças vivessem num mundo cor-de-rosa, de ilusões, onde tudo era perfeito. Um mundo dominado por mulheres onde os homens eram todos coadjuvantes.

PUBLICIDADE

Basta dizer que os paquitos nunca chegaram aos pés das paquitas. Aliás, nunca nem deram muito certo. O mundo da Xuxa sempre foi um matriarcado e Xuxa era a rainha.

E, por falar em protagonismo feminino, veja o que Xuxa revelou recentemente sobre o pai de Sasha: que ela nunca gostou dele o suficiente para casar e que, de certa forma, o "usou" para engravidar, embora tenha sido sempre verdadeira em colocar suas intenções. Ou seja, Xuxa é Barbie e Luciano Szafir foi totalmente seu Ken. E o mais louco… Szafir era surfista! Igualzinho ao Ken!

Até mesmo a indústria fabricante da Barbie, a Mattel, pode ser comparada à Rede Globo, que "produziu" o fenômeno Xuxa de forma industrial. E, assim como Barbie, Xuxa também teve seu momento de crise existencial, que acabou libertando-a daquela imagem eterna de Rainha dos Baixinhos e permitiu que ela se tornasse mais adulta, mais humana.

E se você ainda não comprou a ideia dessa comparação, tem mais. As duas são loiras, altas, magras, lindas, "nasceram" em março e são da mesma geração (Barbie tem só quatro anos a mais que Xuxa). E são um sucesso estrondoso.

O filme "Barbie" é um sucesso absoluto. Espera-se que a bilheteria chegue a US$ 1 bilhão (cerca de R$ 4,78 bilhões no câmbio atual). Xuxa não movimenta tudo isso nos dias atuais, mas, em compensação, desde que seu documentário foi lançado, ela não sai da mídia, é pauta constante e ainda vai ter mais um produto biográfico audiovisual que será lançado em 2024.

Xuxa, para o Brasil, sempre foi o que a Barbie representou para os americanos. A modelo que as meninas queriam ser, a garota que os meninos queriam ter.

A grande diferença, claro, é que Barbie não é real, enquanto Xuxa além de real é verdadeira, bacana, sincera. E, hoje, como uma mulher madura, bem resolvida e livre, pode falar do alto preço que pagou por ter sido, durante tanto tempo, usada como uma boneca.

À Barbie do filme e à Xuxa do mundo real, obrigada pelos ensinamentos.