terça-feira, 27 de julho de 2021

Barroso cria núcleo no TSE para monitorar manifestações que atentem contra a segurança do sistema eleitoral, OESP

 O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), escalou dois profissionais do alto escalão da instituição para formar um núcleo de monitoramento que reforce a segurança do sistema eleitoral brasileiro. A decisão tomada nesta terça-feira, 27, ocorre em um momento em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e membros do governo federal investem em uma escalada de tensão na relação com os líderes dos outros dois Poderes da República, a fim de viabilizar a pauta do voto impresso auditável – amplamente defendida pelo chefe do Executivo.

Com a missão de acompanhar qualquer manifestação que diga respeito à segurança do processo eleitoral, Barroso definiu como responsáveis a secretária-geral do TSE, Aline Osório, e o secretário de tecnologia da instituição, Julio Valente. Juntos, eles terão a função de dar continuidade e aprimorar a campanha contra a circulação de notícias falsas que desinformam sobre as eleições e a urna eletrônica. Atualmente, o Tribunal veicula notícias em seu site com o intuito de desmentir conteúdos tendenciosos envolvendo a instituição. sobre a eleição e a urna eletrônica.

O Tribunal tem sido um dos alvos preferenciais do presidente Jair Bolsonaro em sua cruzada contra a urna eletrônica. No dia 9 deste mês, Bolsonaro insultou o atual presidente do TSE chamando-o de “imbecil”. Na mesma ocasião, o chefe do Executivo subiu o tom contra o sistema eleitoral e deu vazão à tônica de ameaças cada vez mais presente no discurso do governo contra as eleições do ano que vem. “Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, disse a apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada.

Os ataques ao processo eleitoral, porém, não se restringem mais à alçada do presidente da República. Como mostrou o Estadão, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, declarou a um importante interlocutor político do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que ele dissesse “ a quem interessar” que as Forças Armadas não estarão dispostas a permitir a realização dos pleitos estadual e federal no ano que vem sem a adoção do voto impresso.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de autoria da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), que pede a inclusão de impressoras na urna eletrônica a fim de criar uma nova etapa de auditagem dos votos, atualmente encontra-se em tramitação na Câmara. A pauta, porém, tende a não ser aprovada nem mesmo na Comissão Especial que analisa o projeto.


Por saúde mental, Simone Biles pode ficar fora da final individual da ginástica nos Jogos de Tóquio, OESP

Redação, O Estado de S. Paulo

27 de julho de 2021 | 09h38
Atualizado 27 de julho de 2021 | 15h59

A ginasta Simone Biles ficou fora da final por equipes do time dos Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Tóquio nesta terça-feira, dia 27 (no horário do Brasil). Sem ela, o time americano perdeu o ouro para as rivais russas e não confirmou o tricampeonato olímpico da disputa. Restou a medalha de prata, e a Grã-Bretanha completou o pódio. A maior estrela dos Jogos de Tóquio vive um drama emocional. Ela se sente pressionada por grandes resultados. Sua participação nas cinco provas individuais, na quinta-feira, não está confirmada. A brasileira Rebeca Andrade está entre as finalistas. 

No Centro de Ginástica Ariakea, a americana de 24 anos cometeu uma falha no salto, a primeira prova por equipes, e foi retirada da disputa dos outros aparelhos. A dona de quatro medalhas de ouro e uma de bronze nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 não está suportando a pressão emocional e a cobrança por repetir o feito e se tornar uma das maiores ginastas de todos os tempos.

Simone Biles sentiu um problema no tornozelo após um salto na final por equipes
Simone Biles sentiu um problema no tornozelo após um salto na final por equipes Foto: Ashley Landis / AP

Na entrevista coletiva após a conquista da medalha de prata, a ginasta confirmou a decisão de deixar a prova. "Eu senti que seria melhor que eu me afastasse... Eu não queria arriscar uma medalha do time, porque elas trabalharam duro demais para eu estragar tudo". Os Estados Unidos não perdiam uma grande competição (Olimpíadas e Mundiais) desde o Mundial de Roterdã, em 2010, quando as russas foram campeãs.

Simone Biles negou problemas físicos. Depois da desistência, ela continuou no ginásio apoiando as companheiras. A USA Gymnastics (Federação de Ginástica dos Estados Unidos) chegou a divulgar que Simone Biles havia sido retirada da decisão por motivos médicos. A ginasta confirmou que se sente pressionada.

"A saúde mental vem em primeiro lugar porque se você não se diverte no seu esporte, você não consegue fazer as coisas que você gostaria. Preciso me concentrar no meu bem-estar, há vida além da ginástica. Infelizmente aconteceu nesse palco. Esses Jogos Olímpicos têm sido muito estressantes. Tivemos um longo ano em uma preparação olímpica também longa. Não temos público. Estamos todos muito estressados. Nós deveríamos estar nos divertindo, mas não é o caso", afirmou a ginasta que, mesmo cometendo falhas nas fases classificatórias, conseguiu avançar para cinco finais. 

O drama de Biles já vinha sendo noticiado pela imprensa americana. De acordo com o jornal The New York Times, a estrela da ginástica vive profundo estresse emocional por causa das cobranças por grandes resultados. Ela luta contra o estresse de ser a maior ginasta da história e que estava com dificuldades para administrar as cobranças. Por isso, a ginasta teria colocado em dúvida sua participação nas próximas provas.

As dificuldades fizeram Biles mudar até o planejamento de suas apresentações. Ela havia planejado fazer um salto em Yurchenko com duas voltas e meia na saída, mas mudou de ideia e executou o movimento com apenas uma volta e meia sobre o corpo. A mudança foi um das razões do erro na apresentação. Para uma ginasta do nível dela, a falha foi grave. O salto errado foi um golpe também para a equipe americana. O salto recebeu 5,0 pela dificuldade. Sua pontuação total foi de 13,766, uma nota baixa para sua habilidade na ginástica. 

Nos últimos dias, Biles já havia dado indícios dos problemas que estava sofrendo. Na segunda-feira, depois de se classificar às finais mesmo cometendo falhas, ela publicou que estava sentindo um "peso nos ombros". "Não foi um dia fácil ou o meu melhor, mas consegui superá-lo. Eu realmente sinto que às vezes tenho o peso do mundo sobre meus ombros. Eu sei que ignoro e faço parecer que a pressão não me afeta, mas às vezes é difícil hahaha! As Olimpíadas não são brincadeira! MAS estou feliz que minha família foi capaz de estar comigo virtualmente? Eles significam o mundo para mim!" postou em suas redes sociais.

De qualquer forma, ela tem mais dois dias para se colocar em pé novamente. Se não tiver condições, possivelmente chegará a notícia de sua desistência. Nenhuma outra atleta é chamada em seu lugar para as decisões. 

Antes da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro queria realizar os ‘sonhos de Lula’, OESP

 Marcelo de Moraes, O Estado de S.Paulo

27 de julho de 2021 | 18h01

BRASÍLIA – A escolha de Ciro Nogueira (Progressistas-PI) como novo ministro da Casa Civil mostra como o senador não teve problemas em mudar de lado político até se tornar um dos principais integrantes do governo de Jair Bolsonaro. Menos de três anos atrás, Ciro se associava fortemente aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Em 2018, durante campanha para conseguir mais um mandato como senador, Ciro chegou a defender no seu Twitter que deixar Lula de fora da disputa presidencial – o petista estava preso – era “tirar do eleitor um direito de escolha”. E ainda afirmou que ficaria com Lula “até o fim”. 

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O Senador Ciro Nogueira deixa o Palácio do Planalto apos reunião com o presidente Jair Bolsonaro.  Foto: Gabriela Biló/Estadão

No plano regional, Nogueira e o Progressistas passaram as últimas eleições aliados ao atual governador do Piauí, Wellington Dias (PT). E esse apoio se estendia à campanha nacional. Mesmo com o Progressistas nem sempre se coligando formalmente aos petistas, o apoio a Lula e a Dilma era público. Em 2018, isso ficou escancarado já que o PP se coligou com o PSDB em torno da candidatura de Geraldo Alckmin e inclusive indicou a senadora Ana Amélia (Progressistas-RS) como vice na chapa. O problema é que Lula sempre foi um poderoso cabo eleitoral no Nordeste e Nogueira deixou claro que ele era seu candidato, mesmo com as acusações que envolviam o ex-presidente na ocasião. Além disso, sua chapa local era coligada no Piauí com o PT de Wellington Dias e com o MDB do senador Marcelo Castro, o que fez com que passasse a pedir votos abertamente colando na força de Lula no Estado.

Em postagem feita no Instagram, em 19 de agosto de 2018, quando Lula já tinha sido preso mas ainda tentava viabilizar sua presença na eleição para o Palácio do Planalto, Nogueira chegou a criticar a imprensa por duvidar de seu apoio ao petista – afinal, seu partido era coligado nacionalmente com o Alckmin.

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Postagem no Instagram de Ciro Nogueira, em defesa de Lula, feita em setembro de 2018. Foto: Reprodução

“Boa (?) parte da imprensa do Centro-sul do País parece não ter arquivos. Faz um ano que digo: sendo Lula candidato, voto nele. Nunca escondi isso de ninguém, sobretudo de meus aliados. É uma questão de se manter a palavra, que faço como bom nordestino que sou”, escreveu o senador, ilustrando a postagem com uma foto observando, sorridente, Lula discursando.

Na mesma campanha, já em setembro, quando Fernando Haddad tinha assumido a vaga do ex-presidente na disputa presidencial, Nogueira continuava associando sua campanha local ao cenário nacional, dizendo que “não podemos abrir mão dos sonhos do presidente Lula de um País melhor para os brasileiros”. “Por isso, defendi e continuarei defendendo programas importantes como o Minha Casa, Minha Vida e o Luz para Todos, que tanto melhoraram a vida da gente”, escreveu o senador no seu Instagram em 20 de setembro de 2018.

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Encontro de Ciro Nogueira com Geraldo Alckmin, registrado no Instagram do senador em maio de 2018. Foto: Reprodução

Apenas 15 dias antes, ele já tinha feito campanha nas redes sociais com a hashtag “Sou Lula”, que usava durante seu horário na propaganda eleitoral de televisão. E citava como razão para “estar com Lula” “gratidão e reconhecimento por tudo o que ele fez pelo Nordeste e os nordestinos, em especial pelo muito que realizou no Piauí e pelos piauienses”. No dia 27 de setembro, ainda publicou uma foto sua ao lado de Lula, Haddad e Wellington, chamando o grupo de “time do povo”.

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Ciro Nogueira com Dilma Rousseff, em publicação no Instagram do senador.  Foto: Reprodução

O apoio dado por Nogueira aos petistas vinha de antes e se manteve durante as duas eleições de Dilma Rousseff. Em 2014, apoiou abertamente a campanha pela reeleição da petista. E, como presidente nacional do Progressistas, divulgou nas suas redes sociais nota do partido, assinada por ele, comemorando a vitória da petista. “Hoje, as urnas retrataram definitivamente a vontade do povo brasileiro de continuar crescendo. O Piauí e o Brasil disseram sim ao desenvolvimento social e econômico, disseram sim a Dilma Rousseff. E nós queremos celebrar estar vitória, que pertence a todos aqueles que não se calam diante das injustiças e que arregaçam as mangas para ir à luta por um País melhor”, diz o texto publicado por Nogueira em 26 de outubro de 2014.

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"Não podemos abrir mão dos sonhos de Lula", escreveu Ciro Nogueira em uma publicação no Instagram. Foto: Reprodução

Dilma sofreu impeachment menos de dois anos depois e Nogueira e o Progressistas deram apoio ao governo de Michel Temer, participando da equipe ministerial, com Ricardo Barros na Saúde e Blair Maggi na Agricultura. Mesmo se realinhando com o PT para garantir sua vitória no Estado, Nogueira e o Progressistas não demoraram para se aproximar no presidente Jair Bolsonaro, graças ao papel de liderança do partido dentro do Centrão. E, agora, em julho de 2021, o senador chega ao cargo de ministro da Casa Civil.