quarta-feira, 6 de maio de 2020

Gigante chinesa Baidu encerra operações no Brasil, Link OESP

Empresa decidiu focar esforços em inteligência artificial e centralizar escritórios na China; em redes sociais, companhia não publica nada há meses no País
05/07/2018 | 17h05
 Por Bruno Capelas - O Estado de S. Paulo

Mujica sobre a crise causada pela covid-19: "O mundo não será igual. Teremos que aprender a funcionar de uma forma diferente.", DW

"Queridos amigos da Deutsche Welle: aqui do sul, meio compartimentado e no meio de uma chácara, há mais de vinte dias sem sair, porque sou velho, porque tenho problemas imunológicos, porque estou "perto da cova" e porque amo a vida, e não quero tornar mais fácil para a foice me levar.
Por tudo isso, tive tempo de ler, quanto analista anda por aí ganhando a vida. E isso me surpreende. Há pessoas que estão vendo que há uma falta de liderança, particularmente no mundo rico, que estamos numa era globalizada. Esse vírus é a coisa mais globalizada que já foi vista. Não deixa um fantoche com cabeça: países ricos e pobres, o que for.
Que não temos ferramentas e que não podemos coordenar políticas comuns do ponto de vista mundial. Mas a falta de liderança não é porque homens e mulheres sejam inferiores. É porque o poder, há muito tempo, a essência do poder, não está mais na representação necessária dos governos. Os governos correm para trás. A essência do poder está na concentração fenomenal da riqueza e, aparentemente, não está na questão.
Aqueles que parecem ter poder político num determinado momento, têm cada vez menos. Então, primeiro assunto. Segundo assunto: muitos anos criticando o Estado, porque, por um lado, havia um modelo estatista do tipo soviético, que acreditava ter resolvido tudo com o Estado. E, por outro lado, surgiram os ultraliberais, que no fundo não são liberais porque se abraçam a qualquer ditadura; que acreditam que o Estado tem que se reduzir ao mínimo.
E quando as batatas queimaram, como agora, todos se voltam ao Estado: que me deem, que exija disciplina, que isso, que o outro. Mas passamos bombardeando o Estado em vez de lutar, para começar a entender, uns e outros, que as sociedades modernas são cada vez mais complexas e que renunciar ao Estado é impossível. Então, a verdadeira luta é que precisamos lutar para ter o melhor dentro do Estado. Porque, na realidade, é o valor coletivo que temos e necessitamos. E por que procurar o Estado? Porque o mercado não pode consertar isso.
Porque precisamos de políticas globais. Porque alguém tem que tomar decisões, certas ou erradas. Porque temos que respeitar essas decisões. Porque temos que nos mover como coletivo, e não que cada louco faça o está de acordo com seus interesses, etc., etc., etc. Acho que alguma coisa de sabedoria temos que aprender com essa crise.
Mas não pensemos que após esta crise virar a esquina, que depois de amanhã, voltaremos a um mundo perfeito, onde nos reuniremos, nos abraçaremos, nos beijaremos, etc. etc. etc. etc. Reuniremos multidões num campo de futebol e algo assim, mas provavelmente por muito tempo, estamos expostos a esse perigo. E o mundo não será igual. Teremos que aprender a funcionar de uma forma diferente. Mas quanto isso vai nos custar, e o preço que vamos pagar, até o dia em que a ciência nos der um conjunto de respostas que hoje está longe de estar ao alcance da mão. Também pode servir para que o sapiens seja um pouco mais humilde e que aprenda que a natureza deve ser acompanhada e respeitada."

BC corta Selic em 0,75 ponto, a 3% ao ano, com agravamento da crise do coronavírus, FSP

BRASÍLIA
Com a deterioração do cenário econômico no último mês por causa do avanço do novo coronavírus no país, o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, decidiu cortar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, a 3% ao ano nesta quarta-feira (6).
O comitê indicou novo corte de no máximo 0,75 ponto percentual na próxima reunião "para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da Covid-19".
"No entanto, o Comitê reconhece que se elevou a variância do seu balanço de riscos e ressalta que novas informações sobre os efeitos da pandemia, assim como uma diminuição das incertezas no âmbito fiscal, serão essenciais para definir seus próximos passos", diz comunicado.
Dois membros do Copom ponderaram que, mesmo com a possibilidade de elevação da taxa de juros estrutural, poderia ser oportuno prover todo o estímulo necessário de imediato (com corte maior), com a indicação de manutenção da taxa para a próxima decisão, com o objetivo de reduzir os riscos de descumprimento da meta para a inflação de 2021.
O juro estrutural é aquele considerado neutro, que não estimula e nem reduz a atividade econômica.
"Entretanto, foi preponderante a avaliação de que, frente à conjuntura de elevada incerteza doméstica, o espaço remanescente para utilização da política monetária é incerto e pode ser pequeno. Assim, o Copom optou por uma provisão de estímulo mais moderada, com o benefício de acumular mais informação até sua próxima reunião", detalhou a nota do BC.
Além do cenário externo, com maior saída de recursos e volatilidade dos mercados, o Copom ressaltou que os indicadores de abril já mostram que a contração da atividade econômica será significativamente superior à prevista na última reunião do Copom.
De acordo com o comunicado, no cenário híbrido, com a taxa de juros a 2,75% a.a. em 2020 e 3,75% em 2021, e taxa de câmbio constante a R$5,55/US$, as projeções do Copom para a inflação são de 2,4% para 2020 e 3,4% para 2021.
Já no cenário com taxa de juros constante a 3,75% a.a. e taxa de câmbio constante a R$5,55/US$ as projeções para a inflação são de torno de 2,3% para 2020 e 3,2% para 2021.
As previsões supõem que o preço do petróleo (Brent) subirá cerca de 40% até o final de 2020.
O BC ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em duas direções, redução de demanda com a pandemia, que diminuiria o indicador.
Por outro lado, segundo o comunicado, a piora da trajetória fiscal, com medidas de enfrentamento à Covid-19, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, que elevaria a inflação.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, sinalizou que haveria novo corte na Selic em conversas com o mercado e entrevistas nas últimas semanas.
Economistas consultados pela Bloomberg esperavam uma redução menos incisiva, de 0,5 ponto percentual.
Entretanto, no comunicado da decisão passada, em março, quando o colegiado optou por reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual, o comitê afirmou que considerava adequada a manutenção da taxa em 3,75% ao ano.
Na ocasião, a autoridade monetária foi criticada por não responder com mais agressividade ao avanço da crise.
No mercado já havia analistas que esperavam um corte que o BC reduzisse a Selic em pelo menos 0,75 ponto percentual –havia até aposta de redução em 1 ponto.
Nesta semana, o mercado aumentou ainda mais as expectativas para a retração do PIB (Produto Interno Bruto) de 2020, que passou de queda de 3,34% para 3,76%, de acordo com o relatório Focus do BC.
A projeção para o dólar no fechamento do ano aumentou de R$ 4,80 para R$ 5. A previsão para a inflação também caiu de 2,20% para 1,97%.
A cada 45 dias, o Copom se reúne para decidir a meta da taxa Selic. Desde dezembro de 2017, os juros renovam as mínimas históricas.