sexta-feira, 24 de maio de 2019

Governo teme que liberação do FGTS seque dinheiro para construção em 2020, FSP (pauta)

Carlos da Costa afirma que medida está em estudo, mas que não é simples

Tássia Kastner
SÃO PAULO
O secretário de Produtividade do ministério da Economia, Carlos da Costa, disse nesta sexta-feira (24) que a liberação de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para estimular a economia pode afetar o financiamento da construção civil já em 2020.
Segundo ele, o saque dos recursos permanece em estudo, como noticiado no começo do mês.
“Não é tão simples porque se liberar agora pode faltar ano que vem para a construção”, disse após um encontro com empresários em São Paulo.
Em reunião na Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) na quinta-feira (23), executivos teriam cobrado a medida do ministro Paulo Guedes (Economia), repetindo a estratégia adotada durante o governo Michel Temer (MDB).
À época, foram injetados mais de R$ 40 bilhões na economia, de recursos que antes tinham uso limitado pelo trabalhador. Como regra geral, o FGTS pode ser utilizado após demissão sem justa causa, para compra da casa própria ou sacado para a aposentadoria, mas existem exceções como tragédias e doenças graves.
Além disso, o governo estuda liberar o saque do PIS/Pasep, que teria potencial de injetar R$ 10 bilhões na economia. Esse instrumento também foi adotado durante o governo Temer, mas teve impacto limitado.
A adesão aquém do incentivado pelo governo teria relação com as características dos beneficiários: cerca de 30% têm mais de 70 anos e muitos já podem ter morrido.
O governo estuda medidas de estímulo em um cenário em que a economia patina.
O PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre será divulgado no primeiro trimestre, e o mercado financeiro estima queda de 0,2%. No ano, as projeções já apontam para um crescimento ao redor de 1%, patamar equivalente ao avanço de 1,1% de 2017 e 2018.

Poder atrai pessoas loucas, diz psicanalista, FSP

Debate sobre o lado irracional da ambição ocorreu após sessão do filme 'Vice'

O então vice-presidente dos EUA, Dick Cheney (ao fundo), atrás do presidente George W. Bush em pronunciamento - Kevin Lamarque - 23.out.02/Reuters
Laura Castanho
O que leva alguém a se manter no poder a todo custo? Segundo a psicanálise, são traços presentes em todos nós e identificados com o lado psicótico da personalidade: a arrogância, a sensação de onipotência e a negação da realidade.
A constatação é do psicanalista Júlio Gheller, em debate promovido pela Folha na quarta-feira (22), em conjunto com a Sociedade Brasileira de Psicanálise em São Paulo (SBPSP) e o MIS (Museu da Imagem e do Som). O mote para discutir o poder foi a exibição do filme “Vice”, que mostra a ascensão agressiva e silenciosa de Dick Cheney.
Vice-presidente na gestão George W. Bush (2001-2009), Cheney se destacou ao se apropriar de funções importantes no governo americano, como presidir a comissão de orçamento, decidir políticas de segurança nacional e incentivar a guerra contra o Iraque. Ele é considerado o vice-presidente mais poderoso da história dos EUA.
O filme joga luz sobre o lado instintivo e irracional da busca por poder; não à toa, seu título em inglês também significa vício. Incentivado por sua esposa, Lynne, e por seu mentor, Donald Rumsfeld, Cheney (interpretado por Christian Bale) transforma sua ambição frustrada de tornar-se presidente em um narcisismo manipulador e inescrupuloso.
“A embriaguez do poder apresenta essa fruição de um gozo, a obtenção de prazer à revelia das interdições”, disse Gheller. “É um camarada que não reconhece erros, não admite que causa danos, não sente culpa. Se ele não sente culpa, não tem a capacidade de reparar seus danos.”
A psicanalista Luciana Saddi, que mediou o debate, apontou que Cheney — como muitos políticos — exagera no amor-próprio, e que a sociedade beneficia esse narcisismo. “O que a gente vê, em geral, são pessoas muito loucas no poder”, disse. “Você não está preocupado com o sofrimento alheio, mas em perder o poder. São duas preocupações muito diferentes.”
Para Luciana Coelho, editora da Folha que cobriu a reeleição de George W. Bush, ainda que o sistema político tenha se sofisticado e esteja munido de contrapesos nos últimos séculos, os instintos que movem as pessoas no exercício do poder permanecem os mesmos. Episódios como a ofensiva de Donald Trump contra o senador John McCain (1936-2018) mostrariam que a dinâmica violenta na política deixou de ser física e tornou-se simbólica.
“Os assassinatos de caráter continuam acontecendo”, disse Coelho. “Não é mais aceitável decapitar alguém. Mas no sentido figurado, não é tão diferente assim.”
A jornalista também apontou que o impacto de Cheney na política americana e mundial não esmaeceu. Foi o vice-presidente quem propôs uma dissonância cognitiva na maneira de descrever os problemas que incomodam o governante moderno: dizer “mudança climática” em vez de “aquecimento global”, “interrogatório aperfeiçoado” em vez de “tortura”, “inimigo” em vez de “prisioneiro de guerra”.
Essa estratégia de suspensão de crenças é amplamente usada por líderes populistas hoje por meio das chamadas guerras culturais. “Como você ganha o apoio popular? Você usa a cultura. Você começa a se distanciar, a se diferenciar. Você coloca o outro como diferente de você, cria inimigos”, afirmou Coelho.
No filme, vemos a sede de poder de Dick Cheney ultrapassar o seu período na Casa Branca. Após deixar o cargo, o vice abre mão da relação com a sua caçula Mary, que é lésbica, para incentivar sua filha mais velha, Liz, a discursar contra o casamento gay e assim ganhar viabilidade política como candidata nos estados mais conservadores dos EUA.
“O interesse pessoal dele é o poder. É deixar um legado, é mudar a lei, é entrar para a história. Ele já tinha ganho dinheiro o suficiente quando fez aquilo”, frisou Luciana Coelho.
A sessão de “Vice” faz parte do Ciclo de Cinema e Psicanálise, organizado pela Folha em parceria com o MIS e a SBPSP. O tema que norteia a seleção de filmes é o ensaio “O Mal-Estar na Civilização”, de Freud (1856-1939). A próxima exibição será de “Infiltrado na Klan”, dirigido por Spike Lee, no dia 11 de junho (terça-feira), às 19h.

País cria 129 mil vagas de trabalho em abril, melhor resultado para o mês desde 2013, OESP

Desempenho do mês foi puxado pelo setor de serviços, que gerou mais de 60 mil postos com carteira assinada, seguido pela indústria de transformação

Eduardo Rodrigues, O Estado de S.Paulo
24 de maio de 2019 | 14h26
Atualizado 24 de maio de 2019 | 17h21
BRASÍLIA - O mercado de trabalho brasileiro criou 129.601 empregos com carteira assinada em abril, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta sexta-feira, 24, pelo Ministério da Economia
O saldo de abril decorre de 1,374 milhão de admissões e 1,245 milhão de demissões. Esse foi o melhor resultado para o mês desde 2013. Em abril de 2018, a abertura líquida de vagas havia chegado a 115.898, na série sem ajustes. 
"O Caged de abril tradicionalmente é positivo e esse mês não decepcionou. Todas as regiões do País registraram melhora no emprego em abril. E foram 23 unidades da federação com abertura de vagas e penas quatro Estados com perda de empregos", afirmou o secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo.
Desemprego
Fila em mutirão do emprego no centro de São Paulo. Foto: Felipe Rau/Estadão - 26/3/2019
O resultado de abril ficou dentro do intervalo das estimativas de analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast.  As projeções eram de fechamento de 23.000 a abertura de 160.100 vagas, com mediana positiva de 78.000 postos de trabalho. 
No acumulado de janeiro a abril, o saldo do Caged é positivo em 313.835 vagas. Em 12 meses até o mês passado, o saldo é positivo em 477.896 postos de trabalho.  
O Caged registrou a criação líquida de 5.422 empregos com contrato intermitente em abril. Essa modalidade teve admissão total de 9.972 trabalhadores e 4.550 demissões no mês.
Houve ainda a abertura de outras 2.827 vagas pelo sistema de jornada parcial. As duas novas modalidades foram criadas pela reforma trabalhista.
O Caged informou ainda que houve 17.513 desligamentos por acordo no mês de abril.

Setores

O resultado do mês foi puxado pelo setor de serviços, que gerou 66.290 postos formais, seguido pela indústria de transformação, que abriu 20.479 vagas de trabalho.
No setor serviços, os segmentos de serviços médicos, odontológicos e veterinários lideraram a criação de empregos, com 20.589 vagas. Os segmentos de comércio e administração de imóveis criaram 13.023 postos de trabalho. “O aumento relacionado a aluguéis e serviços de engenharia mostra que a construção civil tem mostrado recuperação”, avaliou o coordenador de estatísticas da Secretaria de Previdência e Trabalho, Mário Magalhães, explicou Magalhães.
Também tiveram saldo positivo no mês a construção civil (14.067 postos), agropecuária (13.907 postos), comércio (12.291 postos), administração pública (1.241 postos), serviços industriais de utilidade pública (867 postos) e a extração mineral(454 postos).
Magalhães também destacou a abertura de 13.907 vagas na agropecuária em abril. “A partir de abril veremos novos saltos na criação de vagas do setor. O resultado dos empregos na agropecuária em 2019 deve ser superior ao do ano passado”, completou.
Ele citou ainda que o comércio varejista continuou sustentando o ritmo de crescimento que vem apresentando ao longo do ano. Dos 12.291 postos abertos em abril, 11.300 vagas foram criadas no varejo.
O salário médio de admissão nos empregos com carteira assinada teve queda real de 1,32% em abril deste ano ante o mesmo mês de 2018, para R$ 1.584,51, segundo o Caged. Na comparação com março, houve aumento de 0,45%.
O maior salário médio de admissão em abril ocorreu na atividade extrativa mineral, com R$ 2.432,65, puxado pelos salários da Petrobrás. O menor salário médio de admissão foi registrado na agropecuária, com R$ 1.327,02.