*Ademar Traiano
Na última terça-feira, 22 de maio, sentei na cadeira de presidente da Assembleia Legislativa do Paraná frente a um Plenário completamente diferente.
Os lugares dos deputados, as tribunas de honra e as galerias estavam tomadas por mais de 700 estudantes. Na mesma hora, pela TV Assembleia, pelo Facebook ou por telões colocados em dezenas de escolas, milhares de alunos acompanhavam atentos essa sessão fora do comum.
Todos participavam de um ‘aulão’ preparatório do Exame Nacional do Ensino Médio – o Enem. Era o “Assembleia no Enem”, que lançamos em 2015, e se transformou em uma das mais bem-sucedidas iniciativas na área da educação da história do Paraná.
Apenas um ano depois de lançado, matéria da Folha de S. Paulo, de 6 de outubro de 2016, atestava a eficácia do projeto. Segundo o jornal, mais da metade das escolas do país havia piorado sua nota no Enem. O Paraná era a exceção, conseguiu a melhor posição, superando estados como Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
Um dos diferenciais do Paraná foi a ação da Assembleia que proporcionou, de forma totalmente gratuita, com uma equipe de altíssimo nível, aulas direcionadas para o Enem a milhares de estudantes das escolas públicas do estado.
O projeto, além da estrutura da Assembleia, conta com uma equipe de voluntários entusiastas do Grupo Eureka, e uma parceria com a Uninter. Já são mais de 500 videoaulas e todo o material didático de apoio. Todo ele disponível no site da Alep. É um trabalho insano, mas que vale muito a pena.
Esse sucesso se soma a outras iniciativas vitoriosas da Assembleia do Paraná concebidas para lançar pontes entre Legislativo e a sociedade. Alguns desses projetos, além do sucesso de público, conquistaram a crítica e ganharam prêmios.
No ano passado tivemos quatro iniciativas premiadas. Entre elas, o “Prêmio Boas Práticas Eleitorais” do TRE do Paraná. O Geração Atitude, Prêmio CNMP 2017 do Ministério Público em Brasília. O aplicativo de celular “Agora é Lei no Paraná”, criado pela equipe de comunicação da Assembleia, classificado no ‘Prêmio e-Gov’, do Ministério do Planejamento e Abep. E o Parlamento Universitário, vencedor do Prêmio Cultural ABEL, como melhor projeto desenvolvido por um Legislativo brasileiro em 2017.
No ‘aulão’ desta terça, o grande prêmio era perceber o enorme interesse dos estudantes e vislumbrar seus projetos e sonhos. Além dos jovens, maioria absoluta, alunos muito mais experientes sempre entram na luta.
O veterano da turma deste ano foi um mecânico, Florentino Rodrigues, de 58 anos. Aluno do Cebeja (Centro de Formação de Jovens e Adultos) da Cidade Industrial de Curitiba. Sonha com uma nova carreira: quer ser médico veterinário.
Curiosamente, no mesmo momento em que o Plenário da Assembleia estava lotado de estudantes ávidos por aprender (alguns, de baixa renda, tiveram de fazer vaquinhas para pagar R$ 8,00 das passagens de ida e volta até a Assembleia), e entusiasmados mestres voluntários que davam aulas fantásticas; na praça em frente, onde fica também o Palácio Iguaçu, havia um pequeno acampamento de professores ligados a APP, sindicato ligado à CUT, dos professores da rede estadual de ensino.
Apesar de o Paraná ser o estado que melhor remunera seus professores e que, aqui, ao contrário da maioria dos demais estados, todos estão com seus pagamentos rigorosamente em dia, eles iniciavam mais uma maratona infindável com aquelas reivindicações infinitas.
Um Brasil com gana de crescer, aprender e evoluir de um lado e os empedernidos cruzados da ideologia falida do outro. Uma metáfora sobre a qual vale a pena meditar. Uma opção que, mais cedo ou mais tarde, todos teremos de fazer.
* Ademar Traiano é deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e vice-presidente do PSDB do Paraná