segunda-feira, 21 de maio de 2018

Gesner Oliveira: Teste de fogo para o Cade, FSP

Poucas vezes o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) esteve diante de tema tão impactante na economia. Trata-se da recusa da Petrobras em fornecer gás natural à Âmbar, proprietária da Usina Termelétrica de Cuiabá, sua concorrente no mercado de geração de energia termelétrica.

O preço da energia é importante fator de pressão inflacionária. Uma forma de contê-la é justamente a possibilidade de acionar térmicas mais baratas.

Em novembro do ano passado, o Operador Nacional do Sistema de energia elétrica, preocupado com a escalada dos preços, inclusive com acionamento de bandeira vermelha, fez apelo à Petrobras para que fornecesse gás natural à UTE Cuiabá. Porém, até hoje aquela usina continua parada por falta de combustível e apelou ao Cade para obter do fornecedor monopolista o insumo essencial. 

Poucas vezes o Cade esteve também diante de caso tão claro de conduta anticompetitiva: um fornecedor monopolista que recusa insumo essencial a seu concorrente. A consequência imediata é a exclusão do mercado.

Mas o mais surpreendente dessa crônica de uma morte anunciada é que a sociedade corre o risco de nem sequer ver o Tribunal do Cade analisar a questão.

Isso porque a Superintendência Geral do Cade ("SG-Cade") decidiu não só que o processo deve ser arquivado, como também que não precisaria ser revisto pelo seu Tribunal.

O argumento para tanto é o de que a participação de mercado da UTE Cuiabá não seria significativa. 
O Tribunal do Cade somente analisará a questão se algum conselheiro espontaneamente avocar o processo.

Se isso não ocorrer, será criado talvez o precedente mais grave e anticompetitivo da história do conselho. 
Um precedente que poderá abrir as portas para que fornecedores monopolistas verticalmente integrados recusem ou criem dificuldades para o fornecimento de insumos a concorrentes menores ou mesmo para que frustrem novas entradas no mercado.

A ideia de que um monopolista possa escolher seus concorrentes no elo seguinte da cadeia causa arrepio ao bom senso antitruste. 

E a simples ameaça de que um precedente do gênero possa ser firmado sem análise pelo Tribunal causa arrepio a todos aqueles que trabalharam arduamente para que o Cade se tornasse uma referência mundial na defesa da concorrência.
Gesner Oliveira

Marcelo Knobel: As universidades num mundo em transformação, FSP

Universidades são instituições cuja origem remonta à Idade Média. Se sobreviveram ao passar do tempo e continuam relevantes até hoje, é porque souberam reinventar-se e se adaptar às diferentes realidades de cada época.

Uma das exigências que o século 21 tem imposto às universidades é a de que elas se aproximem da sociedade e estreitem suas relações com os diversos grupos que a compõem. 

No mundo atual, já não há lugar para torres de marfim alheias às demandas que emergem no seu entorno. As universidades não conseguirão resolver sozinhas as profundas desigualdades socioeconômicas, regionais e étnicas em nosso país e na América Latina. Mas podem, e devem, ser parte importante na busca dessas soluções, atuando como agentes transformadores do sistema econômico e social.

Para que possam contribuir de modo contundente para o desenvolvimento social e regional, é fundamental que busquem novas ideias e boas práticas, mantendo, sempre, a flexibilidade para rever e mudar seus modelos conforme as necessidades da sociedade.

Mas realizar tais mudanças é tarefa que exige discussão e planejamento. Não por acaso, o tema será um dos eixos centrais de um importante encontro de dirigentes universitários que ocorrerá a partir desta segunda-feira (21) na Espanha, o 4º Encontro Internacional de Reitores Universia, com o tema "Universidade, Sociedade e Futuro", para o qual são esperados representantes de cerca de cem instituições brasileiras e de outras 500 do exterior.

Reunidos na histórica Universidade de Salamanca —uma legítima sobrevivente da passagem do tempo, que comemora este ano seu oitavo centenário—, os participantes do encontro trocarão ideias e experiências sobre como as universidades podem preparar-se para responder com criatividade e dinamismo às atuais demandas da sociedade.
 
O programa foi disposto em três eixos principais: formar e aprender em um mundo digital; pesquisar na universidade, um paradigma em revisão?; e contribuição ao desenvolvimento social e regional, do qual sou coordenador.

Nesse terceiro eixo estará em debate, por exemplo, o desafio de formar recursos humanos qualificados para um mercado de trabalho em constante mutação. Como fazer isso sabendo que muitas das profissões do futuro ainda não foram nem sequer criadas? Certamente o caminho passa pela educação de cidadãos éticos, plenos e com bases sólidas para acompanhar as mudanças velozes de um mundo cada vez mais conectado e globalizado.

Serão também debatidos modelos de fomento ao empreendedorismo universitário e como as universidades devem refletir estrategicamente diante dos objetivos de desenvolvimento sustentável.
Essas reflexões devem, necessariamente, abarcar aspectos relacionados a acesso, permanência, equidade, diversidade, excelência, internacionalização e inovação.

As mudanças, contudo, têm de ser ainda mais amplas não somente no interior das universidades, mas também em toda a sociedade. A dimensão social precisa ser incorporada, de maneira transversal, às três áreas de atuação universitária —o ensino, a pesquisa e a extensão. As universidades precisam redobrar os esforços em comunicação, para mostrar à sociedade as suas inestimáveis contribuições.

É preocupante assistir a uma nova geração de professores e pesquisadores extremamente bem formados —a um alto custo— que não encontram bons empregos nem perspectivas de carreira acadêmica. E é inaceitável acompanhar a redução de recursos para a pesquisa científica e para a formação de pós-graduandos. Temos no sistema de educação superior do país diversos exemplos bem-sucedidos, apesar do sistema de governança ultrapassado, salários reduzidos, ambiente estressante, futuro incerto e burocracia.

Nesse sentido, as universidades devem mergulhar em uma profunda transformação, planejando efetivamente a expansão de oportunidades, realizando avaliação de qualidade, ampliando o impacto de suas pesquisas, repensando o desenvolvimento de currículos, definindo adequadamente o perfil de formandos, introduzindo ferramentas de ensino modernas e possibilitando mais mobilidade dos estudantes. O mundo se transforma de maneira avassaladora, e as universidades têm de acompanhar essas mudanças, ou ficarão obsoletas.
Marcelo Knobel
Físico e reitor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desde abril de 2017

Mônica Bergamo, FSP, coluna


O STJ (Superior Tribunal de Justiça) deve julgar nos próximos dias se um animal doméstico faz parte do núcleo familiar e se seus donos, depois de separados, têm direito a guarda compartilhada e a visitas, além de dividirem o sustento do bicho.

COMO GENTE 

Os animais sempre foram tratados como objetos pela Justiça. As disputas de ex-casais se limitavam a discutir quem ficaria com eles, como se fizessem parte da divisão de patrimônio. O STJ agora pode mudar o entendimento.

FAMÍLIA 

O Tribunal de Justiça de SP já decidiu que questões relativas aos animais serão discutidas nas varas de família. 

CADASTRO 

A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia, está surpresa com dados que vão integrar o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões, o primeiro cadastro com nome de cada detido hoje no Brasil. De acordo com ela, algumas informações são diferentes das já publicadas por outros órgãos.

CADASTRO 2 

O levantamento, que será lançado no dia 31 pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), descobriu que no Paraná, por exemplo, há 30 mil pessoas presas —bem menos que as 50 mil reportadas até agora. Apesar de discrepâncias, o número de detidos no país girará em torno do que já se computava —cerca de 700 mil.

TUDO LIMPO 

O anexo complementar de Francisco de Assis, ex-diretor jurídico do grupo J&F, que cita o ministro do STJ Napoleão Maia é, na verdade, negativo: o executivo desmente acusações feitas ao magistrado, e não o contrário.

ELEVADOR 

Os inquéritos que envolvem José Serra devem ser enviados nas próximas semanas à primeira instância pelo STF. Com a limitação do foro especial para parlamentares, os atos praticados fora do mandato sairão da corte. Serra é investigado por supostas irregularidades cometidas quando era governador de SP.

ELEVADOR 2 

O mesmo deve ocorrer com investigações sobre o senador Aécio Neves(PSDB-MG) que hoje correm no Supremo e que estão relacionadas aos anos em que ele governou Minas Gerais.

NO FEMININO

A cantora Marina Lima foi à estreia do espetáculo “Eu Sou essa Outra”, que tem as atrizes Nana Yasbek, Rita Gullo e Maria Laura Nogueira |6| no elenco e é dirigido por Vera Egito. O escritor Ignácio de Loyola Brandão também assistiu à sessão, na quinta (17), no Sesc Pinheiros. 

TROPA 

O governador Márcio França (PSB-SP) deve lançar nos próximos dias o programa de alistamento civil. A princípio só 18 municípios serão alcançados, já que ele não pode firmar convênios no segundo semestre.

EU PROMETO 

O programa prevê que jovens recebam remuneração, uniforme e treinamento para prestar serviços gerais nas ruas —de primeiros socorros a informações turísticas. O governador vai prometer seguir com o projeto caso seja reeleito.

UMA MÃO LAVA A OUTRA 

A Prefeitura Regional Sé lançou um chamamento para interessados em “adotar” o local conhecido como praça dos Arcos, em Higienópolis. O vencedor poderá explorar comercialmente a cozinha. Em troca, deverá fazer a manutenção do lugar. 

 

O estilista Dinho Batista e a empresária Alexandra Fructuoso
O estilista Dinho Batista e a empresária Alexandra Fructuoso - Hudson Rennan

ROUPA NOVA

O assessor de modelos e instrutor de passarelas Dinho Batista (à esq.) vai lançar a sua nova coleção para a grife Maison Alexandrine, da empresária Alexandra Fructuoso, na quarta (23); o evento ocorrerá no casarão da marca, nos Jardins.

LEGADO 

privatização do Anhembi pela prefeitura sem o tombamento de espaços como o Pavilhão de Exposições e o Palácio de Convenções tem preocupado a família do arquiteto Jorge Wilhelm, que projetou os edifícios ao lado de Miguel Juliano. Eles pedem a preservação das obras em uma carta assinada também por figuras como o ex-governador Paulo Egydio Martins e o arquiteto Paulo Mendes da Rocha.

ISSO É BRASIL 

“Enquanto o mundo reconhece o projeto, o poder público está vendendo para fazer asfalto”, diz Ana Maria Wilhelm, filha do arquiteto. A Secretaria Municipal de Desestatização e Parcerias diz que “reconhece a importância histórica do Complexo Anhembi”, mas que não lhe cabe decretar tombamentos. 

MARCHA LENTA 

Ana Maria solicitou reunião com o prefeito Bruno Covas. Será recebida pelo chefe de gabinete, Sérgio Avelleda, nesta segunda (21).

BATUTA 

O professor de música Thomas Patterson, da Universidade do Arizona, estará em São Paulo pela primeira vez. Ele fará audições na Escola Municipal de Música e vai conceder bolsas na universidade americana em 2019 para os melhores talentos.

FILME DOS FILMES 

O cantor Otto e a escritora Fernanda  Young participarão do elenco do longa “Maior que o Mundo”, que homenageará a Boca do Lixo, região do centro de São Paulo que ficou conhecida como polo do cinema independente na década de 1970. A obra, dirigida por Roberto Marquez, começa a ser rodada na cidade em junho e tem produção da Popcon.