sexta-feira, 18 de maio de 2018

Medo da violência aumenta poder sedutor do debate sobre armas, FSP

Um projeto apresentado na Câmara no ano passado sugere que juízes deixem de aplicar pena ao cidadão que atirar em alguém movido por “medo, surpresa, susto ou perturbação do ânimo”. A proposta do deputado Fausto Pinato (PP-SP) ampliaria o rol de situações comparáveis à legítima defesa, com atenuação ou exclusão de punições.
“Temos assistido diariamente a episódios de violência que remontam à barbárie, sem que o Estado brasileiro saia da sua postura genuflexa e atue para o resgate da ordem e da lei”, escreveu o parlamentar.
O Instituto Sou da Paz reagiu com ceticismo. “Não se pode perceber como isto melhorará a grave crise pela qual passa o país”, anotou a entidade.
O debate sobre o relaxamento de regras para a posse e o uso armas de fogo ganha corpo e chega à campanha eleitoral turbinado por um temor crescente com a violência. O assunto é crítico e deveria ser discutido com sobriedade, mas o ambiente de medo aumenta o poder sedutor de soluções radicais.
O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, destaca que metade dos brasileiros tem receio de sair às ruas próximas de casa à noite. “O ambiente favorece a valorização do discurso armamentista como solução imediata para o problema”, diz.
Para recuperar terreno entre produtores rurais, atraídos pelo discurso de Jair Bolsonaro (PSL), o tucano Geraldo Alckmin precisou flexibilizar suas posições. Ele disse ser favorável à posse de armas no campo, mas não à liberação geral do porte.
O assunto deve ser debatido pelos candidatos nesta eleição, mas longe da leviandade adotada pela bancada da bala. Embora a posse de um revólver pareça o exercício de um direito individual, suas consequências são públicas e coletivas.
Nem todo cidadão armado será como a PM que matou um criminoso em Suzano (SP) antes que ele ferisse alguém. Dias depois, um policial civil reagiu a um assalto em uma padaria da capital paulista, dando início a um tiroteio. Um amigo do agente morreu, e os bandidos fugiram.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Governo de SP negocia projeto bilionário por aprovação do teto do funcionalismo, FSP

No primeiro ano, a Fazenda estima impacto de R$ 13,4 mi no orçamento até chegar a R$ 909,6 mi no quarto ano

Gabriela Sá Pessoa
SÃO PAULO
Para colocar em discussão um projeto de lei que autoriza a extinção do Ipesp (Instituto de Pagamentos Especiais de São Paulo), o governo Márcio França (PSB) negocia com deputados não obstruir as discussões da PEC 5, que eleva o teto do funcionalismo público de São Paulo.
A proposta foi debatida nesta terça (15) entre os líderes das bancadas da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), numa conversa entre o líder do governo França, Carlos Cezar (PSB), e Campos Machado, líder do PTB. Ainda não houve, porém, acordo.
A PEC nº 5 eleva o teto do funcionalismo público do Executivo e Legislativo estadual de R$ 21 mil, salário do governador, para R$ 30 mil, remuneração de um desembargador. Em discussão desde o ano passado, sua aprovação foi evitada a todo custo pelo governo Alckmin.
Em outubro, Machado foi ao Tribunal de Justiça pedir que o presidente da Alesp, Cauê Macris (PSDB), pautasse o projeto. A Justiça negou a solicitação, mas Macris colocou a PEC em votação em abril e o texto foi aprovado em primeiro turno —sob oposição do atual governo Márcio França.
Como se trata de uma emenda constitucional, a proposta não depende de sanção do governador. Agora, precisaria ser aprovada em mais um turno, com mais quatro horas de discussão em plenário.
O impacto da PEC nos cofres do estado, segundo a Fazenda, seria gradativo em quatro anos. A pasta avalia que a emenda pode fazer o estado ultrapassar o limite prudencial de despesas com pessoal, o que vedaria a criação de cargos e reajustes a servidores.
No primeiro ano, a Fazenda estima impacto de R$ 13,4 milhões no orçamento até chegar a um custo de R$ 909,6 milhões no quarto ano. 
Nas negociações do Legislativo, esses R$ 909,6 milhões —no final do quarto ano— foram colocados na balança para prosseguir com as negociações do projeto do Ipesp, encaminhado em março ainda por Geraldo Alckmin e prioridade para a gestão França.
O Ipesp é uma carteira previdenciária autônoma, que progressivamente perdeu importância com a criação do novo regime de previdência estadual, o SPPrev. A proposta de lei quer extinguir o instituto. Com isso, seus beneficiários poderiam sacar os valores que têm no fundo e o estado, instantaneamente, teria cerca de R$ 1 bilhão à disposição em seus cofres, sem previsão inicial no orçamento. 
Líder do governo, Carlos Cezar diz que não houve nenhum tipo de acordo envolvendo a PEC 5 e o projeto do Ipesp —apenas negociação sobre o tempo de discussão desses dois projetos em plenário. “Em nome do governo, sempre seremos contra a PEC 5”, ele diz.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

STF nega habeas corpus a Rocha Mattos, FSP

Frederico Vasconcelos
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal negou habeas corpus ao ex-juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, condenado na Operação Anaconda, deflagrada pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal em 2003.(*)
Rocha Mattos foi acusado de ser o mentor de uma quadrilha que negociava sentenças judiciais em São Paulo.
Segundo informa o site Migalhas, Rocha Mattos pretendia que fosse desconsiderada de sua condenação por abuso de poder e inutilização de documentos, pelo Órgão Especial do Tribunal Regional Federal da 3ª região (SP-MS), a circunstância judicial negativa de outro processo crime em que ele respondia, mas que não havia transitado em julgado na época desta condenação.
No caso, foram fixadas as penas, respectivamente, de 3 anos de reclusão e 6 meses de detenção, ambas em regime semiaberto, sem direito de recorrer em liberdade e sem substituição de pena, com a perda do cargo de juiz federal.
Prevaleceu voto divergente do ministro Luís Roberto Barroso, que não conheceu do HC, por substituto de revisão criminal, e não concedeu a ordem de ofício por não vislumbrar teratologia no caso.
O ministro destacou que Rocha Mattos, na condição de juiz, determinou a inutilização de provas para a investigação criminal em andamento.
Ficou vencido o relator, ministro Marco Aurélio, que concedia o habeas corpus.
O site registra que Rocha Mattos foi preso ainda em 2003 e condenado a 12 anos de prisão por formação de quadrilha, denunciação caluniosa e abuso de autoridade. Ele ficou aproximadamente oito anos em regime fechado, passando para a prisão domiciliar em 2011.
O ex-magistrado, porém, respondia a outras ações penais e foi condenado, em abril de 2015, a 17 anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Em outubro de 2016, ele foi novamente preso para cumprimento da pena de crime de peculato pelo qual foi condenado, em junho de 2006, a quatro anos e seis meses de reclusão.
(*) Processo: HC 118045