Ana Luiza AlbuquerqueThais Bilenky
SÃO PAULO e CURITIBA
O comprador do tríplex em Guarujá (SP) atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Costa Gontijo, é sócio do advogado José Augusto Rangel de Alckmin em uma empresa imobiliária. José Augusto é primo de Geraldo Alckmin (PSDB), presidenciável e ex-governador de São Paulo.
A informação foi revelada pelo Diário do Centro do Mundo e confirmada pela Folha. A La Paia Empreendimentos Imobiliários, com sede em Brasília, foi aberta em 2012 e tem capital de R$ 100 mil. Ambos são sócios-administradores do negócio.
Gontijo tem mais de uma dezena de empresas, especialmente do ramo imobiliário. Na Sobradinho Empreendimentos, ele é sócio do empresário Marcos Pereira Lombardi. Lombardi, dono de um posto de gasolina no Distrito Federal, foi investigado sob suspeita de aumentar o preço do combustível por meio da formação de cartel.
O empresário, dono do Jornal de Brasília, também foi citado pelo Miami Herald em reportagem que teve como base documentos revelados pelo Panama Papers. Segundo a publicação, ele utilizou uma offshore para adquirir por US$ 2,7 milhões (R$ 9,9 milhões) dois apartamentos nos condomínios Trump Tower I e II, em Miami, nos Estados Unidos.
Nesta terça (15), Gontijo disse que arrematou o tríplex, vendido a R$ 2,2 milhões, por considerar o preço adequado e avaliar que o simbolismo pode agregar valor ao imóvel.
“Estou sempre atento às boas oportunidades e a minha percepção é de que fiz um bom investimento”, afirmou o dono da Guarujá Participação, empresa criada com finalidade específica de fazer a compra.
O tríplex do condomínio Solaris, de acordo com o anúncio, tem 215 m² de área privativa, quatro dormitórios (sendo duas suítes), sala com varanda, piscina, churrasqueira e duas vagas de garagem. Um elevador integra os três andares, mas não é possível verificar o funcionamento porque a luz da unidade não está ligada, informa o laudo de avaliação.
Segundo a administração do condomínio, recaem sobre o imóvel débitos de cerca de R$ 47 mil, que deverão ser pagos pelo arrematante.
Na ação apresentada pelo Ministério Público Federal, Lula foi acusado de receber o apartamento como propina da empreiteira OAS em decorrência de contratos da empresa com a Petrobras.
O ex-presidente foi condenado a 12 anos e um mês de prisão. Ele nega irregularidades.