terça-feira, 3 de outubro de 2017

Marini: São Paulo já é o 2º produtor de petróleo


Pela primeira vez na história, o Estado de São Paulo atinge a vice-liderança do ranking nacional de produção de petróleo. Com um volume de 344 mil barris de petróleo por dia durante o mês de julho, São Paulo ultrapassou o até então segundo produtor, o Espírito Santo, que produziu 295 mil barris. 
São Paulo ficou atrás apenas do Rio de Janeiro, com uma produção de 1,8 milhão de barris por dia. A informação consta do Sumário Executivo de Petróleo e Gás, divulgado nesta semana pela Secretaria de Energia e Mineração. Três campos são responsáveis por 98% de toda a produção paulista: Sapinhoá representa 72% do petróleo retirado dos poços paulistas, seguido por Lapa com 16%, ambos no pré-sal, e Baúna, no pós-sal, com 10%.
No cenário global
O secretário de Energia e Mineração, João Carlos Meirelles, destaca que em 2010, a produção paulista era de 14 mil barris de petróleo por dia, e o Estado de São Paulo ocupava a sétima posição nacional. Com a descoberta do pré-sal na Bacia de Santos, São Paulo se tornou um produtor relevante. “As estimativas são positivas, o que consolidará o Estado como um importante produtor mundial”, diz ele. 
Cadeia de fornecedores
Devido à presença de quatro refinarias no Estado, que juntas são capazes de processar mais de 918 mil barris de petróleo por dia (aproximadamente 38% da capacidade de refino nacional), São Paulo responde pela maior parte da carga processada do país e pela produção dos principais derivados de petróleo, como gasolina, diesel, óleo combustível, GLP – gás liquefeito de petróleo, querosene de aviação, coque e nafta, que abastecem o mercado nacional.
Toda essa produção conta com uma extensa cadeia de fornecedores no território paulista, responsável por mais de 40% da indústria nacional de fabricantes de equipamentos e prestadores de serviços para o setor.
Gás natural
A expectativa é de que São Paulo ultrapasse 1 milhão de barris por dia e se mantenha como o segundo maior produtor de petróleo do Brasil, segundo o subsecretário de Petróleo e Gás do governo do Estado, Dirceu Abrahão. Além disso, desde o início de 2015, o Estado é o segundo maior produtor de gás natural do país, com uma produção de 19 milhões de metros cúbicos diários. 
Royalties
Os royalties provenientes da produção petrolífera cresceram fortemente nos últimos dez anos e atualmente representam uma parcela importante da arrecadação dos municípios confrontantes aos campos produtores. Os dez municípios que mais recebem royalties no Estado são Ilhabela, São Sebastião, Caraguatatuba, Cubatão, Guararema, Bertioga, Ilha Comprida, Iguape, Praia Grande e São Vicente. 
Ceagesp vai mudar
O governo do Estado publicou em sua plataforma digital de parcerias a proposta de mudança da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), localizada atualmente na Av. Dr. Gastão Vidigal, Vila Leopoldina, na capital. Esse é o primeiro passo para a realização do chamamento público que definirá o novo endereço do entreposto. A concessão dos serviços será pelo período de 30 anos. 
No Alto Tietê
Uma possibilidade para a nova Ceagesp é o município de Suzano. A unidade seria instalada em uma área de 2,5 milhões de metros quadrados, próxima à segunda alça do Rodoanel Leste, na Estrada dos Fernandes, a 40 quilômetros do Aeroporto Internacional de Guarulhos, a 22 quilômetros do Ferroanel e integrado ao Complexo Intermodal Viamar e Via Leste. 
De olho em 2018 
O governo estadual, encaminhou à Assembleia Legislativa o projeto da Lei Orçamentária que estabelece a receita e a despesa da administração pública estadual para o próximo ano. O orçamento previsto é de 213 bilhões, 6% acima em relação ao previsto para este ano. “A expectativa é que a recuperação continue e que a execução do orçamento seja mais tranquila que nos anos anteriores", aposta o secretário de Planejamento e Gestão do Estado, Marcos Monteiro. 
Audiências
A peça orçamentária de 2018 seguirá agora para a Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento, e ficará em pauta para receber emendas. Desde o mês de agosto, os deputados realizam audiências públicas em regiões de todo o Estado para ouvir demandas da população que podem ser convertidas em emendas para o próximo ano.
Incentivo à economia criativa
A Comissão de Atividades Econômicas da Assembleia deu parecer favorável à proposta que institui política de incentivo à economia criativa. "Incentivar esse setor permitirá o surgimento de espaços de criatividade e liberdade criativa, fomentando a troca de experiências e o trabalho em rede. A ideia é promover espaços de coesão social, potencializando as iniciativas já existentes", diz o autor do projeto, deputado Caio França (PSB).
Nomeação
Ana Paula Fernandes da Rocha Campos foi indicada oficialmente como membro do Conselho Diretor da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp). Ocupará o cargo de Diretora de Regulação Técnica e Fiscalização dos Serviços de Distribuição de Gás Canalizado.

Deputados estaduais de SP brigam na Justiça para dar nome a viaduto, passarela e até trevo de rodovia, R7



Fábio Mazzitelli
Fachada do prédio da Assembleia Legislativa de São Paulo
Fachada do prédio da Assembleia Legislativa de São PauloAgência Brasil
Os deputados estaduais de São Paulo lutam na Justiça pelo direito de elaborar projetos de lei para dar nome a locais, prédios e equipamentos públicos, o que no momento estão proibidos de fazer por determinação judicial.
Em 2 de agosto passado, o Ministério Público Estadual obteve decisão favorável no Tribunal de Justiça (TJ) paulista suspendendo os efeitos de uma emenda à Constituição do Estado de São Paulo aprovada em 2016 pelos deputados que conferia à Assembleia Legislativa e ao governador do Estado a atribuição de denominação de locais, prédios e equipamentos públicos. Para o MP, a prerrogativa de nomear locais e equipamentos públicos é exclusiva do Poder Executivo (do governador do Estado, no caso).
Em 2017, até o final de setembro, foram apresentados 124 projetos de leis com objetivo exclusivo de denominar os chamados "próprios públicos". Neles, os parlamentares nomeiam ou dão novos nomes a viadutos, passarelas, parque, escolas, faculdade, câmpus universitário e até trevos, acessos e retornos de rodovias.
Além de representar uma parte significativa da pauta legislativa (14% dos projetos de lei em 2017), esse tipo de proposição é integrante de um modo tradicional dos parlamentares paulistas de fazer política, por meio do qual atendem a pedidos de redutos eleitorais ou realizam um tipo de homenagem a pessoas conhecidas em suas comunidades, vinculando suas imagens a elas.
Disputa entre Poderes
A decisão do Tribunal de Justiça é em caráter liminar (provisório), sem julgamento do mérito. Mesmo assim, a Procuradoria da Assembleia Legislativa já apresentou recurso para derrubá-la.
Nesse intervalo, o governador Geraldo Alckmin já barrou ao menos um projeto de lei com base na proibição judicial vigente. Em 21 de setembro, Alckmin vetou totalmente uma proposição aprovada pelos deputados que dava a uma Base do Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar localizada em Campinas o nome de "Coronel PM Gerson Vitória".
"A despeito dos inegáveis méritos da pessoa que se pretende homenagear (...), deixo de acolher a medida", responde o governador, citando a decisão do Tribunal de Justiça em seu veto.
Os deputados estaduais, entretanto, não se dão por vencidos. Em parecer datado da última terça-feira (26), assinado por 12 parlamentares, o Legislativo paulista defende de forma enfática o direito de nomear locais públicos.
"Basta lembrar os incontáveis projetos semelhantes já deflagrados e aprovados por este Parlamento há anos, que receberam a competente sanção do Governador, convertendo-se em leis", afirmam os deputados, em trecho do parecer.
Os projetos de lei para denominar locais, prédios ou equipamentos públicos seguem sendo apresentados normalmente --foram 30 proposições desde 2 de agosto, data da decisão do TJ.

Tecnologia amplia aplicações industriais de diamantes sintéticos, Revista Fapesp


03 de outubro de 2017
Com o nome fantasia CVDVale, a Clorovale Diamantes Indústria e Comércio produz diamantes sintéticos (CVD) de alta resistência, com as mesmas propriedades físicas e químicas do diamante natural, e filmes de carbono tipo diamante (DLC, de diamond-like carbon) para uso nas indústrias de petróleo, mineração e automotiva e para equipamentos médicos e odontológicos.
A CVDVale foi fundada em 1997, quando um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) conseguiu financiamento do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP para viabilizar o uso odontológico do ultrassom por meio do desenvolvimento de brocas (pontas) de diamante específicas para este fim.
Os resultados da pesquisa colocaram a empresa entre as pioneiras na produção de brocas e aparelhos ultrassônicos de uso odontológico e a tecnologia CVDentus credenciou seu ingresso, em 2009, no grupo de 36 startups selecionadas para receber recursos do fundo de investimento de capital semente Criatec, uma iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que conta também com aportes do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
CVDentus é uma tecnologia de pontas odontológicas, com propriedades bactericidas, que habilita o uso do aparelho de ultrassom odontológico não só para retirar cáries sem sangramentos e quase sem dor, como também para perfurar ossos da arcada para receberem implantes sem risco de ferir tecidos moles. Quase sem ruído, o aparelho dispensa a anestesia em 70% dos casos. A tecnologia, já patenteada, recebeu diversos prêmios, como o Finep Inovação de 2003, como o melhor produto da Região Sudeste, e o de 2011, na categoria Inventor Inovador, e ainda o prêmio de melhor invento mundial, outorgado pela World Intellectual Property Organization (WIPO) em 2011.
O CVDDentus, assim como as várias outras inovações da CVDVale que se sucederam, tem suas origens no início dos anos 1990 quando os quatro fundadores da CVDVale – Vladimir Trava-AiroldiEvaldo CoratLuiz Gilberto Barreta e Luis Francisco Bonetti – começaram a trabalhar para que o Inpe, onde eram pesquisadores, dominasse a tecnologia de produção de diamantes sintéticos a serem u sados em satélites, como dissipadores de calor e lubrificantes sólidos.
Essa empreitada, que contou com o apoio da FAPESP, já previa a constituição futura de empresas que desenvolvessem novas aplicações para a tecnologia, aproveitando as propriedades únicas dos diamantes. Na época, Trava-Airoldi acabava de retomar as atividades no Inpe depois de concluir seu pós-doutorado em física molecular na Nasa. “Fui para lá exatamente para conhecer os mecanismos pelos quais eles conseguiam transformar os conhecimentos das pesquisas espaciais em inovações de amplo impacto social”, explica.
No Inpe, os pesquisadores conseguiram aperfeiçoar a tecnologia de produção de diamante sintético (CVD) e de filmes de carbono tipo diamante (DLC), um material similar não cristalino, com propriedades semelhantes ao diamante e com aplicações industriais mais amplas porque pode ser sintetizado em temperaturas mais baixas, em superfícies maiores e sobre materiais que já são normalmente usados pela indústria, como aço, alumínio, latão, plástico e vidro.
Coeficiente de atrito
Trava-Airoldi explica que os diamantes sintéticos se caracterizam por apresentar o menor coeficiente de atrito dentre os materiais sólidos e alta condutividade térmica, sendo úteis sempre que se quer aquecer ou esfriar rapidamente um material. São excelentes isolantes elétricos, mas podem funcionar também como semicondutores dependendo da dopagem que lhes for aplicada. Apresentam, ainda, um amplo intervalo de transmissão óptica; grande resistência à corrosão química e biocompatibilidade, podendo ter propriedades bactericidas quando dopados com certas nanopartículas.
Assim, as aplicações potenciais são vastas: dispositivos microeletrônicos, ferramentas de corte, camadas antiatrito em motores automotivos e aeronáuticos, revestimento de peças e recipientes usados na indústria química, no processamento de vidros e materiais cerâmicos e na produção de protetores ópticos, para citar alguns exemplos.
As tecnologias de produção de diamante CVD e DLC desenvolvidas no Inpe pelos pesquisadores incrementaram a dureza do DLC, aceleraram a velocidade de síntese do diamante CVD e aumentaram muito a adesão de ambos materiais sobre alguns substratos onde são “cultivados”, como molibdênio, aço e titânio, ampliando suas aplicações industriais. A primeira aplicação foi o uso de DLC como lubrificante sólido na superfície das partes móveis de satélite, o que permitiu substituir com vantagens os materiais importados que eram usados até então.
As aplicações odontológicas vieram depois, com o apoio do PIPE da FAPESP, que permitiu o surgimento da CVDVale com o objetivo inicial de viabilizar o uso odontológico do ultrassom com brocas de diamante.
Foram necessários cinco anos para a CVDVale chegar às primeiras brocas odontológicas. Hoje, a empresa fabrica o ultrassom, dezenas de modelos de brocas e duas canetas para conectá-las ao ultrassom, uma para os ossos da boca e outra para os dentes.
Cirurgias ortopédicas
Os resultados na área odontológica animaram a empresa a desenvolver outro ultrassom para cirurgias ortopédicas, em que as superfícies a serem cortadas são bem maiores. Previsto para terminar em janeiro de 2018, o projeto, também apoiado pelo PIPE, já rendeu o lançamento de uma nova caneta para cirurgias odontológicas.
“Nas aplicações ósseas, substituímos o diamante por DLC, que é mais barato e permite obter uma superfície de corte maior e dentada, muito melhor para cortes grandes”, explica Corat.
Outro foco das tecnologias para corte de dentes e para corte de ossos, ainda em desenvolvimento, é avançar na padronização para a produção em grande escala. Para isso, a CVDVale incorporou à equipe o pesquisador Deiler de Oliveira, que já trabalhou numa grande mineradora de cobre e num projeto da comunidade europeia voltado para a padronização de processos em diferentes países.
A CVDVale não parou de inovar, desde a sua criação, impulsionada por sete PIPEs e pela estreita colaboração com o Inpe. “O benefício tem mão dupla: o trabalho da empresa avança com os conhecimentos gerados no Inpe – sobretudo com os três Projetos Temáticos apoiados pela FAPESP – e as pesquisas do Inpe se beneficiam do conhecimento gerado na CVDVale”, explica Trava-Airoldi.
A colaboração já rendeu 12 patentes e mais de 250 artigos científicos publicados em revistas internacionais, sem contar os primeiros cursos de odontologia ultrassônica do mundo, ministrados na Universidade de São Paulo.
Hoje, além dos produtos mencionados, a CVDVale produz sob encomenda brocas de diamante autoafiáveis para perfuração de poços – de água, gás ou petróleo. A empresa também reveste qualquer superfície metálica com uma cobertura capaz de lhes conferir propriedades como maior dureza e aderência, resistência à corrosão, lubrificação sólida, biocompatibilidade, efeitos bactericidas ou anticoagulantes, de acordo com a necessidade de cada indústria. Tudo isso por meio da incorporação de diferentes nanopartículas ao revestimento.

Projetos apoiados pela FAPESP:
Palavras-chave: equipamentos odontológicos, equipamentos médicos, indústria de petróleo, mineração, indústria automotiva, diamante sintético, ultrassom