domingo, 18 de dezembro de 2016

Pacote de fim de ano, OESP

Ao contrário do que tantas vezes aconteceu a cada fim de ano, quando o governo vigente baixava seu pacote de maldades, o governo Temer agora está se esforçando para produzir bondades. Procura agora pavimentar a estrada do crescimento e apressar a recuperação da tão emperrada atividade econômica.
A melhor maneira de garantir a previsibilidade, sem a qual não haverá recuperação, ainda é o fortalecimento dos fundamentos da economia: é a obtenção do equilíbrio sustentável das contas públicas que leve ao controle da dívida, é a inflação ancorada na meta e é a saúde das contas externas.
As medidas anunciadas quinta-feira dão como encaminhado o ajuste e procuram produzir a faísca que aciona os motores. É um esforço redobrado para descolar alguma energia a mais, que leve a economia a engrenar a primeira marcha.
Melhorar as condições de renegociação de dívidas, reduzir a burocracia, aumentar o rendimento do Fundo de Garantia, induzir o comerciante a dar desconto quando o pagamento é feito com cartão de débito e com dinheiro vivo fazem parte de um conjunto de iniciativas bem-vindas que ajudam a azeitar os negócios. Mas são de baixo resultado imediato se o objetivo é acelerar o investimento, voltar a crescer e reabrir postos de trabalho.
Petróleo
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E, no entanto, há mais o que fazer. Há, por exemplo, que acelerar os leilões de concessão de serviços de infraestrutura, especialmente de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. E há a necessidade de retomar os leilões de áreas de petróleo, tanto pelo regime de concessão quanto pelo regime de partilha. São alavancas que mais rapidamente trarão mais recursos para o País, estimularão investimentos e criarão empregos.
Não se pode negar que esses projetos começam a ser agilizados. Há quem diga que essas coisas não andam mais depressa por falta de recursos. Não é o que pensa, por exemplo, a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques. Ela não está afirmando que há dinheiro sobrando no caixa do banco que dirige. Está dizendo apenas que os mercados estão inundados de dólares e que não faltarão recursos para financiar projetos consistentes e bem formatados.
E, no entanto, subsiste a sensação de emperramento, por motivos diferentes dos que havia no governo Dilma, quando prevaleciam o déficit de administração e os vetos de natureza ideológica. O principal deles é o clima de incerteza que toma conta do País. Quem põe dinheiro em projetos de desenvolvimento de longa maturação precisa de chão firme sobre o qual pisar. E, no entanto, semana após semana, crescem as dúvidas sobre quem governará, sobre como será o governo nos próximos meses e com que regras do jogo se poderão contar. Quando se esperava que o Judiciário assumisse a condição de poder moderador, eis que vários integrantes do Supremo passam a se dedicar à implantação de casuísmos jurídicos que acabam por solapar o arcabouço sobre os quais se assenta a ordem jurídica. Qual será a próxima bomba que o Supremo detonará no País?
Tudo isso chega aos computadores dos investidores que a todo momento se perguntam como alguém pode impunemente assumir riscos tão altos. Enfim, é a política que hoje mais desarruma a casa.

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Natal das crianças, Karnal ,OESP



Aceite que o barroco dourado e over do mundo natalino é a chance de ser cafona sem culpa


Leandro Karnal ,
O Estado de S.Paulo
18 Dezembro 2016 | 02h00
No próximo domingo será Natal. Os cristãos primitivos não celebravam a festa do nascimento de Jesus. No Evangelho mais antigo na ordem de escrita, o de Marcos, o Messias já aparece com 30 anos. A grande festa cristã era a Páscoa. O culto ao menino Jesus demoraria muito. 
O que explica a ascensão do Natal? A data, bastante aleatória, diz respeito a uma escolha dos romanos. Era uma tentativa de cristianizar a festa de 25 de dezembro, antes ligada ao Sol, a Mitra e outros cultos. O Natal foi um esforço de subverter a memória pagã.
Sabemos, pelo Evangelho de Lucas, que fazia frio. Logo, Jesus nasceu entre outubro e março. Aprendemos que Belém é um lugar teológico: Jesus deveria nascer lá para cumprir a profecia. Que tenha nascido, de fato, na cidade de Davi, é algo incerto. Santa Helena, a mãe do imperador Constantino, está por trás de muitas das escolhas dos lugares de culto na Terra Santa. Os locais exatos assinalados hoje, como a estrela de prata de 14 pontas na gruta da Natividade, são um cruzamento de tradições e escolhas aleatórias. Por fim, o ano do nascimento do Messias, definido como 753 da fundação da cidade de Roma, é um erro de cálculo. É possível que Jesus tenha nascido antes de Cristo, ou seja, que o nascimento real tenha ocorrido antes da data oficial estabelecida séculos depois. É um tema muito caro a um historiador: a invenção das tradições. 
A festa de Natal teve uma ascensão lenta no calendário litúrgico. Como vimos, era ofuscada pela Páscoa. Importante perceber que inexistia a categoria criança na Idade Média. Outra questão: ninguém comemorava o dia do seu nascimento. Poucos sabiam a data. A criança era considerada um adulto imbecil. 
O Natal é processo de humanização de Jesus e de Maria. O presépio foi criado no século 13, provavelmente por Francisco de Assis. A transformação foi aumentando. Os portais das catedrais ainda ressaltavam o Juízo Final, a terrível passagem de Mateus 25 sobre o fim dos tempos e o julgamento de todos. Porém, dentro das igrejas, uma sorridente Nossa Senhora exibia seu filho, orgulhosa e afetiva. As crianças foram adquirindo uma representação específica. Compare uma Madona de Cimabue, uma de Giotto e uma de Rafael. Num prazo de dois séculos, surgiu, de fato, a criança como a identificamos hoje.
O século 19 é o século em que a criança se afirmou. O Impressionismo representou muito a alvorada da vida. As Meninas de Azul e Rosa, do Masp, mostram Renoir imerso na nova estética. Surgem roupas específicas para os pequenos. O ensinamento de Rousseau, na obra Emílio, começa a ser aceito por muita gente: a infância determina o ser humano maduro. 
Por fim, o século 20 é o início da era de ouro da criança, ao menos da criança de classe média e alta. A festa do Natal assumiu caráter lúdico e comercial. Cresceu a figura do Papai Noel. Presentes tornaram-se obrigatórios. As casas foram decoradas com motivos mais divertidos e menos religiosos. O Natal virou uma festa voltada ao público infantil e celebrada para ele. Da mesma forma, na Páscoa, o Cristo ressuscitado deu lugar ao coelhinho. Ovos de chocolate predominam sobre o Cordeiro Pascal. O aniversariante continua pobre como nasceu: Jesus nada ganha no fim do ano.
O processo de infantilização das festas não é exclusivo do cristianismo. Crianças de identidade judaica, em Nova York, por exemplo, começaram a ser contempladas com árvores de Hanucá, a festa das luzes. O surgimento de Hanukkah Bushes mostra a necessidade do lúdico. As crianças dominam nosso imaginário. Como cantávamos nos ônibus em excursões escolares: “Criança feliz, feliz a cantar, alegre a embalar, seu sonho infantil...”. Alguém ainda conhece essa melodia? 
A infantilização do Natal traz dois aspectos. O primeiro eu já desenvolvi: a valorização crescente da criança e a tentativa de tornar a infância um período de felicidade absoluta. A segunda traz a melancolia de quem cresceu. Geralmente, as crianças amam profundamente o Natal e muitos adultos se sentem tristes nessa época. Talvez sejam os gastos, talvez sejam as memórias dos Natais reais ou recriados pela memória. Uma amiga minha, Flavia, acha a música Noite Feliz uma das coisas mais depressivas do mundo. Eu acho a melodia plangente; ela ecoa de forma merencória na neve austríaca que a gerou.
Em uma semana será Natal. É hora de acertar contas com sua criança interior. Talvez seja esse o desafio da data. O que eu e você perdemos entre aquela festa familiar dos primeiros anos de vida e a de hoje? Que ecos buscamos? Procuro conversar com meus fantasmas para aprender. Lembre-se da lição de Ebenezer Scrooge, do conto de Dickens (A Christmas Carol). Fale com seus fantasmas. Convide-os para sua mesa. Dance com alguns: são leves, não pisarão nos seus pés. Encare até Simone cantando “então é Natal”. Aceite que o barroco dourado e over do mundo natalino é uma chance de ser cafona sem culpa. Você não é obrigado a ser feliz na noite de Natal, mas entenda que também não é obrigado a ser triste. Falta uma semana. Feliz Natal! Bom domingo para todos vocês!

sábado, 17 de dezembro de 2016

Itaipu bate novo recorde mundial com geração de 98,8 milhões de Mwh de energia no ano,OESP


A Itaipu Binacional atingiu neste sábado (17) a geração anual de 98,800 milhões de megawatts-hora (Mwh) de energia, novo recorde mundial, informou a empresa. Com o novo número, Itaipu fica à frente da usina de Três Gargantas, na China, que fechou novembro com a geração em torno de 83 milhões de Mwh e prevê uma produção total de 90 milhões de Mwh no ano.
Em nota à imprensa, Itaipu destaca que o recorde mundial em geração anual de energia se soma ao título que Itaipu já detinha: o de maior produção acumulada. Desde a entrada em operação de sua primeira unidade geradora, em maio de 1984, há 32 anos e sete meses, Itaipu já produziu mais de 2,4 bilhões de MWh, energia suficiente para atender a demanda do mundo inteiro por 40 dias.
ctv-hos-hidreletrica-itaipu-divulgacao
Hidrelétrica Itaipu Binacional
"A 14 dias para fechar 2016 e operando a plena carga, Itaipu deve atingir na quarta-feira, 21, a meta inédita de 100 milhões de MWh estipulada no recorde de 2013. A produção total de 2016 deve ficar acima de 102,5 milhões de MWh, algo jamais imaginado até mesmo pelos que projetaram a usina", destaca a empresa na nota.
Para o diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, vai ser muito difícil superar Itaipu. "Não basta ter a maior estrutura para ser a melhor do mundo. Nós conseguimos isso com muito esforço e comprometimento, e, claro, com a ajuda das boas condições hídricas do Rio Paraná", destacou.
Segundo o diretor técnico executivo de Itaipu, Airton Dipp, a hidrelétrica responde por 18% do consumo nacional, quatro pontos porcentuais a mais do que o registrado no ano passado, e por 82% da demanda do Paraguai, ante 76% em 2015.
Foto: Divulgação
Hidrelétrica de Itaipu
Usina de Itaipu

A empresa destaca ainda que o aumento da produção também refletirá em mais royalties (indenização pela exploração do uso da água para a geração de energia elétrica), pagos ao Brasil e ao Paraguai. "Como o cálculo é feito com base na variação do dólar - e como a moeda americana se valorizou frente ao real -, o repasse de royalties a partir da produção deste ano será 15% maior", calcula a empresa. Desde o início do pagamento, em 1985, a soma dos royalties pagos pela Itaipu para os dois países passa de US$ 10 bilhõe