quinta-feira, 21 de julho de 2016

SSP terá acesso às câmeras OCRs da Prefeitura, release SSP (demorou!)


Os radares da Prefeitura de São Paulo passarão a ajudar a Polícia no combate ao crime
O secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, e o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, assinaram convênio para o compartilhamento de imagens e dados de OCR (Optical Character Recognition), nesta terça-feira (19). A previsão é a de que até 900 radares do município sejam integrados, gradativamente, ao sistema Detecta da polícia.
A parceria tem como objetivo a troca de informações dos bancos de dados das câmeras existentes na Capital, em posse da SSP, Secretaria Municipal de Transportes, CET e SPTrans, para aumentar a eficiência nos planejamentos de Segurança Pública e Mobilidade Urbana.
“Os primeiros 90 radares começam a ser integrados já, com a assinatura do convênio. Com o sistema integrado, a PM de São Paulo poderá, por exemplo, rastrear o trajeto de um veículo roubado a partir de uma denúncia feita ao 190. Com isso, o combate ao crime será mais célere porque a polícia poderá montar bloqueios visando coibir a ação criminosa”, explica o secretário.
Representantes da Secretaria de Transportes, da CET e da SPTrans terão lugares para acompanhar o trabalho desenvolvido no Centro Integrado de Comando e Controle (CICCR) e no Copom, além de acesso ao cadastro de veículos e condutores. Em contrapartida, a Secretaria de Transportes disponibilizará, em tempo real, as imagens e os dados de OCR aos órgãos da SSP, além de providenciar cadeiras para integrantes da pasta na autarquia e na empresa pública.
A parceria terá validade de cinco anos. Será constituída uma Comissão Paritária de Controle e Fiscalização do convênio, que contará com representantes da SSP, Diretoria de Telemática da PM e do Copom, além de um integrante da Secretaria Municipal de Transportes, da SPTrans e da CET, que se reunirão mensalmente para discutir o plano de trabalho e adequações que se fizerem necessárias.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Biografia dos terroristas sempre revela vidas de ressentimento - JOÃO PEREIRA COUTINHO


FOLHA DE SP - 19/07

Acontece um atentado terrorista na Europa –mais um, agora em Nice– e as perguntas dos dias seguintes são sempre as mesmas. Por quê? Como explicar o horror? Quais são as causas? Que fizemos nós para merecer isso? A ambição subjacente é óbvia: se soubermos as causas podemos evitar os efeitos.

Existem duas formas de responder a um tal cortejo de ansiedades. O primeiro é denegrir tais dúvidas, caracterizando os seus autores como ingênuos ou coisa pior. O terrorismo deseja o terror. E, quando vem embalado por qualquer caução islamita, deseja a morte dos infiéis. Será assim tão difícil de entender?

Na verdade, é difícil sim. E aqui está a segunda forma de responder às perguntas: o nosso pensamento progressista (e racionalista) impede uma compreensão genuína do horror.

Somos filhos do Iluminismo. Acreditamos que a razão, corretamente exercida, permite sempre uma melhoria moral e material da sociedade: a derrota do fanatismo; a defesa da tolerância; a partilha de um espaço público comum; e etc. etc. Os atos dos terroristas são "irracionais", dizemos nós, porque não se ajustam aos nossos critérios de racionalidade.

Essa "dissonância cognitiva" é inevitável. O Iluminismo teve consequências positivas na história dos homens: o reforço da separação entre o Estado e a Igreja, inexistente no Islã, foi um deles.

Também teve consequências desastrosas: se, como dizia Voltaire, o paraíso é onde estamos, então nada impede os seres humanos de procurarem esse paraíso na Terra. Dizer que as consequências dessa busca foram trágicas no século 20 é, obviamente, um eufemismo.

Só que o "projeto iluminista", na sua ânsia de defender e aplicar a soberania da razão humana, esqueceu-se de dois viajantes que sempre fizeram parte da história.

O primeiro é a "contingência", ou seja, a noção de que não é possível controlar tudo por mera ação humana. Pior ainda: a noção de que podem existir fatores imponderáveis que subvertem, ou até destroem, as melhores intenções. Essa ideia, que era pacífica para nossos antepassados, deixou de o ser com a arrogância racionalista moderna.

O segundo viajante se dá pelo nome de "ressentimento". A política das boas intenções esqueceu-se do "homem ressentido", para usar a expressão de Max Scheler (1874""1928): o sujeito que procura "lá fora" a justificação para o seu ódio interior. Como escrevia Edmund Burke (1729""1797) em crítica direta ao otimismo dos "philosophes": "O poder dos homens viciosos não é algo de negligente".

Esse poder está à vista: leio a biografia dos terroristas e, sem exceção, encontro sempre vidas de ressentimento. Podem ser ressentimentos familiares. Econômicos. Sentimentais. Sexuais. Ou, na era narcisística em que vivemos, um desprezo pelo exato mundo que não os reconhece na sua importância ou singularidade.

Idealmente, os homens ressentidos deveriam ter o anonimato que merecem, condenados a tragar o veneno que produzem para terceiros.

Mas os ressentidos profissionais encontram sempre uma "filosofia do ressentimento" que os redime. Exatamente como comunistas e nazistas encontraram no passado.

Essa "filosofia" é também ela um produto do ressentimento: o radicalismo islâmico propaga uma mensagem de ódio ao Ocidente, não apenas porque o Ocidente e os seus valores "liberais" (democracia, pluralismo, liberdade individual etc.) são odiosos –mas porque, na lógica do ressentido, o Ocidente é o culpado por todas as falhas de um povo, ou de uma cultura, ou de uma civilização. Lênin e Hitler poderiam tranquilamente subscrever essa visão.

Deixo as questões securitárias para os especialistas.

Mas duas conclusões filosóficas parecem-me fatais.

Para começar, a Europa terá que conviver com a contingência que tanto se esforçou por ignorar. Por melhores que sejam os sistemas policiais, nem todo o progresso tecnológico poderá eliminar o horror do imponderável. O paraíso, definitivamente, não é deste mundo.

Por último, os inimigos das sociedades livres sempre estiveram dentro delas: falo dos homens ressentidos que usarão sempre uma desculpa qualquer –o Partido, a Raça, o Profeta– para cometerem as suas atrocidades.

"Se soubermos as causas podemos evitar os efeitos?" Lamento. O ressentimento não funciona assim. A sua vontade de destruição é uma história longa. E será, como sempre foi, uma luta sem fim.

Entrada em operação das locomotivas mais potentes do mundo quadruplica capacidade de movimentação na Serra do Mar e retira das estradas cerca de 2 mil caminhões por dia

CREMALHEIRA


003_Paranapiacaba_-_SPA Cremalheira é um sistema exclusivo do Brasil. O trecho possui oito quilômetros de extensão, com inclinações de até 10% (ou seja, o trem sobe um metro a cada dez percorridos). Para que o trem possa trafegar nesse trecho, o sistema de tração da locomotiva é feito com uma roda dentada que incide sobre um terceiro trilho, também dentado, colocado entre os dois trilhos convencionais. As novas máquinas, criadas especialmente para esse projeto, têm quase 18 metros de comprimento, potência de 5 mil KW e são 60% mais eficientes que as utilizadas anteriormente. Elas garantem a segurança operacional contendo a carga na descida ou empurrando-a na subida.
Trilho2
Trilho central da Cremalheira
O início das operações com as novas locomotivas foi considerado o primeiro passo para eliminar gargalos no acesso ferroviário ao Porto de Santos e também para desafogar as rodovias. O investimento permitiu que a empresa quadruplicasse sua capacidade de movimentação de carga na Serra do Mar: de 7 milhões de toneladas para 28 milhões de toneladas anuais.
Após a entrada em operação das novas locomotivas, deixaram de circular até Santos cerca de dois mil caminhões por dia. Se colocados em fila, eles ocupariam a extensão de 30 quilômetros emitindo volume de CO equivalente ao produzido por 35 mil carros de passeio.