sexta-feira, 10 de julho de 2015

Governo de São Paulo trabalha por garantia de segurança energética

Secretaria de Energia apresenta ações para aumentar a garantia de segurança energética no estado de São Paulo com eficiência

Nesta terça-feira, 7, o Governador Geraldo Alckmin anunciou ações da Secretaria de Energia do Estado de São Paulo, voltadas para aumentar o fornecimento de energia elétrica, principalmente a partir de usinas termoelétricas a gás na base do sistema e unidades de geração distribuída.
As medidas que foram anunciadas fazem parte de um conjunto de ações que visam aumentar a autonomia energética no estado, com a ampliação do uso de energias renováveis e de gás natural. Elas incluem a apresentação do projeto de implantação da Rota 4, gasoduto que ligará a exploração do pré-sal na Bacia de Santos até os sistemas de distribuição de gás no estado de São Paulo e a sanção do Projeto de Lei que autoriza a CESP a participar de novos programas/projetos para produção de energia elétrica. E assinou a autorização para  a EMAE implantar quatro usinas termelétricas em suas instalações e para a implantação do projeto de geração distribuída do Complexo Hospital das Clínicas, em parceria com a Comgas e AES Eletropaulo.
Gasoduto Rota 4, permite quase dobrar a oferta de gás natural no estado, ampliando em cerca de 15 milhões de m³ por dia, que serão utilizados em usinas termelétricas para produção de energia, menos poluentes que as movidas à diesel. Permite também fomentar o aumento do uso industrial e residencial, com o barateando dos custos.  E o desenvolvimento da geração distribuída, em grandes unidades de consumo, nas regiões metropolitanas.
CESP, que não dispunha de mecanismo jurídico para constituição de Sociedades de Propósitos Específicos, agora, poderá empreender novas ações, com foco na expansão da oferta de energia e alinhadas com as políticas públicas de redução de carbono e mudanças climáticas. Essa possibilidade de participação da CESP em parceria com outras empresas mostra-se conveniente e oportuna para novos projetos de geração de energia, especialmente as provenientes de fontes mais limpas.
O Governador Geraldo Alckmin autorizou a Secretaria de Energia, por meio da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE), em parceira com o setor privado, a lançar edital para a implantação de usinas termelétricas a gás natural, em terrenos da empresa. Essa medida também atende as diretrizes estratégicas do Governo de São Paulo para incentivar a geração de energia próxima aos centros de carga, ampliar o uso do gás natural na geração distribuída e a consequente redução das emissões de carbono.
Na ocasião, também foi autorizado pelo Governador Geraldo Alckmin as Secretarias de Energia e de Saúde e suas unidades vinculadas, estabelecidas no quadrilátero do HC, a implantarem oPrograma de Geração Distribuída de Energia Elétrica e Térmica no Complexo Hospitalar das Clínicas. O projeto inclui uma central de cogeração, usina solar fotovoltaica com sistemas de armazenamento de energia e modernização de equipamentos de ar-condicionado, e permitirá aumentar a confiabilidade do sistema de energia, a modernização do parque de equipamentos, redução dos custos operacionais e centralização da geração de energia e água gelada. E objetiva a ampliação da segurança energética e a máxima eficiência no uso integrado de energia em todo o conjunto destas unidades do maior complexo hospitalar do país.
O Secretário de Energia, João Carlos Meirelles, citou o protagonismo do estado em criar as condições para garantir o seu desenvolvimento: “São Paulo, que é extremamente industrial, teve a sensibilidade de produzir energia quando foi necessário. Em 1928 nós inaugurávamos a Henry Borden, que proveu energia de quase 900 MW de potencia para o desenvolvimento e industrialização de São Paulo, e está gerando hoje menos do que poderia estar gerando, no maior centro de carga do país. O Governo de São Paulo tomou as providencias de construir todas as usinas hidroelétricas que eram possíveis construir no estado, cujo modelo depois foi adotado pelo país”, disse Meirelles.
Para o Governador Geraldo Alckmin as medidas são importantes e ajudarão o crescimento do país: “São medidas extremamente importantes, com várias frentes simultâneas e uma questão central: primeiro energia, se o Brasil crescesse nós teríamos dificuldades de energia, estamos no segundo ano com o Brasil decrescendo. Depois torna-la mais barata, para baratear o custo da energia e ajudar a economia”, afirmou o Governador.

Uber Proibidão


Renato Cruz
05 Julho 2015 | 03h 00
A tecnologia avança mais rápido que as leis, ao permitir coisas que eram impossíveis ou inviáveis. Antes do Uber, motoristas particulares tinham de negociar diretamente com seus clientes para combinar corridas. Com o aplicativo, o consumidor pode chamar o carro mais próximo e pagar um preço baseado na distância percorrida.
O Uber argumenta que somente tornou mais eficiente um serviço que já existia, de motoristas particulares. Os taxistas acusam o aplicativo de concorrência desleal, pois funcionaria como um sistema de chamadas e de taxímetro para esses motoristas, que não precisam de licença, e a quem acusam de sonegar impostos.
Não existe regulamentação para o Uber, já que, antes do celular inteligente, não daria para prestar um serviço como esse. Para os representantes do aplicativo, o que não é expressamente proibido é permitido, enquanto que, para seus opositores, o que é não é expressamente permitido é proibido.
Na semana passada, os vereadores de São Paulo aprovaram, em primeira votação, um projeto de lei que proíbe serviços como o Uber. O texto ainda não está valendo, e precisa passar por mais uma votação. O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, anunciou que vai criar “armadilhas” para apreender carros de motoristas que trabalham com o Uber. Representantes dos taxistas chegaram a dizer que “vai ter morte”, caso o aplicativo continue a operar.
O que chama atenção nessa história toda é que as autoridades, no lugar de buscar uma maneira de regularizar o serviço, procuram um jeito de tirá-lo de operação. Se o Uber não paga impostos, deveria ser autuado pela Secretaria Municipal de Finanças, e começar a pagá-los. Se representa concorrência desleal aos táxis, deveria ser criado um regulamento para reduzir essa assimetria, de preferência facilitando a vida dos taxistas, e não dificultando a atuação do Uber.
A adesão dos consumidores ao serviço - que, na versão que está há mais tempo no Brasil, é mais caro que corridas de táxi - aponta para uma deficiência no setor, para uma demanda mal atendida. A administração municipal - que tem apostado em ciclovias para resolver os problemas de transporte na cidade - decidiu que a melhor forma de lidar com o Uber é bani-lo, sem levar em conta as necessidades do munícipe. 
Todo setor econômico regulado, como é o caso dos transportes, traz oportunidade para o que os especialistas chamam de inovação rompedora, que muda drasticamente o mercado. É só ver o impacto de serviços de voz via internet, como o Skype, e de mensagens, como o WhatsApp, nas operadoras de telecomunicações. O poder público pode atrasar a adoção da tecnologia, mas não impedi-la. Os hábitos das pessoas mudam, e as leis precisam acompanhar essas mudanças. 
DIGITAIS
Ataques
James Bamford escreve há 30 anos sobre a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos. Na quinta-feira, participou de evento do Comitê Gestor da Internet no Brasil, em São Paulo. Bamford alertou que ataques virtuais conseguem causar danos físicos. Um software malicioso pode, por exemplo, danificar turbinas de uma usina ou derrubar um avião.
Segurança
Mais conhecida por fabricar chips para celulares e cartões, a Gemalto aposta numa tecnologia chamada “tolkenização” para reforçar a segurança de compras via internet ou celulares. No lugar de guardar dados financeiros dos clientes, sites e aplicativos armazenam “tokens”, informações suficientes para autorizar transações naquele contexto e que, se roubadas, não podem ser usadas em outros lugares. 

Geração conectada não percebe a internet, diz Ronaldo Lemos


Ronaldo Lemos, que é diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio
BRUNO ROMANI 
DE SÃO PAULO
Se você tem mais de 20 anos, provavelmente consegue se lembrar de como era o mundo antes da internet e também perceber quando está ou não conectado. Mas isso nem sempre é assim. Para a geração das pessoas nascidas nas últimas duas décadas, que sempre estiveram em um mundo on-line, o conceito de desconectado praticamento não existe.
A afirmação é do advogado Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio, especialista em cultura digital.
"Quem nasceu conectado não percebe a internet. Ela não é algo em que é possível se conectar ou não. É uma infraestrutura da vida moderna, tal como a eletricidade ou água encanada", afirma Lemos, que também é colunista daFolha.
Em entrevista, Lemos falou sobre o desenvolvimento da mídia na internet, entre eles o sucesso atual de sites de listas, como o BuzzFeed. E avisa que o Vale do Silício, região na Califórnia que abriga os principais nomes da tecnologia no mundo, redescobriu a área de mídia como bom investimento, financiando várias novas empresas.
Leia abaixo trechos da conversa.
*
Folha - Os serviços de internet completaram 20 anos no Brasil. Como as pessoas se transformaram nesse período em relação à tecnologia?
Ronaldo Lemos - Mcluhan já dizia que o "meio é a mensagem". A frase implica que mudanças nas mídias provocam mudanças profundas na sociedade. As pessoas mudam por causa da tecnologia. Tudo é mais instantâneo e efêmero. Hoje acessamos diversas mídias pelo celular e outros dispositivos enquanto estamos em movimento ou fazendo outras coisas. Essa tendência vai se aprofundar com os smartwatches [relógios inteligentes] e tecnologias vestíveis. Todas as atividades humanas estarão permeadas pela mídia. Mudam os relacionamentos pessoais, a política, a economia da informação, a educação e assim por diante.
Como as gerações nascidas apenas na era digital percebem o mundo? Ainda há espaço no mundo para gente "analógica"?
Quem nasceu conectado quase não percebe a internet. Ela não é algo em que é possível se conectar ou não. É uma infraestrutura da vida moderna, tal como a eletricidade ou água encanada. Ninguém pensa muito hoje sobre a eletricidade, exceto quando ela não está disponível. Com a internet será o mesmo. O que vai vir à tona são serviços construídos a partir dela. Isso traz problemas. Será mais difícil visualizar a internet como uma rede aberta e infinitamente flexível. A maioria das pessoas vai se contentar com alguns poucos serviços. Mas ainda há espaço para a vida analógica. A desconexão verdadeira vai ser cada vez mais um luxo. Além disso, modos de vida "vintage" que valorizem o analógico continuarão existindo, mas como nicho. Isso já acontece hoje com grupos que cultuam o vinil ou máquinas de escrever.
Como os jornais tradicionais podem atrair leitores mais jovens?
Indo até onde eles estão. Qualquer iniciativa de informação hoje tem de considerar que as pessoas desenvolvem hábitos de mídia que são difíceis de mudar. Com isso, é importante estar presente onde os jovens estão. Levar a informação até eles. E não apenas esperar eles irem até você.
Nos jornais, quais devem ser os papeis do impresso e da internet?
A diferença entre impresso e internet está ficando cada vez menor. Estamos vivendo hoje um momento em que as notícias estão se desagregrando e sendo lidas e distribuídas de forma avulsa na rede, independentemente da forma como são originariamente publicadas. Apesar disso, o impresso ainda tem um peso maior, especialmente político. O que se imprime ainda tem mais força do que a notícia que circula apenas na rede.
Os sites de conteúdo (e listas) são a grande ameaça ao jornal?
É um erro crasso achar que sites como o BuzzFeed fazem sucesso por causa de suas listas e do formato das suas publicações. O sucesso desses sites não é derivado do formato do conteúdo que circulam, como as listas. O sucesso vem do fato de que empregam metodologias analíticas sofisticadas para tudo que publicam. Nada vai para o ar sem ser testado antes. Se um post não decola, ele é modificado ou até mesmo retirado do ar e substituído. Usando essas metodologias analíticas, o conteúdo do que é publicado é secundário. Basta pensar no Business Insider, que adotou as mesmas ferramentas analíticas do BuzzFeed para fazer jornalismo "sério" na área econômica. O site é hoje mais acessado que o jornal "The Wall Street Journal".
Como nós mudamos a nossa relação com o digital entre 1995 e 2015?
O crescimento da internet no Brasil foi vertiginoso entre 1995 e 2015. Hoje há mais de 100 milhões de pessoas conectadas. O problema são os próximos 100 milhões. O Brasil adota mudanças rapidamente. Nos últimos dez anos, tivemos uma série de mudanças relevantes na forma como a internet é acessada. Passamos do modelo do computador pessoal em casa para as lan houses. Agora os smartphones é que são centrais. Em termos de hábitos de acesso, as mudanças também são rápidas. Passamos por ICQ, Fotolog, Orkut, MSN Messenger, Facebook, Twitter, Whatsapp, Instagram e agora Snapchat.
A grande lástima é que fomos incapazes de criar um ecossistema efervescente local de mídias. A Folha é um dos poucos grupos que acompanharam as mudanças nesse período. Neste momento, o capital de risco no Vale do Silício redescobriu a área de mídia como bom investimento. Há várias empresas novas sendo financiadas. Seria ótimo se algo similar acontecesse no Brasil, até para competir de igual para igual as empresas que vêm surgindo.