quinta-feira, 10 de abril de 2014

O novo Código (pauta Nalini)

10 de abril de 2014 | 2h 12

O Estado de S.Paulo
Depois de cinco meses de votação, a Câmara dos Deputados aprovou a redação final do novo Código de Processo Civil (CPC), que substituirá o que foi editado pela ditadura militar há quatro décadas. Com mais de mil artigos, o projeto apresentado em 2009, nos cinco anos em que tramitou no Senado e na Câmara, sofreu profundas modificações, muitas delas decorrentes de sugestões e pressões da magistratura, do Ministério Público, do governo, de entidades empresariais e de associações de procuradores.
A votação na Câmara começou em novembro do ano passado, quando foram aprovados o texto-base da parte geral e os dispositivos relativos ao processo de conhecimento e cumprimento da sentença, procedimentos especiais, execução e recursos judiciais. A votação dos dispositivos mais polêmicos ocorreu nas últimas semanas, quando a Câmara analisou cerca de 40 destaques.
Dos destaques aprovados, alguns introduzem iniciativas importantes para agilizar a tramitação das ações, como a redução do número de recursos judiciais, a valorização da jurisprudência, a adoção de medidas para desestimular a apresentação de recursos com fins protelatórios e a substituição dos embargos infringentes por uma nova técnica de julgamento de apelação e agravo para votos divergentes. Em vez da realização de um novo julgamento, como ocorre hoje, o novo CPC permite a convocação de mais juízes para opinar sobre o processo.
Outros destaques envolvem interesses corporativos, como a absurda concessão, aos advogados públicos, do direito de receber honorários de sucumbência. Atualmente, o valor da sucumbência - que é pago ao governo nas ações judiciais em que é vencedor - vai para os cofres públicos. Pela redação aprovada, que teve forte oposição do governo, a sucumbência será paga aos advogados públicos na fase de recursos.
O projeto do Código, que voltará à apreciação do Senado, uniformiza regras para intervenção judicial nas atividades empresariais. Estabelece parâmetros para que sócios ou diretores de empresas sejam incluídos na execução judicial. Permite que o juiz inscreva os nomes de devedores no cadastro de inadimplentes, a fim de que possam ser protestados em cartório. Atualiza as regras para separação entre sócios de empresas de responsabilidade limitada. Proíbe o bloqueio online de várias contas bancárias da mesma empresa, para evitar que seu funcionamento fique comprometido. E, para evitar abusos, o projeto dá ao juiz o prazo de 24 horas para devolver o valor penhorado que exceder o valor da causa e proíbe que decisões de bloqueio de contas bancárias sejam tomadas em plantões judiciais.
O novo CPC também permite que as partes negociem alguns procedimentos, como agendar audiências, estabelecer prazos e evitar intimações. E, além de estimular os tribunais a criar câmaras de mediação de litígios, converte a audiência de conciliação na fase inicial da ação. Se não houver entendimento, o juiz poderá tentar novamente um acordo durante a instrução do processo. A conciliação também foi convertida em pré-requisito na análise das ações de reintegração de posse que envolvam invasões de terras e imóveis ocorridas há mais de um ano.
Para evitar causas repetitivas, o projeto confere aos tribunais a prerrogativa de suspender ações com o mesmo fundamento, até chegar a um entendimento único sobre o caso, que passa a ser aplicado a todos os processos idênticos. Também permite que os juízes convertam uma ação individual em ação coletiva, nos casos que afetem acionistas de uma empresa ou uma comunidade, com a decisão podendo ser aplicada já na primeira instância. E proíbe a magistratura de prolatar sentenças com base em argumentos jurídicos que não foram discutidos pelos advogados das partes.
A nova legislação ainda não tem data para entrar em vigor. Como este é um ano eleitoral e as corporações derrotadas na Câmara já se mobilizam para reverter a situação, o projeto do novo CPC deve levar algum tempo para ser votado em caráter definitivo pelo Senado.

Demi Getschko é homenageado em Hall da Fama da Internet


Com o feito, o conselheiro do Comitê Gestor da Internet se torna o primeiro brasileiro indicado para a premiação
Por Murilo Roncolato
Demi Getschko é um dos pioneiros da internet no Brasil. FOTO: Divulgação
SÃO PAULO – O Brasil passou a fazer parte do Hall da Fama da Internet, prêmio que visa homenagear personalidades que de alguma maneira contribuíram para a evolução da internet em toda sua história. Demi Getschko, atual diretor do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e um pioneiro da internet no Brasil, recebeu em Hong Kong a nomeação para a categoria “conectores globais” pela Internet Society (ISOC), que criou o prêmio em 2012.
Demi foi nomeado ao lado de outros 23 indicados, com origem em 13 países. Sua contribuição à rede global mais lembrada data de 1991, quando, enquanto atuava como coordenador de operações da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, estabeleceu a primeira conexão no Brasil, entre a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e a rede Energy Sciences Network, nos Estados Unidos.
Desde 1995, Getschko é conselheiro do Comitê Gestor da Internet (CGI.br). Foi diretor de tecnologia da Agência Estado, empresa do Grupo Estado, entre 1996 e 2000, e entre 2002 e 2005; e por dois períodos foi diretor da ICANN, entidade americana responsável pela gestão de endereços da web e números IP.
Atualmente, pelo CGI.br, Demi é um dos responsáveis pela organização do evento internacional que pretende definir o futuro da governança da internet, o NETmundial, a ser realizado em São Paulo, nos próximos dias 23 e 24.
O Internet Hall of Fame já premiou indivíduos fundamentais para a história da internet como Vinton Cerf, um dos pais da internet, co-criador do protocolo TCP/IP; Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web; Linus Torvalds, criador do núcleo Linux; Richard Stallman, ativista e responsável pelo nascimento da Fundação do Software Livre; Jimmy Wales, fundador da Wikipedia; o ativista Aaron Swartz, co-criador do RSS e do site Reddit, entre outros.

Sabesp deveria ter feito novo Cantareira na última década


MPE abriu inquérito em Piracicaba para tratar da renovação da outorga, em agosto; empresa diz que investiu R$ 9,3 bi

10 de abril de 2014 | 2h 08

José Maria Tomazela - O Estado de S.Paulo
SOROCABA - Nos dez anos da outorga do Sistema Cantareira, que termina em agosto, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) deveria ter aumentado sua oferta hídrica para a Região Metropolitana de São Paulo em 25 metros cúbicos de água por segundo. O volume, equivalente à vazão atual do Sistema Cantareira para o abastecimento público, seria necessário para atender ao crescimento populacional.
O aumento da oferta também reduziria a dependência do Cantareira. A análise consta de um documento sobre a "criticidade e a dependência hídrica da Região Metropolitana de São Paulo", inserido no inquérito civil instaurado pelo Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema), do Ministério Público Estadual (MPE), em Piracicaba, para acompanhar a renovação da outorga.
De acordo com a promotora Alexandra Facciolli Martins, o compromisso de reduzir a dependência do Cantareira foi assumido pela Sabesp em 2004, mas no período pouco se fez para ampliar a oferta.
"Tanto que, mesmo em uma situação de grave crise hídrica, continua sendo retirado um volume de água acima da vazão primária máxima para a Região Metropolitana de São Paulo, com risco de colapso do sistema e em detrimento da bacia do PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí)", disse Alexandra.
De acordo com a promotora, a proposta de renovação da outorga por mais dez anos mantém a dependência do Sistema Cantareira.
Investimentos. A Sabesp informou ter investido R$ 9,3 bilhões de 1995 a 2013 para elevar a integração do sistema de abastecimento e o volume de água disponível para a Grande São Paulo. No período, a capacidade de produção subiu de 57,6 para 73,2 m3/s.
Ainda segundo a empresa, com a Parceria Público-Privada do Sistema São Lourenço, um investimento de R$ 2,2 bilhões, serão mais 4,7 m³/s de água a partir de 2018.