quinta-feira, 10 de abril de 2014

Demi Getschko é homenageado em Hall da Fama da Internet


Com o feito, o conselheiro do Comitê Gestor da Internet se torna o primeiro brasileiro indicado para a premiação
Por Murilo Roncolato
Demi Getschko é um dos pioneiros da internet no Brasil. FOTO: Divulgação
SÃO PAULO – O Brasil passou a fazer parte do Hall da Fama da Internet, prêmio que visa homenagear personalidades que de alguma maneira contribuíram para a evolução da internet em toda sua história. Demi Getschko, atual diretor do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e um pioneiro da internet no Brasil, recebeu em Hong Kong a nomeação para a categoria “conectores globais” pela Internet Society (ISOC), que criou o prêmio em 2012.
Demi foi nomeado ao lado de outros 23 indicados, com origem em 13 países. Sua contribuição à rede global mais lembrada data de 1991, quando, enquanto atuava como coordenador de operações da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, estabeleceu a primeira conexão no Brasil, entre a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e a rede Energy Sciences Network, nos Estados Unidos.
Desde 1995, Getschko é conselheiro do Comitê Gestor da Internet (CGI.br). Foi diretor de tecnologia da Agência Estado, empresa do Grupo Estado, entre 1996 e 2000, e entre 2002 e 2005; e por dois períodos foi diretor da ICANN, entidade americana responsável pela gestão de endereços da web e números IP.
Atualmente, pelo CGI.br, Demi é um dos responsáveis pela organização do evento internacional que pretende definir o futuro da governança da internet, o NETmundial, a ser realizado em São Paulo, nos próximos dias 23 e 24.
O Internet Hall of Fame já premiou indivíduos fundamentais para a história da internet como Vinton Cerf, um dos pais da internet, co-criador do protocolo TCP/IP; Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web; Linus Torvalds, criador do núcleo Linux; Richard Stallman, ativista e responsável pelo nascimento da Fundação do Software Livre; Jimmy Wales, fundador da Wikipedia; o ativista Aaron Swartz, co-criador do RSS e do site Reddit, entre outros.

Sabesp deveria ter feito novo Cantareira na última década


MPE abriu inquérito em Piracicaba para tratar da renovação da outorga, em agosto; empresa diz que investiu R$ 9,3 bi

10 de abril de 2014 | 2h 08

José Maria Tomazela - O Estado de S.Paulo
SOROCABA - Nos dez anos da outorga do Sistema Cantareira, que termina em agosto, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) deveria ter aumentado sua oferta hídrica para a Região Metropolitana de São Paulo em 25 metros cúbicos de água por segundo. O volume, equivalente à vazão atual do Sistema Cantareira para o abastecimento público, seria necessário para atender ao crescimento populacional.
O aumento da oferta também reduziria a dependência do Cantareira. A análise consta de um documento sobre a "criticidade e a dependência hídrica da Região Metropolitana de São Paulo", inserido no inquérito civil instaurado pelo Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema), do Ministério Público Estadual (MPE), em Piracicaba, para acompanhar a renovação da outorga.
De acordo com a promotora Alexandra Facciolli Martins, o compromisso de reduzir a dependência do Cantareira foi assumido pela Sabesp em 2004, mas no período pouco se fez para ampliar a oferta.
"Tanto que, mesmo em uma situação de grave crise hídrica, continua sendo retirado um volume de água acima da vazão primária máxima para a Região Metropolitana de São Paulo, com risco de colapso do sistema e em detrimento da bacia do PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí)", disse Alexandra.
De acordo com a promotora, a proposta de renovação da outorga por mais dez anos mantém a dependência do Sistema Cantareira.
Investimentos. A Sabesp informou ter investido R$ 9,3 bilhões de 1995 a 2013 para elevar a integração do sistema de abastecimento e o volume de água disponível para a Grande São Paulo. No período, a capacidade de produção subiu de 57,6 para 73,2 m3/s.
Ainda segundo a empresa, com a Parceria Público-Privada do Sistema São Lourenço, um investimento de R$ 2,2 bilhões, serão mais 4,7 m³/s de água a partir de 2018. 

Captação do ‘volume morto’ do Sistema Cantareira traz poluentes

Especialistas alertam para o risco das substâncias tóxicas no fundo das represas

10 de abril de 2014 | 3h 00

Ricardo Brandt - O Estado de S. Paulo
CAMPINAS - A captação de água do volume morto do Sistema Cantareira ameaça trazer à tona poluentes depositados no fundo das represas, onde se concentram contaminantes que não são tratados por sistemas convencionais para o abastecimento. Três especialistas em biologia e toxicidade em corpos d’água fizeram o alerta ao Ministério Público Estadual (MPE), que abriu inquérito civil para investigar a crise hídrica do sistema responsável pelo abastecimento de 14,3 milhões de habitantes na Grande São Paulo e no interior.
"Quando se cogita fazer o uso do volume morto, por causa das condições emergenciais de necessidades hídricas, antes que esteja disponível para o abastecimento público, deve passar por análise criteriosa e tratamento adequado para atendimento dos padrões normatizados de qualidade de água", afirmam, em parecer, Dejanira de Franceschi de Angelis e Maria Aparecida Marin Morales, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e Silvia Regina Gobbo, da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep).
O documento embasou o pedido feito pelos promotores do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema) para que a Agência Nacional de Águas (ANA), o Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e a Companhia do Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) informem quais os critérios de uso do volume morto. O MPE exige quais garantias foram pedidas para não haja movimentação do lodo das represas durante a captação e quais exames de qualidade da água serão feitos.
Segundo as pesquisadoras, "quanto mais baixo o nível dos reservatórios, maior é a concentração de poluentes, recomendando maiores cuidados com seus múltiplos usos". Entre os elementos citados que contaminam os mananciais há compostos inorgânicos (metais e outros agentes tóxicos), orgânicos altamente reativos com os sistemas biológicos (hidrocarbonetos aromáticos, biocidas e fármacos), microbiológicos (bactérias, fungos e protozoários patogênicos) e vírus.
"Muitos dos poluentes que contaminam os rios apresentam potencialidade de alterar o material genético dos organismos expostos, até mesmo do homem, e, consequentemente, desencadear problemas de saúde, como desenvolvimento de doenças crônicas (tais como alterações nas funções da tireoide, do fígado, dos rins), agudas (tais como intoxicações, alergias, diarreias), degenerativas (Parkinson, Alzheimer etc.) e o câncer", relataram as pesquisadoras da Unesp e da Unimep.
Para os promotores do Gaema, a mortandade de mais de 20 toneladas de peixe no Rio Piracicaba, em fevereiro, provocada pela baixa vazão do manancial, foi "apenas um dos primeiros indicadores visuais da gravidade da situação, que, se persistir, poderá acarretar em impactos gravíssimos, muitas vezes irreversíveis". Ontem, diante da situação, o MPE negou à ANA e ao DAEE pedido de prorrogação de 30 dias para que eles respondessem quais critérios serão adotados para a retirada da água do volume morto.
Autorizações. A Sabesp informou que apenas se pronunciará sobre os questionamento após ser notificada pelo MPE. No entanto, a empresa afirmou que tem todas as autorizações ambientais para a execução da obra de captação de água do volume morto.
De acordo com a Sabesp, as obras foram iniciadas no dia 17 do mês passado nas Represas Atibainha, em Nazaré Paulista, e Jaguari, em Bragança Paulista. A intervenção vai custar R$ 80 milhões e será concluída em dois meses. "O volume de água que estará à disposição para abastecimento público é de 200 bilhões de litros. A reserva total é de 300 bilhões de litros", informou a Sabesp.