sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

BNDES libera R$ 1,35 bi para despoluir Tietê


BRUNO DEIRO - O Estado de S.Paulo
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou ontem o empréstimo de R$ 1,35 bilhão para financiar a terceira fase do Projeto Tietê. A previsão é de que nos próximos três anos o volume de tratamento do Rio Tietê chegue a 84% na Região Metropolitana de São Paulo. O programa de despoluição, iniciado em 1992, consumiu US$ 1,6 bilhão (pouco mais de R$ 3 bi) nas duas etapas anteriores, segundo a Sabesp.
O valor anunciado pelo BNDES para esta etapa, que começou a ser implementada em 2009, servirá para cobrir o contrato da Sabesp com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Além da ampliação do volume de tratamento dos dejetos despejados no rio, está previsto o aumento da cobertura dos serviços de coleta do esgoto - dos 84% atuais para 87%.
A meta do Projeto Tietê é de que o rio esteja completamente despoluído até 2020. Nas duas décadas desde a implementação do programa, o tratamento do esgoto que chega ao rio passou de 24% para 70%. Em outubro, o governo Geraldo Alckmin prometeu que até 2015 não haverá mais o tradicional mau cheiro e o rio abrigará o trânsito de barcos de turismo - citou, inclusive, a possibilidade de promover passeios como os existentes no Rio Sena, em Paris.
De acordo com o BNDES, a terceira etapa prevê a colocação de coletores e interceptores (420 quilômetros), redes coletoras (1.251 quilômetros) e 200 mil ligações domiciliares de esgoto. Além disso, o cronograma prevê a instalação de seis estações elevatórias de esgoto, responsáveis pelo bombeamento dos efluentes transportados nos coletores-tronco. Com isso, estima-se a criação de 19.840 empregos - 13.120 indiretos e 6.720 diretos.
As obras serão executadas em uma área que inclui 27 municípios da região metropolitana de São Paulo. Serão ampliadas três estações de tratamento de esgoto (ETEs) do Sistema Principal. Em Barueri, a vazão atual de 9,5 metros cúbicos por segundo (m³/s) passará a ser de 16 m³/s. Na estação Parque Novo Mundo, subirá de 2,5 m³/s para 4,5 m³/s, e no ABC, de 3 m³/s para 4 m³/s.
Avanços. Apesar dos avanços pouco perceptíveis na capital, onde a aparência e o odor do Tietê pouco se modificaram nas últimas décadas, há sinais de melhora em outros pontos da bacia. Segundo os responsáveis, um dos locais de maior evolução foi verificado na cidade de Barra Bonita. Localizado a cerca de 300 quilômetros de São Paulo, o município turístico conseguiu resgatar a vida aquática e retomou a atividade pesqueira em algumas partes do rio.
Na Região Metropolitana, os únicos municípios que têm 100% de coleta e tratamento de esgoto são Salesópolis, onde fica a nascente do Rio Tietê, e São Caetano do Sul. No total, 51 cidades da bacia estão nessa situação - a maioria fica em regiões próximas a Jaú e Araçatuba.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Vídeos históricos do São Paulo TREM Jeito: Condenados pelo progresso - desativação de ramais ...

Vídeos históricos do São Paulo TREM Jeito: Condenados pelo progresso - desativação de ramais ...

Dinamarquesa colabora na 2ª geração de etanol


Autor: 
 
O Brasil está mais próximo de produzir em larga escala o etanol de segunda geração e com tecnologia enzimática dinamarquesa. A primeira usina, com capacidade prevista de 82,5 milhões de litros/ano, está em construção na cidade de São Miguel dos Campos, interior de Alagoas. O projeto da GraalBio deverá entrar em funcionamento a partir de dezembro de 2013 e contará com a tecnologia enzimática da Novozymes.
Hoje o Brasil oferta 20 bilhões de litros de etanol para o mercado de combustíveis. A produtividade média é de 7 mil litros por hectare de cana plantada. Com o domínio da técnica de segunda geração, que transforma a celulose em glicose, a produtividade deverá aumentar em até 30%, passando para 9 mil litros de álcool por hectare.
O etanol de segunda geração é obtido a partir da celulose e cerca de dois terços da cana de açúcar é composta desse material. No processo de transformação em combustível a celulose é submetida a ação de enzimas após uma série de processos de lavagem e pré-tratamento que aumentam a superfície de contato para a ação das proteínas. Depois de totalmente quebrada, a celulose torna-se glicose, substância que compõe o caldo que é fermentado no processo da primeira geração do etanol.
Segundo o gerente regional da Novozymes América Latina, Pedro Luiz Fernandes, no Brasil a empresa está trabalhando em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), responsável pelo desenvolvimento da tecnologia de pré-tratamento do bagaço da cana. A enzima da Novozymes voltada para a produção de combustíveis, chamada de CTec1, foi criada em 2001 graças a parceria com o departamento de agricultura dos Estados Unidos.
Em 2009 a empresa lançou a segunda geração (CTec2), “com melhor capacidade de hidrólise, ou seja, de transformação da celulose em açucares fermentáveis”, explicou. A enzima que será utilizada na planta da GraalBio, em Alagoas, é a terceira geração da tecnologia (CTec3), com desempenho 1,5 vezes melhor em relação ao produto anterior, segundo o porta-voz da Novozymes.
Em 2009, o norte-americano Lee Lynd, diretor da Mascoma, apresentou à comunidade científica um processo enzimático considerado competitivo, capaz de transformar a celulose em etanol de segunda geração em apenas uma fase. Hoje em dia são necessárias várias fases de aplicação de enzimas para chegar até a glicose.
A técnica da Mascoma, chamada de bioprocessamento consolidado (CBP), segundo Lynd, é realizada a partir de um micro-organismo geneticamente modificado que soma as características das leveduras e das enzimas.
“Há muitas tecnologias disponíveis, tanto com enzimas quanto com micro-organismos, mas há uma diferença muito grande entre ter uma enzima viável comercialmente e ter uma enzima viável em laboratório”, provocou o gerente global de biotecnologia e celulose da Novozymes, Sebastian Søderberg.
“No momento temos plantas de usinas sendo construídas na China, Itália, Estados Unidos e Brasil, voltadas a produção de etanol de segunda geração, todas com tecnologia enzimática da Novozymes”, completou. Segundo Søderberg, a Dinamarca já realiza a mistura de 5% de etanol de segunda geração à gasolina.
O representante da Novozymes não soube explicar qual será o custo comercial de produção do etanol celulósico no Brasil. “Isso só poderá ser mensurado quando estivermos efetivamente produzindo etanol celulósico a partir da cana, porque cada biomassa tem sua particularidade. A enzima que usamos é a mesma em cada operação, mas é preciso fazer ajustes conforme a matriz que pode ser palha de trigo, resíduos florestais ou cana”, ponderou.
Luiz Fernandes adverte que o Brasil carece de políticas específicas para o etanol. “O BNDES tem um projeto de R$ 1 bilhão voltado para pesquisas na área, mas o setor necessita de recursos para a compra de equipamentos e na produção em si. Também faltam diretrizes básicas para a produção do etanol celulósico no país”.