quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Dinamarquesa colabora na 2ª geração de etanol


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O Brasil está mais próximo de produzir em larga escala o etanol de segunda geração e com tecnologia enzimática dinamarquesa. A primeira usina, com capacidade prevista de 82,5 milhões de litros/ano, está em construção na cidade de São Miguel dos Campos, interior de Alagoas. O projeto da GraalBio deverá entrar em funcionamento a partir de dezembro de 2013 e contará com a tecnologia enzimática da Novozymes.
Hoje o Brasil oferta 20 bilhões de litros de etanol para o mercado de combustíveis. A produtividade média é de 7 mil litros por hectare de cana plantada. Com o domínio da técnica de segunda geração, que transforma a celulose em glicose, a produtividade deverá aumentar em até 30%, passando para 9 mil litros de álcool por hectare.
O etanol de segunda geração é obtido a partir da celulose e cerca de dois terços da cana de açúcar é composta desse material. No processo de transformação em combustível a celulose é submetida a ação de enzimas após uma série de processos de lavagem e pré-tratamento que aumentam a superfície de contato para a ação das proteínas. Depois de totalmente quebrada, a celulose torna-se glicose, substância que compõe o caldo que é fermentado no processo da primeira geração do etanol.
Segundo o gerente regional da Novozymes América Latina, Pedro Luiz Fernandes, no Brasil a empresa está trabalhando em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), responsável pelo desenvolvimento da tecnologia de pré-tratamento do bagaço da cana. A enzima da Novozymes voltada para a produção de combustíveis, chamada de CTec1, foi criada em 2001 graças a parceria com o departamento de agricultura dos Estados Unidos.
Em 2009 a empresa lançou a segunda geração (CTec2), “com melhor capacidade de hidrólise, ou seja, de transformação da celulose em açucares fermentáveis”, explicou. A enzima que será utilizada na planta da GraalBio, em Alagoas, é a terceira geração da tecnologia (CTec3), com desempenho 1,5 vezes melhor em relação ao produto anterior, segundo o porta-voz da Novozymes.
Em 2009, o norte-americano Lee Lynd, diretor da Mascoma, apresentou à comunidade científica um processo enzimático considerado competitivo, capaz de transformar a celulose em etanol de segunda geração em apenas uma fase. Hoje em dia são necessárias várias fases de aplicação de enzimas para chegar até a glicose.
A técnica da Mascoma, chamada de bioprocessamento consolidado (CBP), segundo Lynd, é realizada a partir de um micro-organismo geneticamente modificado que soma as características das leveduras e das enzimas.
“Há muitas tecnologias disponíveis, tanto com enzimas quanto com micro-organismos, mas há uma diferença muito grande entre ter uma enzima viável comercialmente e ter uma enzima viável em laboratório”, provocou o gerente global de biotecnologia e celulose da Novozymes, Sebastian Søderberg.
“No momento temos plantas de usinas sendo construídas na China, Itália, Estados Unidos e Brasil, voltadas a produção de etanol de segunda geração, todas com tecnologia enzimática da Novozymes”, completou. Segundo Søderberg, a Dinamarca já realiza a mistura de 5% de etanol de segunda geração à gasolina.
O representante da Novozymes não soube explicar qual será o custo comercial de produção do etanol celulósico no Brasil. “Isso só poderá ser mensurado quando estivermos efetivamente produzindo etanol celulósico a partir da cana, porque cada biomassa tem sua particularidade. A enzima que usamos é a mesma em cada operação, mas é preciso fazer ajustes conforme a matriz que pode ser palha de trigo, resíduos florestais ou cana”, ponderou.
Luiz Fernandes adverte que o Brasil carece de políticas específicas para o etanol. “O BNDES tem um projeto de R$ 1 bilhão voltado para pesquisas na área, mas o setor necessita de recursos para a compra de equipamentos e na produção em si. Também faltam diretrizes básicas para a produção do etanol celulósico no país”.

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