segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Aterro é destino de 90% do lixo reciclável



Em SP, 1.786 toneladas do lixo que poderiam ser reaproveitadas são levadas para áreas de descarte comum
Aterros continuam recebendo uma grande quantidade de lixo que deveria ser reciclado / DivulgaçãoAterros continuam recebendo uma grande quantidade de lixo que deveria ser recicladoDivulgação

Todos os dias, 90% do lixo que poderia ser reciclado em São Paulo vai parar em aterros sanitários. No total, são 1.786 toneladas, das 2.000 passíveis de reaproveitamento, que têm como destino final áreas para descarte de lixo comum, segundo dados da Secretaria Municipal de Serviços.

Entre os materiais não reciclados estão garrafas pet, caixas de alumínio e de papel. Eles acabam misturados às 10 mil toneladas de lixo comum produzidas diariamente pelos moradores da capital.

De acordo com a Secretaria de Serviços, a não separação do resíduos pela população é um dos fatores que mais contribui para o baixo percentual de reciclagem.

O diretor-executivo da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), Carlos Silva Filho, concorda, mas aponta outras duas razões para esse quadro: falta de ações para incentivar o morador a aderir à reciclagem e de um programa de expansão da coleta seletiva.

A prefeitura afirma que realiza ações educativas para incentivar a reciclagem e que o volume de material enviado para centrais de triagem aumentou de 20 toneladas por dia, em 2003, para 214 toneladas neste ano.

No entanto, separar e destinar o resíduo sólido para centrais de triagem não implica diretamente no tratamento desse material.

Em março deste ano, o Metro mostrou que as 21 cooperativas conveniadas com a prefeitura trabalham acima da sua capacidade. Dessa forma, 50% do lixo que seria reciclado nessas centrais acaba nos aterros municipais.

Para tentar minimizar o problema, a secretaria de serviços informa que irá implantar mais quatro centrais de triagem e desapropriar áreas para construção de mais sete. Hoje, a capital conta com 21 pontos de reciclagem de resíduos.

Arte: Metro

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Uma sociedade em que os idosos explodem



23 de agosto de 2012 | 3h 02
Fernando Reinach
Para os animais sociais, os idosos podem ser um problema. Como o bem-estar da comunidade depende do trabalho de todos os membros, os idosos, por terem uma menor capacidade, contribuem menos para o grupo. Entre os Homo sapiens (nós) esse problema foi resolvido com o sistema de aposentadoria. A solução é compatível com nossa organização social por causa da grande ligação afetiva que existe entre as gerações.
Além disso, acreditamos que existe um grande valor no conhecimento acumulado pelos mais velhos durante sua vida. Imaginar que soluções semelhantes existam em outras sociedades complexas é um engano. Entre as formigas, as trabalhadoras mais velhas se dedicam à defesa do formigueiro, uma tarefa de alto risco que geralmente leva à morte. Do ponto de vista biológico faz pouco sentido sacrificar os jovens, que têm um alto potencial de contribuição, se existem indivíduos mais velhos que já não podem contribuir com o bem-estar do formigueiro.
Como disse Edward O. Wilson, um famoso estudioso das formigas: "Enquanto nós enviamos machos jovens para o campo de batalha, as formigas enviam senhoras idosas". Mas agora foi descoberto um processo ainda mais estranho em uma sociedade de cupins. Ao envelhecer, os animais se transformam em verdadeiras bombas ambulantes. Quando atacados por invasores, explodem. É o suicídio dos idosos em prol da segurança do grupo. Sem dúvida, um fim nobre em uma sociedade em que o afeto não existe.
Os Neocapritermes taracua são uma espécie de cupim que vive em florestas tropicais, no interior de troncos de madeira em decomposição. Observando esses animais, os cientistas verificaram que uma parte dos trabalhadores possuía duas manchas azuis nas costas, localizadas na junção do tórax com o abdome. Ao longo da vida, esses insetos sofrem diversas mudas (trocam de casca) à medida que crescem. Mas, apesar de trocarem todo seu esqueleto (que nos insetos está por fora do corpo e é chamado de exoesqueleto), as mandíbulas não são trocadas.
As mesmas mandíbulas são usadas durante toda a vida do animal. Com o passar do tempo, as mandíbulas se desgastam e vai ficando difícil para o animal cumprir suas tarefas. Esse desgaste das mandíbulas foi medido pelos cientistas e serve como uma indicação da idade do animal. O que foi observado é que, à medida que os animais envelhecem, surge essa mancha azul, que vai crescendo e inchando. Parece que o animal está carregando nas costas uma mochila azul.
Quando o ninho dos N. taracua é atacado por inimigos, os membros idosos do grupo, com sua mochila azul nas costas, podem ser observados na primeira linha de defesa. Eles são muito mais agressivos e atacam imediatamente o inimigo. Ao serem mordidos pelo inimigo, a mochila azul explode e espalha seu conteúdo gosmento e tóxico sobre o inimigo. Os cientistas observaram que também é possível induzir a explosão desses insetos-bomba com um pinça - basta apertar o corpo do animal, simulando uma mordida.
Método. Usando esse truque, os cientistas conseguiram isolar o "explosivo" azul presente nas mochilas. Ele é composto por uma proteína que se liga a íons de cobre (por isso é azul) e diversas enzimas poderosas produzidas pela glândula salivar do inseto. Os cientistas ainda não sabem como essa meleca grudenta elimina o inimigo, mas a observação dos combates entre os velhinhos azuis e os invasores mostra que o método é eficiente. No passo seguinte, os cientistas estudaram a anatomia das mochilas azuis. Elas são sacos que se formam na costas do inseto e o material azul acumulado no seu interior é produzido por uma glândula que se desenvolve com a idade e tem a função específica de produzir o "explosivo" azul. Quando as mochilas explodem, elas também libertam o conteúdo das glândulas salivares que se localizam exatamente abaixo da mochila. Nesses animais mais velhos, as glândulas salivares estão repletas de enzimas digestivas, uma vez que as mandíbulas já desgastadas não permitem que os vovôs mastiguem eficientemente a madeira do tronco onde vivem.
Esses resultados demonstram que nessa espécie de cupim, durante o processo de envelhecimento, os animais, além de perderem sua capacidade de trabalho, passam por mudanças profundas, desenvolvendo essa nova glândula, produzindo seu conteúdo azul, acumulando as enzimas da saliva e se transformando lentamente em verdadeiros "velhos-bomba". Tudo isso para se prepararem para sua última tarefa, defender o ninho do ataque inimigo, explodindo gloriosamente.
* BIÓLOGO
MAIS INFORMAÇÕES: EXPLOSIVE BACKPACKS IN OLD TERMITE WORKERS. SCIENCE,  VOL. 337,  PÁG 436,  2012

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Prefeitura de São Paulo quer 'novo Copan' na Barra Funda


EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
Um terreno da prefeitura na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, vai ser entregue à construtora que aceitar fazer duas torres residenciais que misturem moradores de baixa renda e de classe média com comércio no térreo.
A licitação foi aberta ontem. A empresa terá três anos para construir os prédios. Depois, terá de administrar o condomínio por cinco anos, além de reformar e manter, pelo mesmo período, uma praça vizinha ao local.
Parte dos apartamentos terá de ser entregue à prefeitura, que fará um programa de locação social -moradores de quatro a seis salários mínimos (R$ 2.488 a R$ 3.732 )poderão alugar os imóveis gastando até 30% de sua renda em aluguel e condomínio.
Ganha a concorrência quem oferecer mais apartamentos para a prefeitura em troca do terreno e do direito de construir no local.
Serão, no total, 600 apartamentos. Desses, 326 terão até 75 m2 e até três dormitórios, uma vaga de garagem cada um, e poderão ser vendidos diretamente pela construtora para famílias com renda de sete a 16 salários mínimos (R$ 4.354 a R$ 9.952).
Os demais serão obrigatoriamente de até 50 m2 com um ou dois dormitórios e sem vaga de garagem. Destes, 127 serão para o programa de locação social e o restante poderá ser vendido pela construtora para famílias com renda de até seis salários mínimos.
O terreno tem 9.426 m2 e vale até R$ 25 milhões no mercado. O imóvel, próximo às estações Barra Funda e Marechal Deodoro do metrô, serve atualmente como depósito de ônibus desativados.
Editoria de Arte/Folhapress
COPAN
A prefeitura está chamando o empreendimento de "novo Copan", por integrar moradores de baixa renda e de classe média, além de áreas comerciais, assim como o famoso prédio do centro de São Paulo, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
O Copan, no entanto, tem 1.160 apartamentos, alguns deles de 219 m2 que valem até R$ 1,1 milhão, e 72 unidades comerciais. No empreendimento da Barra Funda, o valor máximo estimado para o imóvel de três dormitórios é de R$ 279 mil.
A mistura de comércio com residência em locais dotados de infraestrutura é a maior aposta de urbanistas para melhorar a qualidade de vida nas grandes metrópoles.
O projeto foi feito pela Brookfield, a mesma companhia que é acusada por ex-executivos de pagar propina para funcionários da prefeitura -inclusive da Secretaria da Habitação- para obter licenças de obras de shoppings das quais ela é sócia, como aFolha revelou em junho.
A previsão é que os apartamentos sejam entregues em junho de 2015.