quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Prefeitura de São Paulo quer 'novo Copan' na Barra Funda


EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
Um terreno da prefeitura na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, vai ser entregue à construtora que aceitar fazer duas torres residenciais que misturem moradores de baixa renda e de classe média com comércio no térreo.
A licitação foi aberta ontem. A empresa terá três anos para construir os prédios. Depois, terá de administrar o condomínio por cinco anos, além de reformar e manter, pelo mesmo período, uma praça vizinha ao local.
Parte dos apartamentos terá de ser entregue à prefeitura, que fará um programa de locação social -moradores de quatro a seis salários mínimos (R$ 2.488 a R$ 3.732 )poderão alugar os imóveis gastando até 30% de sua renda em aluguel e condomínio.
Ganha a concorrência quem oferecer mais apartamentos para a prefeitura em troca do terreno e do direito de construir no local.
Serão, no total, 600 apartamentos. Desses, 326 terão até 75 m2 e até três dormitórios, uma vaga de garagem cada um, e poderão ser vendidos diretamente pela construtora para famílias com renda de sete a 16 salários mínimos (R$ 4.354 a R$ 9.952).
Os demais serão obrigatoriamente de até 50 m2 com um ou dois dormitórios e sem vaga de garagem. Destes, 127 serão para o programa de locação social e o restante poderá ser vendido pela construtora para famílias com renda de até seis salários mínimos.
O terreno tem 9.426 m2 e vale até R$ 25 milhões no mercado. O imóvel, próximo às estações Barra Funda e Marechal Deodoro do metrô, serve atualmente como depósito de ônibus desativados.
Editoria de Arte/Folhapress
COPAN
A prefeitura está chamando o empreendimento de "novo Copan", por integrar moradores de baixa renda e de classe média, além de áreas comerciais, assim como o famoso prédio do centro de São Paulo, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
O Copan, no entanto, tem 1.160 apartamentos, alguns deles de 219 m2 que valem até R$ 1,1 milhão, e 72 unidades comerciais. No empreendimento da Barra Funda, o valor máximo estimado para o imóvel de três dormitórios é de R$ 279 mil.
A mistura de comércio com residência em locais dotados de infraestrutura é a maior aposta de urbanistas para melhorar a qualidade de vida nas grandes metrópoles.
O projeto foi feito pela Brookfield, a mesma companhia que é acusada por ex-executivos de pagar propina para funcionários da prefeitura -inclusive da Secretaria da Habitação- para obter licenças de obras de shoppings das quais ela é sócia, como aFolha revelou em junho.
A previsão é que os apartamentos sejam entregues em junho de 2015.

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