terça-feira, 10 de abril de 2012

Instagram é comprado pelo Facebook


Por Tatiana de Mello Dias
Zuckerberg anunciou a fusão em seu perfil; equipe do Instagram irá para o escritório do Facebook
SÃO PAULO – O Instagram foi comprado pelo Facebook. A fusão acaba de ser anunciada pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, em seu perfil oficial. Segundo ele, foi a primeira vez que o Facebook compra uma empresa com uma base tão grande de usuários. Hoje cerca de 30 milhões de pessoas usam o Instagram.
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Os 14 funcionários do Instagram irão trabalhar na sede do Facebook, em Palo Alto, na Califórnia.
“Por anos, estivemos focados em construir a melhor experiência em compartilhar fotos com seus amigos e família. Agora, poderemos trabalhar mais próximos da equipe do Instagram para também oferecer a melhor experiência para compartilhar fotos do celular com as pessoas, baseadas nos seus interesses”, escreveu Zuckerberg.
Kevin Systrom, CEO do Instagram, disse que “não poderia estar mais feliz”. Segundo a Business Insider, a empresa foi vendida por US$ 1 bilhão.
O presidente do Facebook diz que as experiências das duas redes se complementam. Por isso, a ideia é manter e aprimorar as ferramentas do Instagram, em vez de simplesmente integrá-la completamente ao Facebook. O Instagram será desenvolvido independentemente. O Facebook se encarrregará de popularizá-lo ainda mais.
Além disso, Zuckerberg diz que o Instagram continuará a ser conectado a outras redes sociais. Os usuários também não serão obrigados a compartilhar suas fotos do Instagram no Facebook. “Nós tentaremos aprender a experiência do Instagram para construir ferramentas parecidas nos nossos outros produtos. E ao mesmo tempo, tentaremos ajudar o Instagram a crescer usando o forte time de engenharia e a infraestrutura do Facebook”.
“É importante deixar claro que o Instagram não vai acabar. Nós continuaremos a adicionar nossas ferramentas ao produto e encontrar novas maneiras para criar uma experiência melhor de fotos no celular”, disse o CEO do Instagram.
Na semana passada, o Instagram foi avaliado em US$ 500 milhões. A ida para o Android multiplicou por dez o valor da empresa.
Nas primeiras 24 horas de Android, o Instagram registrou duas mil ativações por minuto.
(atualizado às 14h43)

Inflação como solução


CELSO MING - O Estado de S.Paulo
A baixa criação de empregos no mercado americano, de apenas 120 mil vagas em março, como o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos revelou sexta-feira, voltou a disparar sinais de alerta em todo o mundo.
O mercado de trabalho americano se recupera lentamente demais e, diante dessa séria fragilidade, os homens de negócios são os primeiros a pisar nos freios: se o emprego segue frágil, o consumo dificilmente terá condições de avançar satisfatoriamente, o que reduz também investimentos.
No final de semana que passou, o Prêmio Nobel de Economia de 2005, Paul Krugman, articulista do New York Times, sugeriu que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) esquecesse temporariamente suas determinação de combater a inflação e se pusesse mais aplicadamente a se concentrar na criação de empregos. Desse modo, afirma Krugman, a inflação tem tudo para intervir mais como solução do que como novo problema.
Até agora, a principal ameaça do Fed não era bem a inflação, mas, ao contrário, a deflação - ou seja, persistente queda de preços na economia. Esse fenômeno teria dois graves efeitos: o primeiro deles, a queda da arrecadação, que agravaria o rombo fiscal do Tesouro americano, à medida que os impostos são cobrados sobre os preços; e a segunda consequência seria aumentar o endividamento não só do Tesouro, mas também do consumidor americano médio, porque o devedor teria de obter mais dólares (com seu trabalho ou seus negócios) para pagar seu passivo.
São o baixo risco de inflação e o ritmo muito vagaroso da evolução dos negócios que levaram o Fed a avisar que, até o fim de 2014, ninguém deve esperar por aumento dos juros básicos (Fed funds), que hoje beiram o zero por cento ao ano.
A proposta de Krugman de produzir mais inflação (para ajudar a corroer as dívidas, elevar o consumo e prover mais empregos) exigiria ainda mais emissões de moeda, um dos turbinadores de tsunamis monetários de que vem se queixando a presidente Dilma.
O problema é que não é certo que o despejo de mais recursos na economia americana ajudaria a expandir o crédito e o consumo. O Fed já esticou seu passivo para US$ 2,9 trilhões, mas a criação de vagas nos Estados Unidos segue insatisfatória. Mais moeda na economia não está reestimulando o crédito. Talvez se limite a impedir que a recessão se aprofunde.
O desemprego é alto na Europa (média de 10,8% na área do euro, em fevereiro) e nos Estados Unidos (8,2%, em março). E provavelmente não se retrairá, como esperam as autoridades, por duas razões. Porque o empresário entendeu que precisa baixar custos para sobreviver e recorre a investimentos em tecnologia de informação, providência altamente poupadora de mão de obra. E, também, porque uma das principais razões da atual crise financeira é a rápida redistribuição do trabalho no mundo. O forte crescimento do emprego na China e em grande parte da Ásia tem como contrapartida o fechamento inexorável de vagas nos países avançados. E esse processo parece irreversível.

A reconstrução do saneamento



Coluna Econômica - 10/04/2012
Em fins de 1994 o Congresso votou a Lei Nacional do Saneamento. Preenchia um vácuo que se criou com o fim do Planasa – o sistema centralizado de saneamento criado no regime militar com bons resultados. O projeto foi à sanção presidencial no início de 1995, governo Fernando Henrique Cardoso.
Havia alguns pontos a se corrigir na lei aprovada pelo Congresso. O correto seria o governo corrigir exageros e editar uma Medida Provisória que preservasse o essencial.
Ocorre que FHC estava mergulhado em um projeto de privatização e pretendia dar ao saneamento o mesmo tratamento que seria dado ao setor elétrico e de telecomunicação  – sem entender suas peculiaridades.
Com os estados sufocados pela crise fiscal, a ideia foi colocar as estaduais elétricas e de saneamento como moeda de troca: o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) emprestaria aos estados, tendo as estatais como garantia, e depois as privatizaria. Foi um desastre para muitos estados que resolveram momentaneamente seus problemas de caixa e, mais adiante, voltaram a enfrentar crises fiscais pesadas sem dispor mais dos ativos das suas estatais.
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Para o saneamento foi um desastre. Com a lei sendo totalmente vetada, houve a necessidade de uma nova lei com todas as tramitações  de praxe. Apenas em 2007 a lei foi aprovada e o setor passou a contar com um novo marco legal, capaz de permitir a retomada das obras.
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Pouco depois, através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) recursos passaram a ser disponibilizados para o setor, seja através do OGU (Orçamento Geral da União) ou de financiamentos através da Caixa Econômica Federal e do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico s Social).
Ao mesmo tempo, ocorreu uma espécie de pacto interno no setor, aplainando as divergências existentes, entre estatizantes e privativistas e entre municipalistas e estadualistas.
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Desde então, caminhou-se um pouco, mas ainda em ritmo insuficiente para atender às necessidades de um país em que 55% da população não possui coleta de esgoto e, do coletado, apenas 1/3 é tratado.
Hoje em dia o esgoto é o maior fator de poluição dos rios brasileiros. Com as enchentes cada vez mais frequentes nas regiões metropolitanas, tornou-se um fator pesado de transmissão de doenças.
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Há muitos pontos a se aprimorar, conforme conclusão dos participantes do Seminário Brasilianas “O Saneamento Básico no Brasil”.
O primeiro grande problema foi o desmonte da cadeia produtiva do setor, após décadas sem investimento. O PAC disponibilizou recursos de monta, tanto para as companhias estaduais, municipais como para o setor privado. Nenhum deu conta do recado, nem mesmo o setor privado, que não teve fôlego para absorver o volume de financiamento colocado à sua disposição.
Na base dos problemas, a falta de projetos adequados, de escritórios de consultoria e de rede de fornecedores.
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Essa escassez tem impedido os municípios de aprovarem sua própria Lei do Saneamento, cujo prazo de apresentação é 2014.
O grande desafio atual será atuar nas duas frentes: fortalecer a cadeia produtiva do setor e montar uma rede na qual a União e os estados forneçam a retaguarda necessária para os municípios montarem seus planos.