sábado, 26 de novembro de 2011

Pensamentos e Sonhos sobre o Brasil, por Leonardo Boff



O brasileiro tem um compromisso com a esperança. É a última que morre. Por isso, tem a certeza de que Deus escreve direito por linhas tortas. A esperança é o segredo de seu otimismo, que lhe permite relativizar os dramas, dançar seu carnaval, torcer por seu time de futebol e manter acesa a utopia de que a vida é bela e que amanhã pode ser melhor.

Por Leonardo Boff, é teólogo e professor emérito de ética da UERJ.

1. O povo brasileiro se habituou a “enfrentar a vida” e a conseguir tudo “na luta”, quer dizer, superando dificuldades e com muito trabalho. Por que não iria “enfrentar” também o derradeiro desafio de fazer as mudanças necessárias, para criar relações mais igualitárias e acabar com a corrupção?
2. O povo brasileiro ainda não acabou de nascer. O que herdamos foi a Empresa-Brasil com uma elite escravagista e uma massa de destituídos. Mas do seio desta massa, nasceram lideranças e movimentos sociais com consciência e organização. Seu sonho? Reinventar o Brasil. O processo começou a partir de baixo e não há mais como detê-lo.
3. Apesar da pobreza e da marginalização, os pobres sabiamente inventaram caminhos de sobrevivência. Para superar esta anti-realidade, o Estado e os políticos precisam escutar e valorizar o que o povo já sabe e inventou. Só então teremos superado a divisão elites-povo e seremos uma nação una e complexa.
4. O brasileiro tem um compromisso com a esperança. É a última que morre. Por isso, tem a certeza de que Deus escreve direito por linhas tortas. A esperança é o segredo de seu otimismo, que lhe permite relativizar os dramas, dançar seu carnaval, torcer por seu time de futebol e manter acesa a utopia de que a vida é bela e que amanhã pode ser melhor.
5. O medo é inerente à vida porque “viver é perigoso” e sempre comporta riscos. Estes nos obrigam a mudar e reforçam a esperança. O que o povo mais quer, não as elites, é mudar para que a felicidade e o amor não sejam tão difíceis.
6. O oposto ao medo não é a coragem. É a fé de que as coisas podem ser diferentes e que, organizados, podemos avançar. O Brasil mostrou que não é apenas bom no carnaval e no futebol. Mas também bom na agricultura, na arquitetura, na música e na sua inesgotável alegria de viver.
7. O povo brasileiro é religioso e místico. Mais que pensar em Deus, ele sente Deus em seu cotidiano que se revela nas expressões: “graças a Deus”, “Deus lhe pague”, “fique com Deus”. Deus para ele não é um problema, mas a solução de seus problemas. Sente-se amparado por santos e santas e por bons espíritos e orixás que ancoram sua vida no meio do sofrimento.
8. Uma das características da cultura brasileira é a alegria e o sentido de humor, que ajudam aliviar as contradições sociais. Essa alegria nasce da convicção de que a vida vale mais do que qualquer coisa. Por isso deve ser celebrada com festa e diante do fracasso, manter o humor. O efeito é a leveza e o entusiasmo que tantos admiram em nós.
9. Há um casamento que ainda não foi feito no Brasil: entre o saber acadêmico e o saber popular. O saber popular nasce da experiência sofrida, dos mil jeitos de sobreviver com poucos recursos. O saber acadêmico nasce do estudo, bebendo de muitas fontes. Quando esses dois saberes se unirem, seremos invencíveis.
10. O cuidado pertence à essência de toda a vida. Sem o cuidado ela adoece e morre. Com cuidado, é protegida e dura mais. O desafio hoje é entender a política como cuidado do Brasil, de sua gente, da natureza, da educação, da saúde, da justiça. Esse cuidado é a prova de que amamos o nosso pais.
11. Uma das marcas do povo brasileiro é sua capacidade de se relacionar com todo mundo, de somar, juntar, sincretizar e sintetizar. Por isso, ele não é intolerante nem dogmático. Gosta e acolhe bem os estrangeiros. Ora, esses valores são fundamentais para uma globalização de rosto humano. Estamos mostrando que ela é possível e a estamos construindo.
12. O Brasil é a maior nação neolatina do mundo. Temos tudo para sermos também a maior civilização dos trópicos, não imperial, mas solidária com todas as nações, porque incorporou em si representantes de 60 povos que para aqui vieram. Nosso desafio é mostrar que o Brasil pode ser, de fato, um pedaço do paraíso que não se perdeu.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

É o emprego crescendo, por Celso Ming


Celso Ming

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24 de novembro de 2011 | 19h45
Celso Ming
Os números macroeconômicos apontam para algumas divergências quanto ao rumo da economia brasileira em meio a esta crise global.
Há, por exemplo, indicações de que a atividade econômica se encontra em desaceleração, como demonstraram os últimos levantamentos do Índice de Atividade Econômica do Banco Central e o estoque do crédito – que já não cresce com a mesma força de há alguns meses, embora isso também tenha tido a ver com a greve dos bancários, que reduziu o fluxo dos financiamentos.
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Em geral, os números da indústria também capengam. A produção automobilística, por exemplo, diminuiu 19,7% no mês de setembro. Além disso, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta quinta-feira os últimos dados de sua Sondagem Industrial. Em outubro, ficou nos 48,8 pontos. Esse índice varia entre 0 e 100 pontos e, quando está abaixo dos 50, aponta atividade negativa. A mesma metodologia mostrou queda na utilização de capacidade instalada no Brasil dos já baixos 45,0 pontos, em setembro, para 43,9, em outubro.
Em compensação, a Balança Comercial vai dando show em plena crise global. Em 12 meses terminados em outubro, as exportações avançaram 20,5% e as importações, 19,5%. No início do ano, o Banco Central projetava para 2011 um saldo comercial de US$ 11 bilhões. O resultado deve ficar acima do dobro, entre US$ 24 bilhões e US$ 25 bilhões. O mesmo se pode dizer do Investimento Estrangeiro Direto (IED), para o qual o Banco Central previa entrada líquida de apenas US$ 45,0 bilhões. O volume final ficará ao redor dos US$ 65 bilhões.
E nesta quinta saiu o raio X do desemprego do País em outubro, exposto no gráfico. Anunciou-se desocupação de 5,8% da População Economicamente Ativa (PEA), melhor índice desde dezembro de 2010.
Esse número explica muita coisa da atual trajetória da inflação. Os especialistas têm lá suas divergências, mas geralmente concordam em que, no Brasil, um índice de desemprego abaixo de 6,5% deixa de ser neutro em relação à inflação.
O IBGE apontou nesta quinta-feira que o rendimento real dos trabalhadores com carteira assinada subiu 11% em 12 meses. Como o salário mínimo terá reajuste de nada menos que 14% em janeiro, a massa salarial tende a crescer e a ajudar a sustentar a demanda interna, grande responsável pelo salto de 9,34%, em 12 meses, dos preços dos serviços (até outubro).
Por falar nisso, a novidade no arranjo da economia brasileira é o forte avanço desse setor: 49% do IED em 2011 vieram para serviços (telecomunicações, comércio, produção e distribuição de energia, serviços financeiros, etc.). Crescem com vigor a construção civil, áreas de assistência técnica, call centers e transportes.
Isso cobra seu preço especialmente para a indústria, que vai perdendo participação relativa no produto nacional. Mas, para o bem e para o mal, esta é uma tendência clara deste momento da economia brasileira. Em outubro, a indústria (mais as atividades de extração) utilizava 16,3% da população ocupada. Enquanto isso, todo o setor de serviços ficou com 83,3%.
CONFIRA
Não e não. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, segue intransigente na rejeição sumária das propostas de instituição do Eurobônus – título que, em princípio, agrada ao mercado financeiro. Serviria para financiar despesas públicas de todos os países do bloco do euro em forma solidária. E teria o mérito de criar mecanismos institucionais de controle das dívidas. Merkel insiste em que o Eurobônus enfraqueceria todos.
Reformas. Ela está agora dando prioridade à reforma dos tratados da área do euro, cuja espinha dorsal implica controles dos orçamentos nacionais por um poder central.
Comprido demais. O problema é que esses tratados supõem longa negociação e, provavelmente, terão de ser submetidos ainda a referendos em cada um dos países-sócios do bloco, cujos resultados são uma incógnita. É um processo demorado demais diante da urgência de soluções rápidas que a crise está exigindo.



Linha de trem que ligará Cumbica a capital tem trajeto definido

 
Imagem Ilustrativa.
A linha de trem urbano que vai ligar o Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, a capital paulistana tem o seu tamanho, número de paradas e trajeto básico definidos pelo governo.
Com 11 quilômetros de extensão, a futura Linha 13-Jade, terá três paradas e o ponto final será na área dos terminais do aeroporto que vão ter uma ligação através de escadas rolantes.
A nova linha será projetada, de acordo com o presidente a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Mário Bandeira, para ter um intervalo de seis minutos de um trem para o outro. Ao todo serão dez trens com oito vagões.
O novo trajeto da linha terá saída da Estação engenheiro Goulart (da Linha 12-Safira), na Zona lestede São Paulo, cruzará a Rodovia Ayrton Senna, terá uma parada no conjunto habitacional Cecap e terminará em Cumbica.
Com está mudança os passageiros do metrô terão que realizar uma baldeação a mais para chegar até Cumbica, utilizando a Linha 12-Safira antes de acessar o novo ramal.
O edital, que foi lançado nesta semana, vai contratar o projeto que vai determinar o trajeto final da linha e os detalhes técnicos da estação.
No dia 20 de dezembro os envelopes com as propostas deverão ser abertos, de acordo com a CPTM, a previsão é de que a obra vai começar somente no fim do ano de 2012, ficando pronta em dezembro de 2014.
Lotes:
A construção da linha, segundo Bandeira, será dividida em três lotes, porém o governo não decidiu ainda se vai permitir que uma mesma empresa ou consórcio construa mais de um lote.
O governo prevê que ao todo a nova linha custe R$ 1,2 milhão, já incluído a compra dos trens. Os recursos são provenientes de empréstimos já contratos pelo Metrô.
CUSTO
- R$ 1,2 bilhão é o valor estimado da obra
- 36 meses é o prazo que a CPTM dá para que as obras estejam prontas