terça-feira, 11 de outubro de 2011



Wal-Mart e Facebook anunciam parceria

Ação envolve cerca de 3.500 lojas do Wal-Mart e prevê o envio de alertas aos fãs da varejista no Facebook sobre novos produtos e descontos

11 de outubro de 2011 | 9h 21
Reuters
O Wal-Mart e o Facebook anunciaram nesta terça-feira uma parceria para ajudar a maior varejista do mundo a conectar clientes às suas lojas físicas.
O Wal-Mart lançou o My Local Wal-Mart, uma página que permite que a companhia acompanhe o que está acontecendo em determinadas lojas. A ação, que envolve cerca de 3.500 lojas do Wal-Mart, prevê o envio de alertas aos fãs da varejista no Facebook sobre novos produtos e descontos.
O Wal-Mart vem intensificando investimentos em comércio eletrônico e redes sociais para tentar competir mais efetivamente com seus rivais na Internet, liderados pela Amazon.com.
Fãs do Wal-Mart no Facebook que se inscreverem para a nova página receberão cerca de duas mensagens por semana a partir de sua loja local, segundo a empresa.
(Por Alistair Barr)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011



Após reforma, Estrada Velha de Campinas vira rota de fuga de pedágios

Via permaneceu abandonada por mais de 30 anos e está agora repaginada após obras de recapeamento, sinalização, iluminação e acostamento

10 de outubro de 2011 | 3h 03
DIEGO ZANCHETTA - O Estado de S.Paulo
Construída por presidiários entre 1920 e 1924, a Rodovia Tancredo Neves (SP-332), conhecida como Estrada Velha de Campinas, se tornou a principal rota de fuga dos pedágios das Rodovias Anhanguera e Bandeirantes. A via, que ficou abandonada por mais de 30 anos e era usada praticamente só por caminhões até agosto, está repaginada após reforma de R$ 118,5 milhões.
Via começa na zona norte de São Paulo - Daniel Teixeira/AE
Daniel Teixeira/AE
Via começa na zona norte de São Paulo
A estrada recebeu recapeamento novo, terceira faixa, sinalização, iluminação e acostamento. Até radares já foram instalados no trecho entre a capital paulista e Jundiaí, o mais usado por quem quer escapar do pedágio de R$ 6,90 da Bandeirantes. Quase ninguém, no entanto, usa o trajeto todo entre São Paulo e Campinas. A opção de fuga vale a pena mesmo nos trajetos mais regionais - para quem, por exemplo, mora em Caieiras ou Franco da Rocha e precisa ir à cidade de São Paulo ou para quem circula entre Campinas e Jundiaí.
Em São Paulo a estrada começa em Pirituba, na zona norte, no fim da Avenida Raimundo Pereira de Magalhães. Paulo Ricardo de Souza, administrador de empresas de 36 anos, mora no bairro paulistano e trabalha em Jundiaí. Ele passou a usar a pista há dois meses, após a conclusão da reforma. "Economizo R$ 276 por mês com o pedágio de ida e volta e gasto uns R$ 80 a mais de gasolina. Vale a pena. A estrada era um matagal escuro, agora virou coisa de primeiro mundo", argumentou.
Reforma. Quem passou pela estrada antes da reforma logo percebe que tudo é novo. Até junho de 2008, quando o então governador José Serra (PSDB) anunciou a reforma, a Estrada Velha de Campinas não contava com acostamento, o mato alto cercava a pista e não havia iluminação. Caminhoneiros reclamavam dos constantes assaltos e da falta de sinalização. Veículos comuns eram raros na rodovia.
"Antes os pedestres ficavam no meio da pista, era grande o risco de se atropelar alguém. Agora a estrada virou uma rodovia de verdade, tem acostamento, radar. Eu vou para São Paulo pelo menos três vezes por semana. Se não estou perdendo hora, vou sempre pela Estrada Velha", diz o comerciante Raul Jesus de Oliveira, de 45 anos, morador de Caieiras.
A estrada também foi reformada entre Jundiaí em Campinas. Em 2009 as obras chegaram a ser paralisadas nesse trecho por denúncias de problemas ambientais, mas o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e o Ministério Público fizeram um acordo para reduzir os danos.
Para quem mora em cidades como Valinhos, Louveira ou Vinhedo e circula no trajeto entre Campinas e Jundiaí, a estrada também é excelente opção de fuga dos pedágios da Bandeirantes e da Anhanguera. "Dou aula à noite em Jundiaí e não tinha coragem de pegar a estrada velha quando ela não tinha iluminação. Agora economizo R$ 13,80 por dia", conta a professora universitária Juliana Sereno, de 32 anos, moradora em Valinhos.


O declínio e a queda da decadência americana, por Joseph S. Nye

Apesar de previsões sombrias sobre definhamento econômico e perda de liderança global para a China, economia dos Estados Unidos ainda se mantém produtiva

Segunda, 09 de Outubro de 2011, 03h05    in Visão Global  no OESP
Os Estados Unidos atravessam tempos difíceis. A recuperação pós-2008 é muito lenta, e alguns observadores temem que os problemas financeiros da Europa ameacem a economia americana e mundial provocando uma segunda recessão.

Além disso, a política americana continua paralisada na questão do orçamento, e um compromisso será ainda mais difícil às vésperas das eleições de 2012, quando os republicanos esperam que os problemas econômicos os ajudem a derrubar o presidente Barack Obama. Em tais circunstâncias, muitos preveem o declínio dos EUA, principalmente em relação à China.

E não são apenas os especialistas que afirmam isto. Uma recente pesquisa da Pew concluiu que, em 15 dos 22 países pesquisados, a maioria das pessoas acredita que a China tomará o lugar ou já tomou o lugar dos EUA como "a maior superpotência mundial". Na Grã-Bretanha, a porcentagem dos que colocam a China em primeiro lugar subiu de 34%, em 2009, para 47%.

Tendências semelhantes são evidentes na Alemanha, Espanha e França. Na realidade, a pesquisa constatou as previsões mais pessimistas em relação aos EUA entre os nossos mais antigos aliados do que na América Latina, no Japão, na Turquia e na Europa Oriental. Os próprios americanos estão igualmente divididos quanto à possibilidade de a China superar os EUA como superpotência global.

Tais sentimentos refletem o lento crescimento e os problemas fiscais que se seguiram à crise financeira de 2008, mas têm precedentes históricos. Os americanos muitas vezes avaliaram seu poderio de maneira incorreta. Nos anos 50 e 60, depois do Sputnik, muitos achavam que os soviéticos ganhariam dos EUA; na de 80, seriam os japoneses. Agora são os chineses. Mas, enquanto a dívida dos EUA está prestes a se equiparar à renda nacional em toda uma década, e o seu desastrado sistema político não consegue solucionar os problemas fundamentais do país, será que os que vaticinam o declínio estão finalmente certos?

Muito dependerá das incertezas - frequentemente subestimadas - provocadas pelas futuras mudanças políticas na China. O crescimento econômico levará a China mais perto dos EUA no que se refere ao poderio em algumas áreas, mas isto não significa necessariamente que a China superará os EUA como país mais poderoso.

O Produto Interno Bruto (PIB) da China quase certamente ultrapassará o dos EUA no prazo de uma década, em razão de sua população e da sua impressionante taxa de crescimento econômico. Mas, em termos de renda per capita, a China não igualará os EUA por muitas décadas, se é que algum dia conseguirá.

Além disso, mesmo que a China não venha a sofrer graves problemas políticos internos, muitas projeções atuais tem base simplesmente no crescimento do PIB. Elas ignoram as vantagens da força militar e do poder brando dos EUA, bem como as desvantagens geopolíticas da China.

Japão, Índia e outros que tentam contrabalançar o poderio da China, aceitam com entusiasmo a presença americana. É como se o México e o Canadá procurassem uma aliança com a China para contrabalançar os EUA na América do Norte.

Produção. Quanto ao declínio absoluto, os EUA de fato têm problemas concretos, mas a economia americana se mantém extremamente produtiva. Os EUA continuam em primeiro lugar em gastos totais com Pesquisa e Desenvolvimento; no ranking das universidades, são os primeiros em Prêmios Nobel e os primeiros nos índices de empreendedorismo.

Segundo o Fórum Econômico Mundial, que divulgou no mês passado seu relatório anual sobre competitividade econômica, os EUA são a quinta economia mais competitiva do mundo (depois das pequenas economias da Suíça, Suécia, Finlândia e Cingapura). A China está apenas em 26.º lugar.

Além disso, os EUA estão na frente no que se refere a tecnologias avançadas como a biotecnologia e a nanotecnologia. Não parece um quadro de declínio econômico absoluto.

Alguns observadores temem que a sociedade americana se torne esclerosada, como a da Grã-Bretanha no auge do seu poderio um século atrás. Mas a cultura americana é muito mais empreendedora e descentralizada do que era a da Grã-Bretanha então, quando os filhos dos industriais buscavam títulos aristocráticos e honrarias em Londres.

E apesar dos temores recorrentes ao longo de sua história, os EUA colhem os benefícios da imigração. Em 2005, 25% das start-ups tinham contado com a contribuição dos imigrantes na década anterior.

Como Lee Kuan Yew, de Cingapura, me disse, a China pode usar os talentos de 1,3 bilhão de pessoas, entretanto, os EUA podem utilizar os talentos de sete bilhões de pessoas em todo o mundo, e podem fundi-los numa cultura diferente que aprimora a criatividade de uma maneira nunca vista pelo nacionalismo han.

Muitos comentaristas estão preocupados com o ineficiente sistema político americano. De fato, os pais fundadores dos EUA criaram um sistema de freios e contrapesos destinado a preservar a liberdade em detrimento da eficiência.

Além disso, os EUA experimentam agora um período de intensa polarização partidária. Mas a política suja não é uma novidade nos EUA: a época da sua fundação não foi exatamente um idílio de pacíficas deliberações. O governo e a política americana sempre registraram episódios desse tipo, e, embora eclipsados pelos melodramas dos dias de hoje, às vezes eram até piores do que os atuais.

Os EUA enfrentam graves problemas: dívida pública, baixo nível da educação secundária e impasse político, para mencionar apenas alguns. Mas é preciso lembrar que estes problemas são apenas uma faceta do quadro geral - e, em princípio, podem ser solucionados no longo prazo.

Previsões. É importante distinguir estes problemas dos que, em princípio, não podem ser resolvidos. Evidentemente, não se sabe ao certos se os EUA conseguirão adotar as soluções disponíveis; várias comissões propuseram planos viáveis para mudar a trajetória da dívida americana elevando os impostos e reduzindo os gastos, mas a viabilidade não é garantia de que serão adotados. No entanto, Lee Kuan Yew provavelmente está certo quando afirma que a China "representará um enorme desafio para os EUA", mas não conseguirá superá-los em termos do seu poderio global na primeira metade deste século.

Se for assim, as sombrias previsões de um declínio americano absoluto se revelarão tão equivocadas quanto previsões do mesmo teor feitas em décadas passadas. E, em termos relativos, embora a "ascensão do resto" signifique que os EUA serão menos dominantes do que eram outrora, isto não significa que a China necessariamente os substituirá como maior potência mundial. /

TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA