Redação, O Estado de S.Paulo
06 de dezembro de 2020 | 12h03
O ex-presidente uruguaio José Mujica (2010-2015) homenageou o colega Tabaré Vázquez (2005-2010 e 2015-2020), que morreu neste domingo aos 80 anos, vítima de câncer de pulmão. Ele ressaltou: "A melhor maneira de lembrar de você é lutar por suas bandeiras".
"Se foi um companheiro, filho dos trabalhadores, que fez seu futuro, sua carreira, mas jamais conseguiu se separar do seu compromisso social", disse Mujica em declaração à rádio uruguaia Sarandí. Para ele, o dia de hoje é triste tanto para a força política que ambos compõem, a Frente Ampla, como para o seu bairro, La Teja. Uma perda para os mais pobres e também para os proletariados.
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"Ele dedicou sua vida, seu trabalho político e social para combater esse mal que no final o carregou, contribuindo com tudo o que podia por isso. Obrigado, Tabaré. É uma honra ter te conhecido de perto", ressaltou emocionado.
Entre as memórias que compartilhou, ele observou que ao longo dos anos, mesmo quando Vázquez era presidente, ele "não podia deixar de ser um médico preocupado com a saúde das pessoas". E contou que isso pôde ser percebido em mais de uma conversa, nas quais ele sentia que Vázquez o observava como se estivesse tentando descobrir se tinha sintomas de algo.
"Obrigado por seu espírito científico, na maneira como você analisa as coisas, em seu verdadeiro compromisso com a causa do diferido e por tudo. Para sempre, a melhor maneira de lembrar de você será lutar por suas bandeiras", disse ele.
Além disso, Mujica afirmou que sempre poderia receber conselhos de Vázquez, quem se preocupava com sua saúde, ou simplesmente saber se estava tudo bem. "É por isso que ele foi um presidente notável, porque nnca deixou de ser um médico. Ele sabia o que estava esperando por ele. Quando o mal irrompeu, ela disse a Lucia (Topolansky) com uma realidade lacônica, que na época ela era a vice-presidente, 'eu vou morrer, mas descanse porque estou aqui até março'.Ele era mais claro do que todos nós para se tornar, e isso também fala de sua fortaleza. Até logo", enfatizou.
Outra memória que ele compartilhou durante a entrevista foi quando recebeu a faixa presidencial das mãos de Vázquez e antes de abraçá-lo disse: "Olha que eu ainda vou devolver para você". Algo que finalmente conseguiu cinco anos depois. "Vou tentar simbolizar um abraço de despedida para o companheiro", concluiu.
Tabaré Vázquez morreu na madrugada deste domingo, aos 80 anos, cercado por sua família, vítima de câncer de pulmão diagnosticado em agosto de 2019, logo após a morte de sua esposa, María Auxiliadora Delgado.
Nos últimos dez dias, o ex-deputado sofreu um agravamento de seu estado de saúde, com várias complicações ligadas ao câncer, como explica seu filho Álvaro Vázquez, oncologista por profissão como o pai./EFE
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