quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Mesa da Câmara decide cassar Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem, OESP

 Notícia de presente

BRASÍLIA – A Mesa diretora da Câmara dos Deputados decidiu cassar os deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ). A informação foi confirmada ao Estadão/Broadcast por integrantes da direção da casa legislativa.

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Os dois deputados estão fora do País. Eduardo Bolsonaro está autoexilado nos Estados Unidos. Alexandre Ramagem, condenado pelo Supremo Tribunal Federal, está foragido, também nos EUA.

O líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcanti (RJ), manifestou contrariedade com a decisão. Ele relatou que às 16h40 recebeu uma ligação do presidente da Câmara, Hugo Motta, comunicando a decisão da Mesa pela cassação dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Sóstenes disse lamentar a medida e sustentou que ela “representa mais um passo no esvaziamento da soberania do Parlamento”.

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“Não se trata de um ato administrativo rotineiro. É uma decisão política que retira do plenário o direito de deliberar e transforma a Mesa em instrumento de validação automática de pressões externas. Quando mandatos são cassados sem o voto dos deputados, o Parlamento deixa de ser Poder e passa a ser tutelado”, escreveu, no X.

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O ato oficial da cassação foi publicado no Diário Oficial da Câmara no final da tarde desta quinta-feira.

De acordo com relatos, os membros da Mesa Diretora realizaram a votação nesta quinta-feira, 18, após a apresentação de dois relatórios favoráveis à cassação, de autoria do 1º secretário, deputado Carlos Veras (PT-PE).

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Política
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O petista fundamentou a defesa da cassação de Eduardo com base no número de faltas e de Ramagem está vinculada à condenação pelo STF por tentativa de golpe de Estado. O ato que oficializou a decisão de cassação de Ramagem cita que ele não terá condições de comparecer às sessões da Câmara, numa referência à condenação do STF. Nesta quarta-feira, 17, o prazo para a apresentação das defesas dos dois parlamentares se encerrou.

Ramagem foi condenado pelo STF a 16 anos e 1 mês de reclusão por participação na trama golpista. Ele estava proibido de sair do País, mas fugiu para os EUA.

Cervejaria em Belém produz energia com caroço de açaí, FSP

 

Belém (PA)

Em novembro, durante cerca de duas semanas, líderes mundiais e empresários de grandes empresas se reuniram para a COP30, em Belém (Pará). Ali, principalmente na Zona Azul, discutiram sobre formas sustentáveis e, se possível, econômicas para gerar energia —de preferência, longe dos combustíveis fósseis, grande vilão da energia limpa.

A menos de 10 km do Parque da Cidade, que abrigou a COP, essas questões já estão bem resolvidas na Cerpa Cervejaria desde 2023. Por lá o óleo BPF usado na fornalha que gerava a energia para a fábrica foi substituído pelo singelo e onipresente (em Belém) caroço de açaí.

Trabalhador com uniforme vermelho, capacete e máscara protetora monitora grãos marrons sendo despejados de um equipamento industrial em uma esteira dentro de fábrica.
Caroço de açaí usado como fonte de energia na Cerpa Cervejaria - Reprodução/Reprodução

"Eu estava querendo trabalhar com biomassa para gerar a energia. E em fevereiro de 2023 tivemos a ideia de pegar o caroço úmido do açaí, que ficava na rua", lembra Alessandro Palheta, engenheiro e coordenador de manutenção industrial na Cerpa.

Mas o processo não é tão simples. Palheta explica que o caroço segue primeiro para uma limpeza, passando por uma espécie de peneira, que separa grãos, areias e qualquer outra coisa indesejada, que possa ser nociva para a caldeira —essas partes viram algo como um pó do açaí.

Então, o caroço seco vai para a fornalha, gerando energia para toda a fábrica. No fim, as cinzas geradas pelo processo voltam a ser misturadas com o pó que ficou da pré-limpeza para ser transformada em um composto orgânico, que volta em formato de adubo.

Os números também são impressionantes. No início do processo, em 2023, eram usadas cerca de 75 toneladas de caroço de açaí diariamente, ou algo em torno de 2.100 toneladas por mês. "Depois que começamos a compreender os procedimentos de queima e limpeza, esse número foi baixando", conta o engenheiro. Hoje, são usadas mensalmente algo entre 1.600 e 1.700 toneladas de açaí —ou pouco mais de 50 toneladas por dia.

Cinco frascos de vidro com tampa esférica contendo diferentes amostras de solo, alinhados sobre uma superfície branca. Cada frasco tem uma etiqueta com nomes: 'MANGUE', 'AREIA', 'MANGUE SECO', 'ARGILA' e 'MANGUE'. Ao fundo, ambiente industrial com estrutura metálica e pessoa com colete refletivo.
Etapas pelas quais passa o caroço do açaí, usado para produzir energia na Cervejaria Cerpa, em Belém - Sandro Macedo/Arquivo pessoal

E não falta açaí para o processo. A região de Belém produz mais de 200 toneladas de caroço diariamente. Ou seja, não falta açaí para gerar energia.

Todo o processo foi explicado mais de uma vez na própria COP30, em um estande da cervejaria na Zona Verde —Cerpa, aliás, é uma abreviação para cervejaria paraense. Alemães e japoneses precisaram conferir com os próprios olhos e visitaram a fábrica, que funciona desde 1966 às margens da baía do Guajará, e que ano que vem completa 60 anos.

Para completar, a própria cervejaria faz o tratamento da água que, depois, é doada para cerca de 120 famílias vizinhas diariamente.

Tanta energia é necessária para manter uma fábrica que é, sim, de grandes dimensões. A Cerpa tem capacidade para envasar 11 milhões de litros por mês. Atualmente, pouco mais da metade desse número é destinado para as cervejas de linha. O restante é para rótulos da Ambev, com quem mantém uma parceria.

Focada no mercado mainstream, a cervejaria é queridinha dos belenenses, principalmente por rótulos como a Cerpa Export (Cerpinha para os íntimos) e a Tijuca —que ganhou a versão Tijuca Silver, que destaca na embalagem que não tem glúten. As outras também não têm, mas não ganharam a referência por escrito.

A cervejaria busca recuperar o espaço perdido na região Sudeste, segundo o CEO Jorge Kowalski. Enquanto a Tijuca começa a ganhar visibilidade no Rio, a Cerpa Export volta, aos poucos, às prateleiras de São Paulo.

Brasil precisa se preparar já para efeitos da guerra de Trump na Venezuela, VTF - FSP

 Donald Trump levou frota enorme para o Caribe. Junta aviões em Porto Rico e tropas na região. Alguma guerra deve levar para a Venezuela, como se escrevia nestas colunas em 15 de novembro. Tendo feito tamanha ameaça, estará derrotado se não impuser dano sério a Nicolás Maduro. De outro modo, seria considerado um tigre de papel, para lembrar a expressão maoísta.

Até agora, Trump declarou bloqueio aéreo meio da boca para fora. Capturou um petroleiro; fez um navio russo dar meia volta. Segundo os venezuelanos, os americanos estariam fazendo ataques cibernéticos. Mais grave, Trump declarou bloqueio naval, em tese limitado a petroleiros que estejam em listas de sanções do "Ocidente".

Grupo de manifestantes em rua de cidade com prédios altos ao fundo, segurando bandeiras da Venezuela e cartazes amarelos com mensagens contra intervenção dos EUA. Faixas negras com texto "NO WAR ON VENEZUELA" e "NO U.S. VENEZUELA" são exibidas na frente da multidão.
Manifestantes contrários à guerra na Venezuela tomaram as ruas da Times Square, em Nova York - Eduardo Munoz - 06.dez.2025/Reuters

Ainda não é guerra. Também ainda não se entende como os EUA vão definir suas ações militares ou quais são os objetivos que definiriam uma vitória. Nos últimos dias, a direita mais extrema do governo Trump têm dito que a Venezuela deve devolver ativos americanos expropriados, de petróleo em particular.

Analistas de institutos de estudos militares dizem que os EUA não prepararam tropas para uma invasão —nem mesmo Trump tenderia a se aventurar em pântano desses, o que de resto revoltaria suas bases políticas. Há hipóteses de ataques limitados a bases de traficantes e a instalações militares, de preferência da Guarda Bolivariana (para preservar possíveis aliados nas Forças Armadas em caso de queda do chavismo). Podem ser ataques aéreos ou operações de forças especiais.

Segundo relatório de dezembro da Transparência Venezuela, no exílio, cerca de 40% dos navios que transportam combustíveis venezuelanos são "sancionados", operam sem sinais de identificação de navegação ou são clandestinos de outra maneira. Se a Venezuela não puder contar com a venda de quase metade do seu petróleo, estaria em "economia de guerra", mesmo sem guerra, em país já falido e famélico. Além do mais, a produção está perto de ser limitada, pois falta espaço para estocar o que não será exportado.

Desde 2015, entraram no Brasil cerca de 732 mil venezuelanos, segundo a Plataforma de Coordenação Interagências para Refugiados e Migrantes (R4V), coordenação de duas centenas de agências (da ONU, entidades religiosas, ONGs etc.). Segundo o Observatório das Migrações Internacionais, parceria da Universidade de Brasília com o Ministério da Justiça, havia quase 493 mil "registros de migrantes" venezuelanos em outubro. Dado mais antigo, mas significativo, o Censo de 2010 registrara 2,9 mil venezuelanos no Brasil; no Censo de 2022, eram mais de 217 mil, 27% dos estrangeiros. Por mês, ainda chegam 8 mil venezuelanos. O risco de nova emergência humanitária é óbvio. Não apenas.

O Brasil tenta arrumar as relações com os EUA de modo a evitar novas agressões, como as estimuladas pelos Bolsonaro. Outras ameaças podem surgir. Venezuela e, em menor grau, Colômbia serão exemplos do que pode acontecer a quem não se comporta no "quintal".

O Brasil pode se colocar logo como mediador. Mas, quando tentou ajudar, em 2024, foi espezinhado do modo tosco, louco e bruto típico do chavismo. Luiz Inácio Lula da Silva foi chamado de "agente da CIA". Por duas décadas, o PT bajulou o chavismo. Quando o caldo engrossou, o governo petista não tinha política para lidar com aquela psicopatia política. Vai ter de inventar uma, correndo, até para se proteger do psicopata norte-americano.