quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Direção rigorosa de 'Até que a Música Pare' dá leveza a trama sobre luto, FSP

 Inácio Araujo

ATÉ QUE A MÚSICA PARE

  • Quando Estreia nesta quinta (3) nos cinemas
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Cibele Tedesco, Hugo Lorensatti, Elisa Volpatto
  • Direção Cristiane OIiveira

A primeira coisa que chama a atenção em "Até que a Música Pare" é direção de arte. Tanto no exterior como no interior da casa de Chiara (Cibele Tedesco), as cores se combinam, suaves, harmônicas. É possível sempre obstar que no Sul do Brasil, onde a ação se passa, as cores tendem a ser discretas e a combinar com certa desenvoltura, sem que seja preciso grande esforço. Ok, mas logo dá para discernir que a paisagem —natural ou não— surge muito da capacidade de Cristiane Oliveira, a diretora, de enquadrá-la.

Dentro de casa ou na soleira, a vida de Chiara parece cheia de desassossego. Ela fica sozinha quase todo o tempo, enquanto Alfredo (Hugo Lorensatti), o marido, vendedor, sai com o carro para fazer as entregas. A casa fica numa espécie de sítio, e a possibilidade de se entreter com vizinhos ou alguém assim é pequena.

Cena do filme 'Até Que a Música Pare', de Cristiane Oliveira
Cibele Tedesco e Hugo Lorensatti em cena do filme 'Até Que a Música Pare', de Cristiane Oliveira - Divulgação

Só conversa com alguém quando a filha vem visitá-la, já que Alfredo, quando chega do trabalho não está para muita prosa. Com as senhoras da região, as trocas parecem ser estritamente religiosas —um pequeno altar com a Virgem Maria circula entre elas. Chiara censura muito discretamente o marido por não rezar diante do altarzinho.

Ela sofre praticamente sozinha com a morte do filho. Alfredo fala pouco e sua conversa é vaga. Raramente se refere ao filho, com quem parece ter tido pouca ligação. O fato de o rapaz ter se declarado como alguém sem religião é algo que não entra na cabeça dos pais.

Por vezes há uma reunião de família. Numa delas, Chiara encontra um rapaz que se diz budista. Para uma católica isso parece demais. Ela não tem grandes curiosidades na vida, mas é certo que não entende essa história de reencarnação, de espíritos que passam a existir em porcos, por exemplo, depois da morte etc.

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Quando pergunta ao rapaz sobre esse culto estranho, e não tem especial admiração pelos porcos, está sinceramente empenhada em entender algo mais sobre crenças além da informação que tem, do catolicismo básico.

Por uma série de razões —entre elas essa estranha curiosidade— não vemos os protagonistas como pessoas que desistiram da vida, apesar das limitações de seus horizontes e das desilusões. Até aqui, o filme de Cristiane Oliveira nos introduziu a certas características de uma região que poucos conhecem, onde o catolicismo vigora muito forte e é o que mais serve à união dos habitantes.

Também nos introduziu ao talian, dialeto que mistura o italiano trazido pelos imigrantes com o português da região, e que às vezes soa como o romeno, às vezes lembra os dois idiomas que mistura.

Inconformada com o vazio de sua vida, em especial desde a morte do filho, Chiara decide acompanhar o marido em suas viagens diárias. Na verdade, ela vai transferir seu vazio para a estrada. É quando o filme cai um pouco. Deveria subir —ali está a estrada, os diversos clientes, além de Filomena, a tartaruga que Alfredo introduziu na vida conjugal.

No começo é interessante, porque o filme nos leva para a estrada, para uma vizinhança até então ausente da história. Mas Chiara, na estrada, desenvolve um criticismo excessivo em relação ao marido, e de uma maneira um tanto monocórdica —reclama que ele bebe um vinho com os clientes, que ele acompanha o jogo de cartas, que nem sempre passa as notas fiscais como exigiria a estrita honestidade etc.

Por sorte, ela começa a desenvolver uma atração primeiro curiosa, depois afetiva por Filomena, a tartaruga. E a partir de certo ponto começa a vê-la à maneira do budismo (tal qual assimilou, em todo caso), como dotada de um espírito.

É essa peculiaridade, aliás, que leva ao final bastante surpreendente da trama, sobre o qual convém não falar para não estragar o prazer de quem acha que o único prazer que o filme pode dar é desconhecer o final.

Não é bem assim: importa muito mais saber como o filme caminha para esse final, e Cristiane Oliveira controla muito bem essa evolução. Pode-se dizer, em todo caso, que é muito raro alguém fazer filmes sobre o luto, em especial a respeito de lutos em aberto, da solidão, da vida na estrada, da chegada da velhice.

Em princípio, parece tudo muito pesado. No entanto, "Até que a Música Pare" imprime a esses temas uma leveza que iguala a desenvoltura e o rigor direção. Sem falar da ousadia que consiste em passar ao largo dos temas da moda.

Tarcísio assina concessão de lote de rodovias do litoral sul, FSP

 O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, assina nesta quinta-feira (3) o contrato de concessão do Lote Litoral Paulista, trecho que engloba 213 km de rodovias e liga municípios do Alto Tietê, da Baixada Santista e do Vale do Ribeira.

O projeto prevê investimentos de R$ 4,3 bilhões durante os 30 anos da concessão, que será operada pelo consórcio Novo Litoral, liderado pela CBI (Companhia Brasileira de Infraestrutura) em conjunto com a CLD Construtora.

Movimentação na rodovia Padre Manuel da Nóbrega, em Praia Grande
Movimentação na rodovia Padre Manuel da Nóbrega, em Praia Grande - Rodrigo Capote/Folhapress

A concessão inclui as rodovias SP-055 (Rodovia Padre Manuel da Nóbrega), SP-088 (Mogi-Dutra) e SP-098 (Mogi-Bertioga), que passam pelos municípios de Arujá, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Bertioga, SantosPraia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Itariri, Pedro de Toledo e Miracatu.

Estão previstas diversas melhorias na infraestrutura das rodovias, incluindo a duplicação de trechos, bem como a instalação de 15 pórticos de pedágio automático sem cabines (free flow). As tarifas vão variar entre R$ 1,08 e R$ 6,29.

O governo ainda planeja levar a leilão outros dois lotes de rodovias até o final do ano: Rota Sorocabana, no próximo dia 30, e Nova Raposo, no final de novembro.

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A carteira de projetos do PPI (programa de parcerias de investimentos) paulista já tem 25 empreendimentos e R$ 44 bilhões em investimentos previstos.

Idiana Tomazelli (interina) com Diego Felix


Opção por morar de aluguel e investir entrada do imóvel pode dobrar patrimônio, OESP

 


Investir o valor que seria usado na entrada para a compra de um imóvel e morar de aluguel pode, no longo prazo, ser um bom negócio. Uma simulação feita, a pedido do Estado, pelo Guia Bolso revela que quem optar por esse caminho pode dobrar o patrimônio num período de 15 anos.

Na simulação, foi considerado um imóvel de R$ 300 mil. Se o interessado em comprá-lo tiver, por exemplo, R$ 150 mil para dar de entrada e estiver disposto a assumir um financiamento de 15 anos, com parcelas que começariam em R$ 2.183 e terminariam em R$ 841 mensais, ao final desse período, o comprador desse imóvel teria um patrimônio de R$ 302 mil, isto é o equivalente ao próprio valor imóvel. A simulação não considera, porém, a valorização do imóvel nesse período.

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A outra alternativa seria o investidor optar por morar de aluguel. Neste caso, a simulação considerou o valor mensal da locação de R$ 1.500. Se o investidor colocasse a diferença entre o que desembolsaria pela parcela do financiamento (R$ 2.183) e a despesa com o aluguel (R$1.500) numa aplicação que pagasse o equivalente a 100% da taxa do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), o seu patrimônio acumulado após 15 anos, seria o dobro do valor do imóvel, mais de R$ 658 mil. 

“Se for muito importante para a pessoa adquirir uma residência própria e ela tiver disciplina para guardar, o recomendado é poupar e postergar a compra”, afirma o sócio do aplicativo de finanças pessoais Guia Bolso e responsável pela simulação, Thiago Alvarez.

+ GUIA: Como comprar o imóvel dos seus sonhos?

Juntar primeiro o dinheiro para depois comprar o próprio imóvel foi a estratégia adotada pela analista financeira Ana Paula Rezende, de 26 anos. Ainda na adolescência, ela decidiu que gostaria de morar sozinha quando estivesse na universidade. Assim, a jovem começou a poupar aos 15 anos e, a partir dos 18 anos, Ana Paula conseguiu um emprego em tempo integral e passou a poupar de 30% a 50% da renda mensal.

Falta de planejamento financeiro para o período posterior à aquisição do imóvel pode ser tornar um problema
Falta de planejamento financeiro para o período posterior à aquisição do imóvel pode ser tornar um problema Foto: Werther Santana|Estadão

Depois de sete anos juntando dinheiro, a analista deu entrada em um apartamento com 30% do valor total e financiou o restante. Para os especialistas, o ideal é ter de 50% a 70% do valor do imóvel em mãos, para não pagar uma quantia muito expressiva de juros.  “O meu financiamento vai até 2026, mas como posso abater o valor com o saldo do FGTS de dois em dois anos, devo acabar antes disso”, afirma Ana Paula. Para ela, esperar mais tempo para comprar o próprio imóvel não era uma opção e ela não teria aplicado o dinheiro guardado.

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Contramão. Apesar de ser mais interessante primeiro fazer uma poupança para assim reduzir a parcela financiada na compra do imóvel, Alvarez, do Guia Bolso, observa que algumas pessoas optam por financiar grande parte do valor porque não conseguem fazer uma poupança prévia. “Nesses casos, vale a pena porque, do contrário, dali dez anos, essa pessoa terá destinado o dinheiro a outras despesas, já que não tinha o compromisso com as parcelas”, argumenta.

Esse é o caso do analista de controle de qualidade André Olívio, de 27 anos, que decidiu comprar um apartamento logo depois de terminar o financiamento de um carro. Embora o ele consiga guardar uma parte considerável da renda, prefere assumir o compromisso do financiamento de um imóvel. Além de julgar ser um ativo seguro e com bom retorno. “Alguns colegas compraram imóveis e em quatro anos o valor dobrou. Então eu comecei a procurar uma boa opção e dei 20% de entrada, para financiar o restante.”

Despesas. Para quem não precisa adquirir um imóvel para morar, mas ainda assim prefere investir no ativo, os especialistas afirmam que a falta de planejamento financeiro para o período posterior à aquisição do imóvel pode ser tornar um problema, já que a pessoa passa a assumir compromissos com IPTU e condomínio. Caso demore para alugar o imóvel, é preciso estar preparado para arcar com essas despesas fixas.

A profissional de marketing Ieska Tubaldini, de 27 anos, planeja, por exemplo, comprar um imóvel em dois anos para obter rendimentos com o aluguel. “Uma casa me dará uma sensação de segurança que nenhum outro tipo ele investimento daria”, diz. Alexandre Prado, professor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), orienta os interessados em acumular patrimônio que diversifiquem os investimentos.

“Para ter uma boa rentabilidade e diluir riscos, o ideal é ter de 30% a 40% do investimento em imóveis”, recomenda o professor do Creci.