terça-feira, 2 de julho de 2024

Brasil ultrapassa EUA e já é maior exportador de algodão do mundo, Agência Brasil

 desempenho da safra 2023/2024 de algodão, com a colheita de mais de 3,7 milhões de toneladas, elevou o Brasil ao posto de maior produtor do mundo. O país também se tornou, oficialmente, e pela primeira vez na história, o maior exportador de algodão do mundo, superando os Estados Unidos.

O anúncio foi feito neste fim de semana em Comandatuba, na Bahia, durante a 75ª reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e seu Derivados, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na conferência Anea Cotton Dinner, promovida pela Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). A meta era prevista para ser alcançada somente em 2030.

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) comemorou o resultado da safra atual, com 60% da produção totalmente comercializada.

“A liderança no fornecimento mundial da pluma é um marco histórico, mas não é uma meta em si, e não era prevista para tão cedo. Antes disso, trabalhamos continuadamente para aperfeiçoar nossos processos, incrementando cada dia mais a nossa qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade, e, consequentemente, a eficiência”, ressaltou o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel. A meta era prevista para ser alcançada somente em 2030.

Guinada

O presidente da Anea, Miguel Faus, lembrou que há cerca de duas décadas o Brasil era o segundo maior importador mundial.

“Essa guinada se deve a muito trabalho e investimento na reconfiguração total da atividade, com pesquisa, desenvolvimento científico, profissionalismo e união. É um marco que nos enche de orgulho como produtores e como cidadãos”, afirmou.

A Abrapa atribui o bom desempenho dos produtores à interligação entre produtores e a indústria têxtil brasileira. Apesar de sofrer forte concorrência externa, o consumo de fios e de algodão deve subir de 750 mil toneladas para 1 milhão de toneladas por ano.

A própria associação criou uma rede chamada Sou de Algodão, onde produtores de roupas, universidades de moda, pesquisadores e produtores de algodão caminham juntos para desenvolver qualidade aos produtos finais. Cerca de 84% do algodão produzido no Brasil detém certificações socioambientais. 

As exportações brasileiras se recuperaram também pela maior demanda de países como Paquistão e Bangladesh, que no ciclo anterior compraram menos devido a dificuldades financeiras para abrir cartas de créditos. Essa retomada colaborou para que as expectativas fossem superadas. "A gente achava que iria exportar inicialmente 2,4 milhões, 2,45 milhões de toneladas."

Entre os principais mercados do algodão brasileiro estão China, Vietnã, Bangladesh, Turquia e Paquistão.

Penas de aves

Na última semana, o governo brasileiro recebeu o anúncio, pela Região Administrativa Especial (RAE) de Hong Kong, China, da aprovação sanitária para a exportação de penas de aves do Brasil. O produto tem diversos usos industriais, incluindo a fabricação de almofadas, travesseiros, roupas de cama e estofados, além de ser utilizado como matéria-prima em produtos de isolamento térmico e acústico.

A abertura amplia o mercado para produtos avícolas do Brasil, refletindo a confiança no sistema de controle sanitário brasileiro. A relação comercial com a RAE de Hong Kong foi responsável pela importação de mais de US$ 1,15 bilhão em produtos do agronegócio brasileiro no ano passado. Com este anúncio, o agronegócio brasileiro alcança sua 72ª abertura de mercado neste ano, totalizando 150 aberturas desde o início de 2023.

Novo consulado na China 

Na última quinta-feira (27), o Brasil abriu seu terceiro consulado-geral na parte continental da China, em Chengdu, capital da Província de Sichuan, no sudoeste do país. Com seu distrito consular abrangendo Sichuan, Chongqing, Guizhou, Yunnan e Shaanxi, o consulado-geral é estabelecido depois dos em Shanghai e Guangzhou. Cézar Amaral tornou-se o primeiro cônsul-geral do Brasil em Chengdu. Como este ano marca o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e o Brasil, a abertura do consulado-geral é uma sinalização do aprofundamento da cooperação entre os dois países, segundo Marcos Galvão, embaixador brasileiro na China.

No dólar, o reflexo das indefinições de Lula, Rolf Kuntz - OESP

 Ricaços, banqueiros e especuladores continuam lucrando com o falatório e com os tropeços do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto ele se declara obrigado a prestar contas somente ao “povo pobre e trabalhador deste país”. O dólar bateu na segunda-feira em R$ 5,65, maior valor nominal desde janeiro de 2022, depois de mais um desastrado pronunciamento presidencial. Câmbio instável e sujeito e grandes oscilações atrapalha os negócios, dificulta o crescimento e pode turbinar a inflação, prejudicando principalmente as famílias mais pobres, aquelas merecedoras, segundo o presidente, de sua maior atenção.

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Já valorizado pelo rendimento dos papéis do Tesouro americano, o dólar vem sendo turbinado, também, pela incerteza em relação às contas do governo brasileiro. Os ministros da Fazenda e do Planejamento têm procurado dar segurança e previsibilidade às finanças da União, mas seu esforço vem sendo prejudicado, repetidamente, por palavras e atitudes do presidente da República.

Lula pode mencionar, a seu favor, iniciativas importantes, como o financiamento a estudantes para evitar a evasão do ensino médio, ou novos investimentos em infraestura no interior do Nordeste. Mas prejudica seu trabalho, quando minimiza a relevância do equilíbrio das contas públicas e insiste em criticar a política monetária voltada para o controle da inflação.

Lula se opõe às ações de prevenção permanente do risco inflacionário, como se fossem benéficas somente a bilionários e a especuladores
Lula se opõe às ações de prevenção permanente do risco inflacionário, como se fossem benéficas somente a bilionários e a especuladores Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Fiel aos piores padrões petistas, o presidente se opõe às ações de prevenção permanente do risco inflacionário, como se fossem benéficas somente a alguns bilionários e a especuladores do mercado financeiro. Como se nunca tivesse ido além das ideias mais simples de uma esquerda juvenil, o presidente se refere ao mercado, com frequência, como se fosse um antro de conspiradores contra o povo trabalhador e o Estado nacional. A mesma rejeição se manifesta em relação à ideia de austeridade monetária e, portanto, à imagem de qualquer Banco Central empenhado na realização séria de seu trabalho.

Neste momento, essa imagem negativa é materializada na figura do presidente do BC, Roberto Campos Neto. Desde o início de seu terceiro mandato, Lula tem sido incapaz de manter por mais que algumas semanas uma relação pacífica, respeitosa e civilizada com esse suposto adversário. Talvez Lula o rejeite por ter sido indicado pelo presidente Jair Bolsonaro. Mas os mandatos de presidentes do BC normalmente se iniciam e terminam, pelas normas atuais, no meio de mandatos dos chefes de governo.

A rejeição manifestada por Lula vai além, no entanto, da pessoa de Campos Neto. Lembrando sua condição de governante eleito, o presidente da República deixa clara sua oposição à ideia de um BC autônomo e dirigido por funcionários independentes do chefe de governo. Trata-se, portanto, de oposição a uma lei resultante de um projeto aprovado depois de longa tramitação no Congresso. Graças a essa lei, o BC brasileiro ganhou status comparável ao de instituições desse tipo existentes nos países mais desenvolvidos. Nesses países, chefes de governo raramente se permitem comentar – ou criticar – as políticas monetárias conduzidas pelos banqueiros centrais.

Os modelos democráticos e administrativos encontrados no mundo mais desenvolvido parecem pouco atraentes ao presidente Lula e muito menos inspiradores que as velhas bandeiras petistas, dificilmente comparáveis, hoje, com os ideários dos movimentos de esquerda afinados com a modernidade. Ao criticar o mercado, uma entidade mal definida e quase irreconhecível em seu discurso, o presidente defende uma atenção maior à realidade brasileira. Mas essa realidade é muito mais variada e complexa do que parecem sugerir as falas presidenciais. A produção eficiente, abundante, acessível e de alta qualidade de bens e serviços para todos os brasileiros depende, embora Lula pareça rejeitar esse fato, de mercados também eficientes e com boas condições de funcionamento.

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Quando ocorrem essas condições, o setor público pode mais facilmente atuar nas áreas onde é preciso oferecer mais do que os mercados podem garantir. Em alguns casos, a associação entre os setores público e privado pode ser uma boa resposta. Em outros, cabe ao governo carregar toda a responsabilidade. Mas, para oferecer o necessário, cabe ao governo, como tarefa preliminar, definir com clareza seus objetivos, planejar de forma competente e seguir um rumo bem traçado. Nada disso, ou quase nada, tem sido feito na administração do presidente Lula, marcada por muito falatório, intenções elogiáveis e desperdício de oportunidades. Em um ano e meio, a economia se moveu, é preciso reconhecer, mas sem um rumo bem desenhado e sem uma clara preocupação com a sustentabilidade.

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Análise por Rolf Kuntz

Jornalista

O fracasso de Biden no debate não é fatal, Deirdre Nansen McCloskey, FSP

  

O presidente dos Estados Unidos e eu temos 81 anos. Nós dois gaguejamos. Nós dois somos, eu garanto, pessoas muito legais.

Joe Biden tem sido uma pessoa de ação, um senador, um vice-presidente e um presidente bem-sucedido. Eu seria uma escolha particularmente ruim para presidente de qualquer coisa que envolvesse ação. Teorias, sim; ações, não.

Biden e Trump no debate da CNN - Christian Monterrosa/AFP

É verdade que, em setembro, em Nova Déli (Índia), tornei-me presidente da Mont Pelerin Society, um grupo de acadêmicos liberais. Mas o papel é principalmente teórico e cerimonial, não executivo. Graças a Deus.
Biden desempenha bem a função executiva —embora não execute como deveria minhas maravilhosas teorias do liberalismo. Mas ele também desempenha bem a função cerimonial.

Ao contrário de Donald Trump, um sociopata certificado, sem nenhuma simpatia humana, Biden chora pelos outros —por outros gagos, por exemplo, com quem ele é surpreendentemente gentil, ou por seu filho morto, por seu filho viciado, por sua filha e primeira esposa mortas, por seus compatriotas caindo em guerras ou desastres naturais e pela terrível ameaça que Trump representa para a democracia mundial.


Mas, em 27 de junho, Biden teve um desempenho muito ruim num debate com Trump. Ele tropeçou, gaguejou e não conseguiu contradizer as afirmações malucas de Trump. O desempenho de Trump foi o de sempre, cheio de mentiras surpreendentes, como a de que ele de fato ganhou a última eleição presidencial.

Mas os cidadãos americanos já esperam mentiras dele. Eles dizem, conscientemente, mas incorretamente: "Todos os políticos mentem". Mas é uma questão de porcentagens. Trump mentiria se você perguntasse se estava chovendo lá fora. E ele aprendeu com o "Mein Kampf", de Hitler, a teoria da Grande Mentira. Ele a pratica toda vez que abre a boca.

Infelizmente, funcionou para Hitler —por exemplo, a mentira de que os 2% da população alemã que eram judeus eram a fonte dos problemas da Alemanha. A meia dúzia de Grandes Mentiras que Trump ensaia em cada discurso parece estar funcionando com muitos eleitores. Vamos orar.

No entanto, Biden se recuperará de seu desempenho desastroso no debate e vencerá em novembro. Trump, tolamente e contra o seu próprio interesse em continuar fora da prisão, não atraiu novos eleitores.

Nenhum, quero dizer, além daqueles que votaram nele em 2020 e agora engolem suas Grandes Mentiras sobre eleições, imigrantes e a beleza dos tiranos.

Que vença o melhor.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves