Isolados, cada qual em seu verbete no dicionário, "Deus", "pátria" e "família" são conceitos bonitos. Acoplados, como no bordão dos integralistas —os fascistas brasileiros dos anos 1930— ou na boca de Bolsonaro, formaram um programa de guerra para os ingênuos e pascácios. Com isso, "patriota" tornou-se sinônimo de bolsonarista. É hora de retomar o conceito de pátria, sanitizá-lo e expurgá-lo da violência e do ódio. Para colaborar, sugiro uma apaixonada definição do termo, criada em 1917 por um poeta parnasiano, com as exclamações e tudo.
"[A pátria] não é um agrupamento de ideias que regem, mas um agrupamento de almas que se compreendem. [A pátria] é e deve existir para nós não como o desenvolvimento duma filosofia no pensamento, mas como o desenvolvimento dum amor dentro do coração! Pátria é a saíra que singra o azul de São Paulo; é a onda esbatendo-se contra os rochedos da Guanabara; é a carnaúba flamulando ao vento nas restingas adustas do Ceará!
"Pátria é a gurara para o Norte, Curupaiti no Sul! São essas grandes matas —movimentos verdes— onde os Pais Leme deixaram suas ossadas junto às pedras de luz viva! É a conjugação das três raças tristes donde saiu esta nacionalidade inda em botão, forte e dura, vencedora de tantas intempéries diversas! É o lar onde encontramos cada dia os retratos plácidos dos nossos avós olhando em pasmo, as cabeças branquecidas de nossas mães! Lar donde se distenderá pela imensidade de tanto sertão inda inculto a atividade salvadora dos nossos filhos!".
De quem é a pérola? Olavo Bilac? Não. É de Mário de Andrade, ainda parnasiano. Mário a publicou no Jornal do Comércio de 22/11/1917, de onde ela foi extraída pelo insuspeito Mário da Silva Brito e citada no livro "Antecedentes da Semana de Arte Moderna" (1958, inúmeras edições), a bíblia do modernismo.
A Eletrobras Furnas anunciou na sexta-feira (13) a abertura das comportas dos vertedouros de cinco usinas hidrelétricas localizadas no rio Grande, que banha municípios de Minas Gerais e São Paulo.
A medida foi determinada pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) em razão das fortes chuvas ocorridas nos últimos dias na bacia do rio.
É a primeira vez após 11 anos que as comportas são abertas de forma conjunta para o controle de cheias, de acordo com a empresa.
Quatro usinas tiveram a abertura dos vertedouros na sexta: Furnas, Mascarenhas de Moraes, Luiz Carlos Barreto de Carvalho e Marimbondo. Já a hidrelétrica de Porto Colômbia está com o vertedouro aberto desde segunda (9).
Em nota, a companhia afirmou que haverá aumento do nível da água a jusante (após a barragem) das respectivas usinas. Também disse que acionou autoridades locais para adoção de medidas de segurança.
"A Eletrobras Furnas cumpre estritamente as determinações dos órgãos reguladores na operação dos empreendimentos hidrelétricos sob sua concessão", afirmou a empresa.
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"Os níveis dos reservatórios e a energia despachada são programados pelo ONS, responsável por operar o conjunto de reservatórios brasileiros de forma integrada, com o objetivo de garantir a segurança energética", completou.
Em uma usina hidrelétrica, a abertura do vertedouro busca permitir a saída da água quando os níveis do reservatório ultrapassam os limites recomendados. A estrutura ajuda a evitar enchentes em períodos de chuva.
Na usina de Furnas, o reservatório estava com um volume útil de 86,53% na sexta, o maior nível das cinco hidrelétricas.
Ohidrogênioé umcombustívelpoderoso e limpo. Sua queima na presença deoxigêniolibera energia na forma de calor capaz de mover carros e navios e cozinhar nossa comida. Além disso, o hidrogênio tem uma enorme vantagem: sua queima na presença de oxigênio produz água, a mais inofensiva molécula que podemos liberar na atmosfera. Mas se é tão bom por que não é mais usado? A razão é bem conhecida: produzir hidrogênio em larga escala é difícil e caro. A grande novidade é que agora foi descoberto um método capaz de produzir hidrogênio a partir da água usando energia solar, e com uma eficiência de mais de 9%.
Quando as escolas no Brasil ainda tinham aulas práticas de química, todos os alunos aprendiam a produzir hidrogênio e oxigênio a partir da água. Para isso basta colocar água com sal em um vidro, ligar um fio de cobre ou platina em cada polo de uma pilha e colocar as pontas dos fios na água. Logo borbulhas de hidrogênio se formam em um polo e borbulhas de oxigênio aparecem no outro polo.
Nesse aparato simples, a energia da corrente elétrica separa os átomos de oxigênio e hidrogênio presentes numa molécula de água (lembrem-se que a água é formada por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio). E se você usar uma célula fotoelétrica em vez de uma pilha para produzir a corrente elétrica, é possível quebrar a molécula de água usando luz solar.
Método
Faz décadas que os químicos vêm tentando transformar esse aparato simples em algo capaz de produzir hidrogênio em larga escala e com um custo baixo. O fato é que ainda não tiveram sucesso. As razões são bem conhecidas, mas difíceis de explicar aqui. Esse processo é chamado de fotoeletroquímico, pois usa energia solar (foto) para produzir a eletricidade (eletro) que provoca a reação química (químico) e que separa o hidrogênio do oxigênio da água.
Nos últimos anos, os cientistas têm trabalhado no desenvolvimento de um outro método chamado fotocatálise. Nesse método, é usado um catalisador (uma molécula que facilita a quebra da molécula de água separando o oxigênio e o hidrogênio, mas que não se altera e não é consumida) e luz solar.
O aparelho é extremamente simples: um frasco fechado, transparente, com o catalisador preso no fundo, onde é colocada a água. Esse frasco é iluminado diretamente pela luz solar, concentrada no frasco por uma lente. E pronto, o catalisador faz com que a energia solar quebre a molécula de água separando o oxigênio do hidrogênio que são liberados na forma de gás e são facilmente separados. É quase como se você fervesse a água, mas no caso da fervura o gás liberado é vapor de água (nesse caso a molécula de água está intacta com o oxigênio ligado ao hidrogênio). Na fotocatálise, o gás liberado é uma mistura de hidrogênio e oxigênio, duas moléculas distintas.
Parece e de fato é simples. O segredo todo está no catalisador, a molécula que permite que a reação funcione. Dezenas de grupos de cientistas, faz anos, vêm tentando produzir um catalisador que permita que essa reação ocorra de forma rápida e eficiente. Agora, finalmente, esse catalisador foi descoberto. O catalisador é composto por nano fios organizados em forma cristalina do composto indium gallium nitride (InGaN)/gallium nitride (GaN).
Essa molécula complicada é sintetizada diretamente sobre uma folha de silício. É essa folha, com esses fios finíssimos organizados em colunas, que é colocada no fundo do frasco de vidro e recoberta com água. Esse catalisador de certa forma prende as moléculas de água e absorve a luz solar fazendo com que a energia da luz seja usada para romper a molécula de água, separando o oxigênio do hidrogênio. Somente uma parte do espectro da luz é usada na reação, mas a parte infravermelha ajuda a manter o frasco a 70 graus Celsius, a temperatura ideal para que a reação ocorra. As bolhas de gases se desprendendo do catalisador são facilmente visíveis.
O mais impressionante é que esse sistema funciona por tempo indeterminado sem consumir o catalisador, contanto que seja adicionada mais água e que a luz solar continue a incidir sobre o frasco. O sistema pode usar água de torneira, água do mar ou água destilada e tem uma eficiência de 9,2% (9,2% da energia solar incidente é recuperada na forma de hidrogênio).
O próximo passo será aumentar o sistema de modo a produzir quantidades comerciais de hidrogênio e oxigênio. Caso os cientistas tenham sucesso nessa etapa, é possível imaginar que a humanidade poderá usar luz e água para produzir um combustível que, ao ser queimado, produzirá água. Um ciclo totalmente limpo do ponto de vista ambiental. Imagine um carro que se mova usando hidrogênio produzido a partir de água e luz solar e que emita pelo escapamento somente água. Agora é esperar e torcer para que essa descoberta científica seja convertida em uma tecnologia que possa ser consumida por toda a humanidade.