A Prefeitura de São Paulo colocou grades de segurança no entorno da praça Marechal Deodoro, em Santa Cecília, na região central da cidade, e deu início a reformas no local. As grades levaram à retirada de moradores de rua que dormiam ali há meses e aumentaram a concentração de barracas embaixo do elevado João Goulart, o Minhocão, ao lado da praça.
As obras incluem paisagismo, reparo das orlas, plantio de grama e construção de passeios. A Marechal Deodoro já havia passado por uma revitalização em outubro de 2020, quando foram instalados equipamentos de ginástica e bancos novos e o concreto foi pintado.
A previsão é que a obra fique pronta no primeiro semestre de 2023, segundo a Subprefeitura da Sé.
As grades não impediram que pessoas entrassem na praça. Na tarde desta quinta-feira (1º), ao menos uma pessoa dormia num banco dentro do perímetro isolado. Na véspera, quando as grades começavam a ser colocadas e o acesso ainda não estava completamente fechado, já era possível ver pessoas pulando por cima das barreiras.
A degradação da praça Marechal Deodoro, que se agravou durante a pandemia de Covid-19, tornou-se um símbolo do crescimento da população de rua em São Paulo. Ali, até meses atrás estava pendurada uma faixa com a frase "O Brasil piorou" em meio às barracas e o acúmulo de lixo. Os últimos dados da prefeitura, divulgados em janeiro, mostram que o número de pessoas sem-teto passou de 24.344 para 31.884 em dois anos.
A prefeitura diz que profissionais do Seas (Serviço Especializado de Abordagem Social) fazem abordagens diárias a adultos, idosos, crianças e adolescentes que dormem na praça e nos arredores. "Somente no mês de novembro, as equipes de Seas que atuam na região realizaram 1.687 abordagens, que resultaram em 955 encaminhamentos para serviços de acolhimento, 87 encaminhamentos para serviços da rede socioassistencial e 645 orientações", diz a gestão Ricardo Nunes (MDB).
As grades chegam quase dois meses após a prefeitura instalar cercas permanentes na praça Princesa Isabel, que será transformada em parque, a 1,5 quilômetro de distância. Aprovada em junho pela Câmara Municipal, a medida veio após o trecho ser tomado por dependentes químicos da cracolândia, que até então se concentravam a poucos quarteirões de distância.
A concentração de barracas e usuários de crack, motivo de reclamação constante de moradores, levou a uma megaoperação da Polícia Civil e da Prefeitura para desarticular o tráfico de drogas e evitar o retorno de moradores de rua.
A própria Marechal Deodoro foi afetada pela dispersão da cracolândia. Na noite de 11 de maio, quando ocorreu a operação, o local ficou por cerca de uma hora ocupado pela concentração de dependentes químicos e fornecedores de droga, até que eles se deslocaram para a rua Helvétia.
No mês passado, policiais civis localizaram na praça um entreposto de comércio de crack do centro de São Paulo. As drogas ficavam escondidas dentro de barracas de camping e dentro de uma caixa de luz e telefonia na calçada, onde uma grande pedra de crack foi localizada, segundo a investigação. Cinco homens foram presos.
PRAÇA DO PATRIARCA
Ao lado da sede da prefeitura, a praça do Patriarca também começou a ser cercada nesta quinta-feira. Neste caso, por cercas de madeira que devem dar sustentação a tapumes metálicos.
A praça vai passar por uma reforma que vai refazer o paisagismo no local, restaurar o calçamento português e instalar totens informativos. A revitalização faz parte de um projeto que vai alterar a sinalização turística na região do chamado triângulo histórico, que fica entre a praça da Sé, o largo São Bento e o largo São Francisco.
O túnel que conecta a praça com o Vale do Anhangabaú deve permanecer aberto a pedestres durante a obra.