segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Veja como cada estado votou para presidente desde 1994, FSP

 

SÃO PAULO

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o candidato mais votado, neste domingo (2), em 14 estados, incluindo Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país.

Jair Bolsonaro (PL) foi o mais escolhido em 13, contando o Distrito Federal. O atual presidente levou São Paulo, que concentra o maior número de eleitores do país. Eles irão se enfrentar no segundo turno da eleição presidencial, no próximo dia 30.

O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro
O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro - Marlene Bergamo/Folhapress e Gabriela Biló/Folhapress

Como em 2006, em sua última campanha vitoriosa, Lula voltou a vencer em todos os estados do Nordeste. Já Bolsonaro repetiu seu desempenho de 2018 nos estados do Sul e do Centro-Oeste.

Meio- 2 de outubro 22

 O próximo Congresso Nacional terá a marca do bolsonarismo, com a eleição de colaboradores diretos do presidente. Quatro ex-ministros alinhados com Bolsonaro ganharam vagas no Senado: Damares Alves (Republicanos-DF), Marcos Pontes (PL-SP), Tereza Cristina (PP-MS) e Rogério Marinho (PL-RN). O ex-vice-presidente, Hamilton Mourão (Republicanos) também se elegeu senador, pelo Rio Grande do Sul. O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL), que se demitiu sob suspeitas de favorecer madeireiros ilegais, foi o quarto deputado mais votado de São Paulo. Já o general da reserva Eduardo Pazuello (PL), em cuja caótica gestão no Ministério da Saúde centenas de milhares de brasileiros morreram de covid-19, foi o segundo mais votado do Rio. E até o ex-aliado-tornado-desafeto Sérgio Moro (União Brasil) se elegeu senador no Paraná. (Globo)

Com esses resultados, o PL de Bolsonaro terá a maior bancada do Senado, com 14 das 41 cadeiras, mas pode perder a primazia se o PP e o União Brasil levarem adiante os planos de fusão. A nova legenda teria 16 senadores. (Estadão)

Nem todos os bolsonaristas terminaram o domingo comemorando. Não conseguiram se eleger ou reeleger nomes simbólicos como o ex-presidente da Fundação Palmares Sergio Camargo, a advogada Cristina Bolsonaro, a médica Nise Yamagushi, o ex-assessor Fabrício Queiroz, a apresentadora Antônia Fontenelle, o comentarista Adrilles Jorge e o deputado estadual Douglas Garcia, entre outros. (UOL)

Por outro lado, pela primeira vez três mulheres trans foram eleitas deputadas federais. Erika Hilton (PSOL-SP), Duda Salabert (PDT-MG) e Roybeyoncé (PSOL-PE), que hoje ocupam cadeiras nas Câmaras de Vereadores das capitais de seus estados. (Globo)

Marcelo Godoy: “Lula pode até vencer a eleição presidencial, mas seu governo terá de conviver com um Congresso ainda mais bolsonarista do que o eleito quando o chefe da extrema-direita se tornou presidente m 2018. Não é só o Senado que terá diversos ex-ministro do governo de Bolsonaro, muitos deles figuras carimbadas nas lives presidenciais dos últimos três anos e meio. O eleitor também escolheu nas listas do PL, do PP e do Republicanos deputados identificados com a ala mais estridente do atual governo.” (Estadão)

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A região do Brasil que decidiu o resultado do primeiro turno foi o Sudeste, que concentra 43% do eleitorado. Lula venceu somente em Minas, por 48,29%, contra 43,60% de Bolsonaro, mas ficou sem palanque com a reeleição de Romeu Zema (Novo) com 56,18%. O Rio também resolveu no primeiro turno, com o bolsonarista Cláudio Castro (PL) vencendo por 58,67%. Bolsonaro venceu Lula no estado, sua base eleitoral, por mais de dez pontos de diferença: 51,09% a 40,68%. O presidente também ficou em vantagem em São Paulo, 47,71% a 40,89%. Ali, seu candidato, o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) arremeteu e vai disputar o segundo turno em vantagem contra o petista Fernando Haddad: 42,32% a 35,70. A derrota do governador Rodrigo Garcia (PSDB) rompe um ciclo de vitórias tucanas no estado que vinha desde 1994. (Folha)

Malu Gaspar: “A derrota do governador Rodrigo Garcia (PSDB) já no primeiro turno, que desalojará os tucanos em São Paulo pela primeira vez desde 1994, tem sido encarada pelos próprios tucanos como o fim do partido. Na avaliação de lideranças e até de integrantes da sua campanha, Garcia cometeu um grave erro estratégico ao não se posicionar na eleição presidencial.” (Globo)

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Não foram só Zema e Castro que garantiram a reeleição. A disputa foi resolvida ontem no Distrito Federal e em outros dez estados: Pará, Acre, Roraima, Tocantins, Rio Grande do Norte, Maranhão, Goiás, Mato Grosso, Ceará e Paraná. A vitória mais expressiva foi de Helder Barbalho (MDB-PA), que obteve 70,39% dos votos. A mais apertada, de Ibaneis Rocha (MDB-DF), com 50,30%. Já Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, Paraíba, São Paulo, Pernambuco, Bahia, Amazonas, Alagoas e Sergipe terão disputas de segundo turno. Em Pernambuco, por exemplo, Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB) vão se enfrentar no dia 30. É um resultado amargo para o PT, que fritou Marília ao apoiar Danilo Cabral (PSB), que acabou em quarto lugar. No Rio Grande do Sul, o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) atropelou e terminou em primeiro, com 37,5%. O ex-governador Eduardo Leite (PSDB), que vai enfrentá-lo no segundo turno, terminou apenas 2.441 votos à frente do petista Edegar Pretto. (CNN Brasil)

Confira os números oficiais do TSE em todo o país e em cada estado.

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Os eleitores do Paraná mostraram que, pelo menos no estado, a Lava-Jato segue viva. O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (União Brasil), juiz na operação, contrariou todas as pesquisas e se elegeu senador, deixando em terceiro seu ex-padrinho político Álvaro Dias (Podemos). E o ex-chefe da força-tarefa do MP, Deltan Dellagnol (Podemos), foi o deputado mais votado. (UOL)

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Após o fim da apuração, o presidente do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, disse que as eleições transcorreram com tranquilidade e sem “intercorrências gravíssimas”. Segundo ele, a “era de ataques à Justiça Eleitoral já é passado”. Moraes também minimizou a influência de notícias falsas no resultado do pleito. Apesar das longas filas em locais de votação de todo o país, a abstenção chegou a 20,95%, superando os 20,3% de 2018. (Poder360)

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A violência se fez presente durante o dia de votação pelo Brasil. Em São Paulo, dois homens armados dispararam contra dois policiais militares que faziam a segurança de uma escola, durante o horário de votação, na zona sul da capital. O estado de saúde dos dois é considerado grave. Mais tarde, dois suspeitos foram presos e um revólver apreendido. A agressividade sobrou até para as urnas. Em Goiânia (GO), um homem quebrou um dos equipamentos a pauladas e chegou a ser preso em flagrante, mas foi solto no fim da tarde, após uma audiência de custódia. Em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, um homem foi detido após colar as teclas de uma urna eletrônica com cola instantânea, que foi substituída na sequência. (UOL)

O Ministério da Justiça e Segurança Pública registrou 939 crimes eleitorais com 307 prisões em todo o país neste domingo. Foram 233 bocas de urna, 149 compras de voto ou corrupção eleitoral e 33 tentativas ou violações do sigilo de voto. O estado com mais crimes foi Minas Gerais, com 97 casos, seguido por Paraná e Goiás, com 91 cada. A região norte do país representa mais de um terço das prisões, com Roraima, Amazonas e Pará como os estados com mais pessoas detidas. (Agência Brasil)

Uma prática que foi divulgada pelas redes sociais foram os registros que algumas pessoas fizeram enquanto votavam, o que é considerado crime eleitoral após uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibir que aparelhos celulares fossem levados para a cabine de votação. A medida serve para que o sigilo do voto seja garantido. (Poder360)

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Bolsonaro 'perde, mas vence' e agora tem 'mais impulso', apontam análises Der Spiegel e The Economist - FSP

 


Na análise da alemã Der Spiegel, com dois enviados ao Brasil, "Bolsonaro perde —e ainda é o vencedor" (reprodução abaixo). Ele passa a ser "mais forte no segundo turno contra Lula".

Na análise da americana Bloomberg, ele "tem o impulso", momentum, "antes do segundo turno". Foi a expressão usada também pelas análises dos ingleses The Economist e Financial Times. Para este, "Bolsonaro pode ter terminado em segundo, mas seus 43,2% o levam para o segundo turno com novo impulso".

A Bloomberg noticia que os "ativos brasileiros disparam com a corrida chegando ao segundo turno". Explica que "investidores aplaudiram a exibição de Bolsonaro e apostam que seu adversário de esquerda será forçado a moderar suas posições". Mas o FT já contrapõe:

"Os investidores se animaram, acreditando que Lula terá que se deslocar mais ao centro. Alguns acreditam que uma vitória de Bolsonaro e políticas mais favoráveis ao mercado são agora possíveis. Mas quem espera o fim dos ataques e da quase total ausência de debate sobre políticas ficará desapontado. O segundo turno trará mais polarização e um maior risco de violência."

De modo geral, as análises dizem que o bolsonarismo "veio para ficar".

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O francês Le Monde e o inglês The Guardian, jornais usualmente identificados com a centro-esquerda, salientam que "Lula decepciona" e o resultado "é decepcionante para a esquerda", ainda que o ex-presidente continue "favorito".

Já veículos identificados com a centro-direita, como o alemão Die Welt, avaliam "a espetacular volta de Bolsonaro" como risco para a Europa:

"Há muito em jogo. Berlim e Bruxelas apostaram tudo em Lula ao impedir a ratificação do acordo de livre comércio União Europeia-Mercosul, para punir Bolsonaro por sua política de desmatamento. Agora, os europeus precisam da América do Sul rica em recursos."

Curiosamente, a colunista de América Latina do Wall Street Journal, Mary O'Grady, enviada a São Paulo, publica análise crítica de Lula, mas também de Bolsonaro, ambos tratados como "populismo". Conservadora, ela vê esperança de moderação do presidente:

"Ele cometeu muitos erros. Seu estilo confrontador e muitas vezes vulgar, incluindo críticas ao Supremo, alimenta reações negativas. Ao questionar o sistema de votação, facilitou para os críticos —ofendidos por seus modos grosseiros e sua resistência ao ativismo ambiental— classificá-lo como 'antidemocrático'. O dia 30 de outubro dará a ele uma segunda chance de conquistar o eleitorado."

REFORÇO DE ENERGIA

No agregador russo Zen, com agências RIA Novosti e Tass, o destaque de Brasil é a chegada a Santos do navio-tanque com 35 milhões de litros de diesel da Rússia, prometidos por Putin a Bolsonaro.