segunda-feira, 25 de abril de 2022

Elon Musk compra o Twitter por US$ 44 bilhões, FSP

 

SÃO PAULO

Twitter aceitou, nesta segunda-feira (25) a oferta de US$ 44 bilhões (R$ 214 bilhões) feita pelo bilionário Elon Musk para comprar a rede social. A decisão ocorre após o conselho de administração da empresa recomendar a transação aos acionistas.

A aquisição —uma das maiores da história corporativa— pode tornar Musk um barão das redes sociais, com poder de controlar o que ele mesmo definiu como a "praça pública de fato do mundo".

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Elon Musk está com os dois braços levantados para cima saudando a plateia; ele veste terno preto e camisa branca
Elon Musk durante evento do TED em Vancouver, no Canadá - Ryan Lash / Divulgação TED

Durante o extenso vaivém que marcou as negociações, o dono da Tesla demonstrou pouco interesse econômico na compra. Para ele, a aquisição era uma forma de reverter as políticas de moderação do Twitter —das quais é um crítico contumaz.

O bilionário, que se descreve como um absolutista da liberdade de expressão, argumentou que tornar a rede social uma empresa privada seria uma forma de garantir a livre circulação de ideias.

"Ter uma plataforma pública que seja extremamente confiável e amplamente inclusiva é extremamente importante para o futuro da civilização", disse em entrevista no TED, no último dia 15.

Os detalhes por trás da compra ainda não foram anunciados, mas, conforme divulgado na semana passada, Musk conseguiu montar um pacote de financiamento.

Segundo documento apresentado à SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), o bilionário alinhou US$ 25,5 bilhões por meio de empréstimos com um grupo de bancos liderado pelo Morgan Stanley. O restante ele disse que forneceria pessoalmente, mas sem detalhar a origem.

QUAL O INTERESSE DE ELON MUSK NO TWITTER?

Em declarações públicas, o dono da Tesla insistiu que não lucraria com a aquisição da plataforma. Conforme disse repetidas vezes, o objetivo é garantir que a rede acompanhe sua percepção sobre liberdade de expressão.

Musk defende que, em caso de dúvida, o ideal é favorecer a liberdade em vez da moderação. "Se houver uma área cinzenta, em minha opinião é melhor deixar que o tuíte exista", disse em evento do TED.

Na ocasião, o bilionário também disse que o Twitter deveria evitar apagar mensagens, o que abriria as portas para discursos de ódio, opiniões extremistas, entre outros conteúdos hoje restritos.

Além disso, Musk é a favor de suspensões temporárias em vez de exclusões definitivas, o que poderia abrir o caminho para o retorno de personalidades banidas da rede, como o ex-presidente americano Donald Trump.

QUANDO ELON MUSK DECIDIU COMPRAR O TWITTER?

A história por trás da aquisição começou no dia 14 de março, quando o bilionário comprou ações da empresa, mas não divulgou a transação.

Nove dias depois, Musk fez uma enquete em seu perfil questionando se a rede seguia rigorosamente os princípios da liberdade de expressão. Mais de 70% dos entrevistados disseram que não. Na época, ele disse que a pesquisa teria consequências importantes.

Foi só no dia 4 de abril que Elon Musk revelou ter comprado uma participação de 9,2%, se tornando o maior acionista da rede social.

TWITTER TENTA CRIAR BARREIRAS PARA ATUAÇÃO DE MUSK

No dia seguinte ao anúncio da compra, o Twitter disse que pretendia nomear o empresário para o conselho de administração. A nomeação, contudo, não era exatamente um convite.

A oferta bloquearia a investida de Musk, já que com uma cadeira no conselho ele não pode deter mais de 14,9% das ações do Twitter.

O empresário chegou a publicar que estava ansioso para trabalhar com Parag Agrawal, CEO da empresa, e fazer o que chamou de melhorias significativas.

No entanto, no último dia 11, Musk recusou o convite para integrar o conselho e, na mesma semana, anunciou sua proposta para comprar o Twitter.

Segundo ele, a rede social precisava se tornar uma empresa de capital fechado para ter mudanças efetivas e virar "a plataforma da liberdade de expressão em todo o mundo".

TWITTER USA PÍLULA VENENOSA

Após Musk recusar participar do conselho e tornar pública sua oferta de compra, o Twitter colocou em prática uma manobra corporativa conhecida como "poison pill" (pílula venenosa).

A estratégia consiste em inundar o mercado com novas ações ou deixar que acionistas as comprem com desconto. A tática serve para desencorajar e evitar que o controle acionário seja transferido para um grande investidor ou corporação de forma hostil.

Para Musk continuar sua empreitada, seria preciso convencer os investidores do Twitter a venderem suas ações diretamente para ele.

A manobra foi a última tentativa para conter o bilionário. O que não deu certo. Após apresentar seu plano de financiamento para financiar a oferta, Musk conseguiu pressionar o conselho da empresa para negociar com ele.

QUAIS OS PERIGOS DE MUSK CONTROLAR O TWITTER?

A compra do Twitter é vista como uma forma de Elon Musk direcionar o futuro de uma plataforma que ele usa, constantemente, para conduzir campanhas de revanche pessoal e promover sua agenda.

Além de criticar as próprias diretrizes do Twitter, o dono da Tesla tem um histórico de declarações polêmicas.

Recentemente, ele fez declarações sobre a saúde financeira da Tesla. O comentário sobre o fechamento do capital da montadora o tornou alvo de fiscalização de autoridades do mercado de capitais norte-americano.

Nesta semana, ele também debochou da aparência de Bill Gates, após recusar um encontro sobre filantropia. "Caso você precise perder uma ereção rapidamente", escreveu.

RAIO-X DO TWITTER

  • Valor de mercado (às 12h desta segunda) - US$ 38,73 bilhões
  • Receita em 2021 - US$ 5 bilhões
  • Resultado em 2021 - Prejuízo líquido de US$ 221 milhões
  • Número de funcionários - 7.500
  • Número de usuários 217 milhões

ACOMPANHE A HISTÓRIA DO TWITTER

  • 21 de março de 2006 > Fundação -- Jack Dorsey, cofundador e CEO, publica o primeiro tuíte
  • Mar.2007 > Rede social tem salto de popularidade durante o festival SXSW (South by Southwest), atingindo 60 mil tuítes por dia
  • Out.2008 > Evan Williams se torna o CEO
  • Fev.2010 > Rede atinge 50 milhões de tuítes por dia
  • Out.2010 > Dick Costolo se torna CEO
  • Dez.2010 > Twitter levanta US$ 200 milhões e atinge valorização de US$ 3,7 bilhões
  • Mar.2011 > Rede atinge 140 milhões de tuítes por dia
  • Jun.2011 > Lançamento da versão em português
  • Out.2013 > Anúncio do IPO na NYSE (New York Stock Exchange)
  • Nov.2013 > Twitter atinge valor de mercado de US$ 31 bilhões
  • Out.2015 > Jack Dorsey retorna ao cargo de CEO
  • Jan.2021 > Twitter exclui conta de Donald Trump por risco de incitação à violência
  • Nov.2021 > Dorsey deixa o Twitter e Parag Agrawal assume a presidência
  • Mar.2022 > Elon Musk compra participação de 9,2% no Twitter
  • Abr.2022 > Musk faz oferta de US$ 43 bilhões

Fontes: Twitter, NYSE, Wikipedia