terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Moro defende reformas no STF e discussão sobre tempo de mandato para ministros, Coluna Estadão

 Em conversa com empresários do grupo Personalidades em Foco ontem, 27, Sérgio Moro (Podemos) disse que, se eleito presidente, não será “um anjo vingador” contra políticos, mas falou em “movimento de anulação de condenações que gera descrédito, ruim para as instituições”. Nesse último ponto, o ex-juiz respondia a questionamentos sobre o STF. “Compartilho dessa crítica, com a ressalva de que sou institucional. O remédio para isso são mudanças e reformas que melhorem nossas instituições. O mero ataque e o desrespeito não é algo que constrói. É preciso pensar em reformas institucionais no STF. Transformá-lo num tribunal constitucional e pensar em mandato para os ministros.”

CHEGA. “Há hoje uma excessiva verticalização, tudo pode chegar ao Supremo. Precisa resolver as coisas em primeira e segunda instâncias”, disse.

É OSSO. Moro disse apostar na articulação política feita ainda na pré-campanha como caminho para aprovar reformas e medidas imediatas: fim da reeleição e do foro privilegiado logo no início de um eventual mandato. “A dificuldade é fazer a demanda por reformas essenciais vencer os interesses setoriais e corporativos.”

ANJO MAU? O pré-candidato foi questionado sobre como conquistar apoio prévio da classe política equilibrando seu discurso anticorrupção, tido como “ameaçador” à categoria. “Não vou ser um anjo vingador. O que queremos é fortalecer nossas instituições. Quando fui ministro, conversei muito, mas fui sabotado. Há espaço para discussões.”

AI, AI. Moro tomou um “puxão de orelha” durante a conversa por não estar falando “na língua do povo” durante a pré-campanha, como Lula (PT), na avaliação de Paulo Zottolo. Moro concordou e afirmou que o caminho será aplicar temas burocráticos à realidade prática. “A reforma administrativa tem sido focada na redução de custos. Mas se for pensar o que queremos de um governo: escolas de menor custo ou de qualidade?”

MODELO. Moro citou mais de uma vez o presidente francês Emmanuel Macron e seu movimento “En Marche”, sinalizando inspiração de como tem construído sua candidatura: “Na França, o movimento perguntava à sociedade qual França o povo queria É preciso dialogar. Macron rompeu a polarização histórica no País.”

É HORA DE… Direita e esquerda aplaudiram o gesto do ministro da Cidadania e pré-candidato ao governo baiano, João Roma (Republicanos), e do governador Rui Costa (PT), de terem unido forças para lidar com a tragédia das chuvas que atingem o Estado. Os dois estiveram juntos em Ilhéus.

…DIÁLOGO. Em Brasília, cerca de 15 parlamentares da bancada baiana se reúnem com Arthur Lira (PP-AL) nesta terça-feira, 28, para pedir ajuda. Eles apostam na força política do presidente da Câmara para a liberação de recursos. Lira conversou pelo telefone com o coordenador da bancada, deputado Marcelo Nilo (PSB).

TÔ FORA. Para o deputado federal Bacelar Batista (Podemos-BA), a ausência de Jair Bolsonaro no local da tragédia é uma “irresponsabilidade”. “Mais uma demonstração de preconceito com o Nordeste.”

CLICK. Fernando Collor, senador (PROS-AL)

Ex-presidente da República esteve em show da Banda Eva em Barra de São Miguel, próximo a Maceió, com amigos e parentes no último domingo.

CHEGOU… Assim que recebeu o convite para se filiar ao Novo, Felipe d’Avila passou a ser visto como solução para as disputas internas do partido, basicamente dividido entre integrar a oposição ao governo de Jair Bolsonaro e manter posição de independência.

…CHEGANDO. A confirmação da pré-candidatura ao Planalto ocorreu em novembro, em Brasília, quando o cientista político condenou “populismos de esquerda e direita”.

SINAIS PARTICULARES (por Kleber Sales). Felipe d’Avila, presidenciável do Novo

PRONTO, FALEI! Felipe Salto, diretor executivo da IFI

“A que ponto chegamos: consultar a sociedade sobre se crianças devem ou não tomar vacina. O Zé Gotinha deu lugar a uma espécie de Zé do Caixão da vida real.”

ROMANTIZAR O SOFRIMENTO, revista Gama

 


Aílton Krenak, líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro, proferiu a seguinte frase na mesa “Cartografias para adiar o fim do mundo”, na última Flip (Feira Literária Internacional de Paraty):

“A pandemia não vem pra ensinar nada. A pandemia vem pra devastar as nossas vidas. Eu não sei de onde vem essa mentalidade branca de que o sofrimento ensina. (…) Essa ideia, eu não tenho nenhuma simpatia com ela. Se for pra sofrer, eu não quero aprender nada.”

Estudei uns anos em colégio católico. As freiras me aterrorizavam um pouco nos final dos anos 80, apenas a irmã (era hilário chamá-las assim visto que só tenho dois irmãos homens e de repente lá estava eu dizendo “oi, irmã”) da enfermaria era uma pessoa querida e calorosa, o resto era tudo bem macabro. Era tido como algo nobre você tirar 5 minutinhos do recreio pra rezar. Imagine, eu lá pulando elástico (saudades) e de repente “rogai por nós, pecadores”. Quem? Minha letra era feia, cheguei até a ajoelhar num saco de milho que ficava na capelinha pedindo a Jesus, risos, que minha letra ficasse bonita. Obrigada, caderno de caligrafia, por hoje em dia minha letra ser das coisas que mais me alegro em saber fazer.

Outro dia me contaram que nós nascemos com potencial pra genialidade mas no momento em que entramos no sistema escolar atual, essa magistralidade vai drasticamente caindo. O sistema nos padroniza e nos emburrece. E além disso, a depender da escola (e claro, da família) a culpa nos é implantada.

A frase do Krenak abriu uma clareira na floresta do meu cérebro. Sem que eu percebesse, já romantizei o ‘sofrimento’. Meu e alheio

Cresci com ditados, minhas avós são dessas. E muitas vezes nem completam a frase, é só o início “Diga-me com quem tu andas…” E reticências. Ao longo da vida internalizei um desses ditados: “Só me arrependo daquilo que não fiz”. O mundo me induzia a riscos e se eu me arrependesse, ora bolas, seria uma “aprendizagem”, diziam. Sempre fui cautelosa, por criação e astrologia, comecei a beber com 24, veja só. Estou (coluna) prestes a fazer 40 anos. A balança está na minha frente, a pandemia me emburacou, a análise bombou, me sinto grata pela vida e pelos privilégios, mas ando arrependida demais de certas coisas. Pessoas, relações, circunstâncias. Ah, mas eu aprendi, ouço vozes me apontando o dedo, mas e o custo? E o sofrimento? Essa frase do Krenak abriu uma clareira na floresta do meu cérebro. Sem que eu percebesse, já romantizei o “sofrimento”.Meu e alheio. Como se isso fosse bom, como se a força fosse vir daí, dessa dor. Mas ando refletindo sobre quem eu poderia ter sido sem a parte do sofrimento. Qual seria meu alcance cármico, anímico, físico?

Detesto escola e ao mesmo tempo sonho em abrir uma. Não faz sentido? Não sei como anda a metodologia, nem me sinto apta a destrinchar esse assunto, só posso falar do meu ponto de vista e de todo sofrimento em vão que existiu: tanto de bullying, quanto de matérias que eu tive que decorar e que hoje não servem pra nada na minha vida. Seno, cosseno, log. Decorei, colei, passei. Mas saí da escola sem noção dos meus direitos e deveres. Saí sem noção de economia doméstica. Pouco se falava sobre ecologia, preservação, uma ou outra pessoa mais conectada do magistério nos trazia as pérolas, mas era terreno baldio, onde precisávamos capinar muito pra se achar uma planta rara.

“Ah mas eu aprendi, ah, mas eu fiquei forte, ah mas isso me fez quem eu sou hoje em dia.” Passei anos acreditando nisso, e concordando. Preste a encarar uma nova década, estou tranquila e infalível como Bruce Lee em dizer que “eu me arrependo de um monte de coisas”, teria sido melhor não ter vivido várias situações. A verdadeira jornada da heroína é feita de arrependimentos, no baile dos campeões é que não há tempo de repensar, mas, nossa, teria sido bem melhor ter percorrido algumas jornadas sem os horrores.

Que 2022 seja um ano mais possível. Com arrependimentos sinceros e muitas benesses, muitos prazeres

Quando a pandemia começou, pessoas começaram a falar que isso era uma lição pra humanidade, que iríamos aprender muito, eu não sabia o que pensar, até porque o não saber também é um campo ativo, fiquei ali numa vida às vezes horrível, às vezes onírica. Não sabia, não sei. Foquei no amor, na cozinha, nas coisas que me permitem chamar isso de vida.

Esse texto não tem solução, se é que serve de algo é pra te dizer, camarada, que tá tudo bem em se arrepender. É uma merda não poder voltar atrás, mas nem por isso você tem que sair atropelando tudo e seguindo, só porque o relógio/capitalismo te obrigam. Claro que não posso pensar demasiado em condições “e se aquilo não tivesse acontecido, e se, e se”, mas fazer uma visualização de quem eu poderia ser se o sofrimento não tivesse se alastrado já me dá uma catapultada para quem eu gostaria de ser. Quem eu consigo ser. Quem eu posso ser.Que 2022 seja um ano mais possível. Com arrependimentos sinceros e muitas benesses, muitos prazeres. Gozar é bom e a gente precisa.

LETRUX é atriz, escritora, cantora, compositora e uma força da natureza cujo trabalho é marcado por drama, humor e ousadia. Entre seus trabalhos estão o álbum “Letrux em Noite de Climão” e o livro “Zaralha”

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões da Gama.

TCU determina que empresa revele quanto pagou a Moro, FSP

 O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), determinou que a Alvarez & Marsal revele quanto pagou ao ex-juiz Sergio Moro depois que ele deixou a empresa, em outubro, para se lançar na política.

O ex-juiz Sergio Moro durante entrevista coletiva após encontro com senadores, em Brasília - Adriano Machado - 23.nov.2021/Reuters

ARQUIVO VIVO

Dantas acolheu um pedido feito pelo Ministério Público junto ao TCU no começo do mês. E determinou também o levantamento, no Judiciário, de todos os processos de recuperação judicial em que a Alvarez & Marsal atuou no período da Lava Jato.

QUEBRADEIRA

O ministro já afirmou em despacho anterior que atos de Moro "naturalmente" contribuíram para a quebra da Odebrecht –e quer saber se a Alvarez & Marsal foi beneficiada por eles ao se envolver na recuperação da empreiteira e de outras organizações investigadas sob o comando do ex-juiz.

CALENDÁRIO

O ministro solicitou os contratos da Alvarez & Marsal em ordem cronológica, para saber a evolução dos negócios da companhia no Brasil desde a Lava Jato.

PORTA

Ao justificar o pedido de investigação agora acolhido, o subprocurador-geral Lucas Furtado afirmou ser necessário apurar os prejuízos ocasionados aos cofres públicos por "operações supostamente ilegais" de integrantes da Lava Jato e de Moro "mediante práticas ilegítimas de revolving door", ou "porta giratória" –quando servidores públicos assumem postos como lobistas ou consultores na área de sua atividade anterior no serviço público.

OUTRO LADO

Moro sempre negou que seu trabalho na Alvarez & Marsal poderia gerar conflito de interesses. Quando o Ministério Público pediu a abertura de investigações e o valor de seus ganhos na empresa, ele afirmou à coluna, por meio de sua assessoria: "O contrato com a Alvarez & Marsal foi assinado entre partes privadas, de forma regular, e com a cláusula expressa de que jamais atuaria em casos de potencial conflito de interesses. Portanto, jamais trabalhei ou prestei serviço, direta ou indiretamente, para a Odebrecht".

LEIA TODOS OS TEMAS ABORDADOS PELA COLUNA