quarta-feira, 28 de julho de 2021

Ministério da Saúde anuncia estudo para avaliar 3ª dose em vacinados com a Coronavac, OESP

 Júlia Marques, O Estado de S.Paulo

28 de julho de 2021 | 18h07

Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira, 28, que vai realizar um estudo para avaliar a necessidade de uma terceira dose em pessoas imunizadas com Coronavac. O imunizante é desenvolvido por uma farmacêutica chinesa e produzido no Brasil pelo Instituto Butantan.

Coronavac
A vacina contra a covid-19 Coronavac, da empresa chinesa Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan Foto: Alex Silva/Estadão

A pesquisa, patrocinada pelo Ministério da Saúde, será realizada em parceria com a Universidade de Oxford e terá início nas próximas duas semanas. "Não temos publicação na literatura detalhada acerca de sua efetividade (da Coronavac). As respostas precisam ser dadas através de ensaios clínicos", afirmou Marcelo Queiroga, nesta quarta-feira, 28, em entrevista a jornalistas em Brasília.  

De acordo com a pesquisadora Sue Ann Clemens, que coordenará o estudo, é preciso saber a duração da proteção de cada vacina. Para os imunizantes da Pfizer, AstraZeneca e Janssen, diz ela, já há publicações demonstrando a duração da proteção. "Em relação à Coronavac, precisamos avaliar isso. Estudos já mostraram que a proteção começa a cair com 6 meses", disse Sue, brasileira que trabalha na Universidade de Oxford.  

Nesta semana, uma estudo preliminar publicado por cientistas chineses mostrou que o nível de anticorpos neutralizantes produzidos pelo organismo após a imunização com Coronavac caiu depois de seis meses. Ainda não é possível associar a queda de anticorpos à redução da proteção.

O mesmo estudo mostrou que uma terceira dose da Coronavac é capaz de impulsionar novamente a produção de anticorpos, o que demonstra que a vacina induz boa "memória imunológica". Os pesquisadores chineses ponderaram, porém, que a decisão de oferecer uma terceira dose depende de vários fatores, entre eles a oferta de vacinas e a situação epidemiológica do país.  

A pesquisa do Ministério da Saúde será feita com pessoas que tomaram as duas doses da Coronavac há seis meses. Esses voluntários serão divididos em quatro grupos: o primeiro receberá o reforço com a própria Coronavac; o segundo com a vacina da Jansen; o terceiro com a da AstraZeneca e o quarto com a da Pfizer.

Contra racionamento, governo inaugura térmica com energia mais cara do país, FSP

 O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, participou nesta quarta-feira (28) de cerimônia de reinauguração da térmica William Arjona, a usina de energia mais cara do país, com custo de R$ 1.741 por cada MWh (megawat-hora) gerado.

Localizada no Mato Grosso do Sul, a térmica estava parada desde 2017 e a retomada das operações foi antecipada para ajudar a enfrentar a seca sobre os reservatórios das principais hidrelétricas brasileiras.

Para especialistas, a estratégia de enfrentamento da crise, focada até o momento no aumento da oferta, é arriscada e coloca ainda mais pressão sobre a conta de luz, já que contempla a contratação de fontes geradoras mais caras.

Embora use gás natural como combustível, a William Arjona terá tarifa maior do que usinas a óleo diesel, geralmente mais caras. A segunda térmica mais cara do Brasil, Xavantes, em Goiás, tem custo de produção de 1.464 mil por MWh.

O ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) - Alan Santos - 2.fev.21/PR

Em relação a térmicas movidas a gás natural, a diferença é ainda maior. Até o início das operações de William Arjona, a usina mais cara com esse combustível era Araucária, no Paraná, com R$ 1.138 mil por MWh.

A título de comparação, o custo da térmica William Arjona é três vezes superior ao já pressionado valor praticado hoje no mercado livre de energia e mais dez vezes o preço médio de contratação de energia eólica em leilões do governo entre 2005 e 2019, de R$ 152 por MWh.

Em discurso durante a cerimônia desta quarta o ministro de Minas e Energia disse que a reinauguração foi possível graças a esforço conjunto do governo e do Congresso, "que criaram o ambiente para que esse empreendimento pudesse voltar a operar nesse momento tão importante para o setor elétrico nacional".

A térmica William Arjona tem capacidade para gerar 191 MW, o equivalente a metade do consumo da capital do Mato Grosso do Sul. É operada pela Delta Energia, empresa que pertence ao grupo Engie.

O presidente da Delta, Luiz Fernando Viana, disse que a antecipação da retomada das operações é a contribuição da empresa para enfrentar a crise hídrica. "A usina vai contribuir para que o Brasil passe por essa crise sem necessidade de medias extremas", afirmou.

O governo vem buscando usinas sem contrato para reforçar o sistema elétrico até o fim do período seco, quando os reservatórios das hidrelétricas tendem a cair. Nesta segunda (26), o ONS abriu chamada interessados em participar do programa, com foco em usinas a biomassa.

Executivos do setor, porém, mostram preocupação com os efeitos da estratégia sobre a conta de luz, já que o custo dessas novas usinas será rateado por todos os consumidores de energia do país.

Para especialistas do Instituto Clima e Sociedade, a estratégia adotada até agora é "negacionista", ao tentar passar tranquilidade à população enquanto se busca soluções mais caras para tentar resolver o problema.

Em mesa redonda com jornalistas nesta terça (27), o instituto defendeu um esforço para incentivar a população a economizar energia, reduzindo o custo de gestão da crise e o risco de que a escassez de água se mantenha em 2022.

Em entrevista após a reinauguração da usina nesta quarta o ministro voltou a defender que a situação está sob controle. "Isso não é motivo de preocupação para a sociedade", disse, segundo vídeo divulgado pelo MME.

"Não vai faltar energia. Estamos adotando medidas nesse sentido desde o ano passado quando observamos que as afluências das principais bacias hidrográficas estavam muito baixas", afirmou, reforçando estratégia de buscar "todos os recursos que temos dentro do sistema instalado no Brasil".

​O primeiro programa voltado à demanda está sendo finalizado e será apresentado nas próximas semanas, segundo o MME. O programa, porém, tem foco apenas na indústria e na garantia de suprimento nos horários de maior consumo, com o deslocamento da produção para períodos de demanda mais baixa.


Depois de fatiar pasta de Guedes, Centrão agora quer poder sobre o Orçamento, Adriana Fernandes, OESP

 BRASÍLIA – É ponto pacífico que o ministro da Economia, Paulo Guedes, perdeu um naco de poder no seu superministério com a reforma ministerial para dar a cadeira de comando da Casa Civil ao Centrão. Mas a maior disputa de poder na área econômica está em curso e concentrada em outro lugar: o antigo Ministério do Planejamento.

Depois de permitir que o Centrão demarcasse território para si por meio das chamadas emendas de relator, formando um orçamento paralelo sem controle, como revelou o Estadão, as lideranças dos partidos que formam o bloco de apoio ao presidente Jair Bolsonaro querem mesmo é ampliar os domínios sobre a Secretaria de Orçamento Federal, a SOF.

Até aqui, não conseguiram. Mas a pressão segue mesmo após a indicação do senador Ciro Nogueira, presidente do Progressista e hoje o mais poderoso partido do Centrão, para a Casa Civil.

Ciro Nogueira
O novo ministro da Casa Civil, o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI), líder do Centrão Foto: Adriano Machado/Reuters

A ida do ministro Onyx Lorenzoni para o novo ministério do Trabalho e Previdência, que nasce do fatiamento do Ministério da Economia, é a consequência para garantir governabilidade ao presidente. 

O momento é particularmente delicado porque falta um pouco mais de um mês para o envio do projeto de Orçamento de 2022. É nessa hora que o bicho pega na Esplanada para definir quem pode ganhar mais espaço no Orçamento do ano que vem, tempo de eleições em que as verbas precisam ser liberadas mais rápido no primeiro semestre em razão das restrições da Justiça Eleitoral e do próprio calendário da campanha. A gula aumentou como se viu no episódio do aumento dos recursos para o fundão.

A perda da SOF com a recriação do Ministério do Planejamento seria a capitulação da política econômica do ministro da Economia que esteve ancorada desde o início na ideia de que um superministério poderia garantir mais união em torno da implantação da pauta liberal.

Na reforma ministerial, Guedes resistiu, por enquanto, à pressão e está justamente promovendo um enxugamento na secretaria especial de Fazenda, sob o comando do economista Bruno Funchal, para fortalecer a aproximação e integração da SOF com o Tesouro com o objetivo de dar mais agilidade ao coração da área fiscal após a constatação de que o gigantismo da secretaria acabava tirando foco e retardando as respostas. 

À frente do novo Ministério do Trabalho e Previdência, Onyx fica com a responsabilidade de tirar do papel a política de estímulo do emprego, peça de campanha eleitoral fundamental para os planos de reeleição do presidente.

Mas é um equívoco monumental imaginar que Onyx terá mais poder porque tem um orçamento de mais de R$ 700 bilhões, o maior da Esplanada, já que esse é um gasto obrigatório com o pagamento de benefícios que não muda a correlação de forças.

O Fundo de Garantia por Tempo de Serviços (FGTS), que foi transferido da Economia para a estrutura do novo ministério, também não tem muita bala na agulha, já que nos dois últimos anos foram liberados R$ 80 bilhões – R$ 43 bilhões, em 2019, e R$ 37 bilhões, no ano passado.

O que vai pesar nesse equilíbrio de forças é o tamanho da carta que o presidente lhe dará para o pacote do emprego, que em boa parte já foi desenhado pela equipe de Guedes que segue no novo ministério.

Onyx terá de enfrentar o problema de sempre: o financiamento do programa que exigirá bilhões de reais em 2022 e que as entidades do Sistema S não querem pagar.

O teto de gastos, mesmo que mais largo no ano que vem por causa da inflação, continua jogando contra nos projetos eleitoreiros com despesas maiores. De alguma forma, a briga continua rodando o mesmo lugar. A diferença é que o próprio Guedes já disse que vai para o ataque para a reeleição. Vai testar seus próprios limites na hora de abrir o cofre.

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